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terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Pé na estrada: Suiça (Parte 3: Alpes - Jungfrau/Top of Europe)


Tivemos que acordar de manhãzinha, pois apesar da viagem até o destino final não ser tão longa, ela seria composta de várias paradas. Iríamos de carona até a cidade de Interlaken, e de lá pegar o trem que basicamente dá a volta no "circuito" Top of Europe. Explicando: Top of Europe, como o próprio nome diz, é o lugar mais alto da Europa, e faz parte de um circuito de pequenas estações de trem conectadas em torno de uma parte dos Alpes na Suíça. Como essa volta toda demora um bom tempo (normalmente se fica o dia por conta do passeio), precisamos sair cedo pra poder chegar com tempo de curtir tudo - lembrando que nessa época às 5 da tarde já não tem mais sol, e depois disso não seria possível aproveitar muita coisa.

Todo mundo estava no "modo zumbi" durante a viagem de carro, depois de ficar até altas madrugadas jogando video game. Sei que a questão "Mas-vocês-foram-pra-Suiça-jogar-video-game?!" pode eventualmente aparecer, mas nosso amigo tinha um jogo super legal em que os quatro podiam jogar ao mesmo tempo! Só isso já foi motivo pra qualquer turma se esbaldar, e nos divertimos sem pensar no amanhã. Literalmente! Mas ainda assim consegui ver algumas paisagens lindas no caminho, entre uma dormida e outra.

Chegamos em Interlaken antes das 10hs, e os meninos foram comprar os tickets. Talvez não tenha ficado claro, mas o Swiss Pass não dá direito ao roteiro do Top of Europe. Só até a primeira estação (e para a última). O roteiro tem sentido circular, e você pode definir por qual lado partir e chegar (até onde sei não tem muita diferença). Eu acabei comprando o meu com alguma antecedência, pois os coreanos acharam mais um mágico blog onde eles ganhariam um bendito Korean noodle e fizeram a reserva deles por lá, já eu comprei o meu separado. Gastamos um bom tempo na época de reservar isso, pois no ticket padrão você já faz a decisão do roteiro na hora que compra, e tentamos garantir que iríamos todos no mesmo sentido. O que eu não contava é que a mãe do nosso amigo tivesse cupons de 20% de desconto pra usar lá e, uma vez que os coreanos só reservaram, eles puderam cancelar o pedido e usar os cupons. Meu planejamento antecipado acabou sendo uma desvantagem dessa vez. :(

Conseguimos todos encontrar um roteiro em comum (iniciando em Lauterbrunnen), e começamos a subida. Conforme o trem ia rumo ao topo, mais os primeiros indícios de neve iam aparecendo. Fizemos a primeira parada até que o primeiro trem do roteiro em si chegasse. Além de gelo pois não era exatamente neve, haviam muitas lojas pra compra de material pra esqui, restaurantes e alguns hotéis. Meus amigos ainda foram na central de informações turísticas ver se havia como fazer uma das "pernas" da viagem a pé, mas o que informaram é que só com roupa e calçado apropriados seria possível. Como ninguém tinha isso (e eu ainda era o único sem tênis impermeável), todo mundo desistiu da idéia. Andamos mais um pouco, tiramos algumas fotos, e pegamos o segundo trem.

Na segunda parada já pude finalmente encontrá-la! Um mundo de neve na minha frente pela primeira vez na minha vida, onde pessoas andavam, brincavam e esquiavam. Era uma imensidão branca logo ao sair da estação, e mesmo me atolando diversas vezes (e MORRENDO de medo de cair, já que além de tudo meu tênis tem o solado praticamente liso), deu pra me divertir bastante, e finalmente brincar de jogar neve em todo mundo. Na hora de retomar a subida acabamos precisando esperar um segundo trem chegar, poucos minutos após a saída do primeiro, que já havia saído lotado pois era Natal mas isso não desanimou ninguém, pelo visto!

Pegamos o próximo trem, esse tendo o percurso com duração bem maior que os outros, e estando cada vez mais alguns milhares de quilômetros longe do nível do mar. Isso inclusive acabou nos servindo como um experimento meio estranho e engraçado: compramos um "chips" gigante na nossa visita ao supermercado no dia anterior, e conforme fomos subindo, o pacote simplesmente começou a inflar! Mas sério, chegou ao ponto de acharmos que ele ia explodir sozinho!

Por fim a gente decidiu abrir furando um buraquinho, just in case...

Ainda tivemos mais uma parada antes da chegada ao topo, onde numa estação com várias sacadas, era possível admirar a vista já considerável de boa parte das montanhas em volta - e embaixo. Tudo branco, e tudo lindo. Depois de algum tempo (acho que gastamos umas 3 horas desde a saída de Interlaken), lá estávamos nós, na parada final, e a 3454 metros de terra firme. Nessa estação na verdade existe uma "construção", que conta com restaurantes, banheiros e até uma loja da Lindt! Ao sairmos desse "prédio", ainda havia um pedaço onde dava pra ter mais contato com a neve, ver a paisagem e tirar fotos. Nesse momento a temperatura já estava no nível "estou congelando" (acredito eu que já na casa dos negativos), pois foi a primeira vez que senti frio, mesmo com todo meu aparato de inverno, que se consistia de: duas calças, sendo uma de moletom e uma jeans; 4 blusas de frio, de uma mais fina até o meu casaco; meia térmica; luva; cachecol e touca porque não está fácil pra ninguém. Tirei as luvas pra poder tirar uma foto e achei que minha mão iria petrificar. Mesmo assim, haviam uns idiotas irreverentes rapazes asiáticos tirando foto sem camisa lá... Ainda havia uma árvore de Natal enorme e uma bandeira também enorme da Suíça lá marcando presença, e sempre sendo motivo de disputa pra fotos por todos que chegavam.

Já caindo de fome, fomos todos almoçar, e enquanto meus amigos resolveram mesmo encarar o noodle coreano (até o suíço entrou na brincadeira), temi por minhas papilas gustativas e parti pra um sanduíche SUPER simples e que me custou 1 rim e meio. Depois de comer sem pressa, e de uma passada na Lindt, resolvemos já pegar o trem de volta, pois eles estavam disponíveis no esquema "Tele Sena" (de hora em hora). Isso inclusive foi motivo para que pegássemos o trem lotado, e boa parte de nós teve que descer sentada nos degraus da entrada do trem nos moldes de qualquer ônibus lotado pra ir pro trabalho no Brasil. Essa descida foi a mais longa de todas, já que o trem não parava em pequenas estações mais. O cansaço já estava batendo, e nesse momento o sol já se preparava pra se pôr. Após chegarmos a estação de início, pegamos o trem de volta a Interlaken.

Lá chegando, a mãe de nosso amigo já o esperava, e aquele seria nosso adeus a eles, que nos trataram e acolheram tão bem por aqueles dias. Mas a viagem não tinha acabado ali ainda, e estávamos a poucos minutos de embarcar pra mais uma cidade suíça.

Continua...

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