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sábado, 25 de abril de 2015

Da teoria à pratica! Parte 3




Dentro das pendências restantes relacionadas ao intercâmbio, uma das mais importantes ainda era a compra da passagem. Comecei a olhar isso logo que fechei o curso, mas por uma triste coincidência era a época de um "boom" na cotação do dólar, e dessa forma resolvi esperar um pouco. Pra quem não sabe, a compra de passagens aéreas, independente da moeda destino, é sempre em dólar (pelo menos aqui no Brasil, segundo me consta).

Existem algumas companhias que possuem voos do Brasil pra Dublin (com escalas em diferentes países da Europa), mas novamente o fator $$$ falou mais alto. Fiz a cotação diretamente com a agência que fechei o curso, sempre na modalidade "passagem de estudante" (que basicamente permite remarcação da data de volta sem cobrança de taxa, além de alguns dizerem ser um pouco mais barata). Até tentei olhar por sites das companhias e pelo Skyscanner, além de uma verificada com uma outra agência, mas os valores sempre eram beeem maiores. Assim, logo depois do Carnaval, acabei resolvendo isso de vez. Passagens compradas (Gol e Ibéria) no sentido: BH -> São Paulo -> Madri -> Dublin, para o dia 12 de maio.

A escala em Madri vai ser rápida (pouco mais que uma hora e meia), e espero ser o suficiente. Na verdade era isso ou 6 horas indo pelo RJ. Tomara que dê tudo certo! Já me vejo correndo feito um louco no aeroporto pra não perder o voo.

Dentro do meu checklist de coisas a se fazer ainda vieram: comunicar no trabalho sobre minha saída, além de cumprir o mês seguinte referente ao aviso prévio (obs: meu Deus, como é bom se ver livre de algo que já não me agradava há tempos!!!); desfazer de algumas coisas pendentes antes da viagem; check-up médico e odontológico; compra de euros (falo mais sobre isso depois) e por último, mas não menos importante, a compra das malas.

Assim, o processo que se iniciou em Dezembro de 2014 está prestes a se concluir no início de Maio de 2015. O que há alguns meses era uma vontade louca, agora já é uma realidade. O que resta é contar as horas restantes e embarcar num novo momento, que trará recordações e impactos na minha vida como nada mais poderia trazer. Definitivamente não tem mais volta, então vem, Irlanda, que já tô de braços, mente e coração abertos pra te receber! Putz, que clichê!

domingo, 19 de abril de 2015

Da teoria à pratica! Parte 2




Feita a mudança de casa, após alguns dias (um mês aproximadamente), foi hora de começar a olhar as questões de curso, agência, passagens, etc. Apesar de ler sobre boatos de que fazer tudo por conta própria poderia sair mais barato (existem controvérsias), decidi procurar uma agência, mais pela comodidade e segurança mesmo. Apesar de pensar em novamente procurar agências físicas aqui em BH, vi que era prática comum de muita gente que ia pra Irlanda fechar com agências pela Internet mesmo, e resolvi seguir a mesma linha. Essa tal de internet é linda mesmo, gente! Mais ou menos como fiz na época em que estava procurando algo nos EUA, comecei a disparar e-mails pra várias agências de intercâmbio que encontrei e que sabia que trabalhavam com escolas em Galway. Devo ter entrado em contato com umas 20 agências no total, e a maior parte me respondeu rápido.

Até pelo que já havia lido, não tive nenhuma preferência por escola em Galway, já que aparentemente todas (GCI, Galway Language Centre a.k.a. Bridge Mills, e Atlantic Galway) são boas e possuem e selo ACELS, que dá certa segurança sobre a qualidade delas. Assim, o que guiou mesmo foram o $$$ e o custo/benefício. O valor em geral das cotações enviadas na época pelas agências era parecido (normalmente com a GCI um pouco mais cara, e a Bridge Mills, no curso da tarde, a mais barata, além de alguns valores exorbitantes considerando o "nome" de algumas agências), mas o que comecei a valorizar foi o atendimento. Impressionante como existem agências não dão a mínima pra quem está cotando! Os agentes deveriam ter consciência de que seus possíveis clientes estão fazendo um plano de mudança de vida enorme, investindo uma grana suada, e que medo e insegurança vão existir mesmo (e faz parte do processo), e assim, o diferencial pode estar numa atenção a mais dada para o pobre agoniado intercambista. Logo, o conjunto de preço e atendimento acabaram levando à minha escolha final. Descarreguei, durante uns 2 dias, DEZENAS de perguntas via Skype para a agente que mais se mostrou disponível, e todas foram prontamente respondidas.

Como bom mineiro que sou, vou revelar a agência apenas quando chegar na Irlanda e estiver tudo OK, pois do contrário vou xingar muito no Twitter vou falar mal também. Até agora está tudo relativamente tranquilo. É bom citar também que o que me ajudou bastante foi que nessa época (janeiro de 2015), houve um milagre uma queda repentina do euro, e dessa forma, dei um jeito de correr e fechar rápido. Após alguns dias de muitas perguntas e respostas, lá estava o contrato assinado, e os boletos gerados (pior parte, hehe).

Edit dia 17/05/15: Conforme prometido, vai aí a informação: fechei o intercâmbio com a agência Vital Intercâmbios. Tive um ótimo atendimento no momento inicial de tirar dúvidas, e mesmo após, na compra das passagens. Só senti a coisa sendo tratada meio "de qualquer jeito" com o passar do tempo. Tive notícias ruins, como a que eu não poderia ir para a residência estudantil na minha chegada (a agência arrumou um hostel pra que eu ficasse entre quarta e sábado), e boas, como ter alguém me recebendo na cidade, o que não havia sido combinado quando fechei o pacote. Tiveram vários desencontros de informações na minha mudança para a residência estudantil (e se não é o meu inglês e meu "se-virômetro" aqui seria só Jesus na causa), mas o balanço é esse: não foi péssimo, mas não esteve perto de ser ótimo também.

Houve, entretanto, uma dúvida nesse processo que ainda não entendi direito: algumas agências diziam que é obrigatório para conseguir o visto fazer no final do curso algum teste de proficiência, enquanto outras sequer citavam isso. Recebi até um arquivo do GNIB por uma das agências que comprovava isso, e assim, o que ficou no ar é que algumas delas não falam disso, e chegando na escola o aluno tem que desembolsar mais alguns bons euricos. Pra evitar qualquer problema, condicionei fechar com a agência que escolhi a "ganhar" o TOEIC, e acabei conseguindo. Além disso, eles iriam me receber no aeroporto de Dublin e me despachar colocar em um ônibus pra Galway, tudo isso na faixa! O X da questão é sempre negociar, Brasil!

Dessa forma, estavam garantidos: curso de 6 meses na Atlantic Galway (mais TOEIC), seguro governamental obrigatório, 2 semanas de acomodação em residência estudantil, recepção no aeroporto em Dublin, ônibus pra Galway e seguro saúde privado GTA Bronze (quem já sofreu com várias crises de cólica renal a ponto de ter que fazer duas cirurgias sabe que não dá pra contar com a sorte num momento de desespero dor por problemas de saúde).

Assim, mas um item da lista de coisas se fazer para o intercâmbio acontecer estava resolvido!


CONTINUA...

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Da teoria à prática! Parte 1




A partir do momento em que a ideia do intercâmbio tomou mais forma, precisei começar a avaliar o que seria necessário fazer pra sair da teoria e por a mão na massa pra fazer a coisa acontecer. Não lembro a data exata, mas isso foi entre Novembro e Dezembro de 2014. Minha situação naquele momento era: solteiro (recém-separado de uma relação não-oficializada de 2 anos), morando sozinho num apartamento minúuuusculo alugado, estudando inglês e prestes a concluir minha pós-graduação. A lógica era óbvia: iria me formar primeiro, já que faltava pouco, e precisaria voltar pra casa dos meus pais (e irmãos), já que a grana que eu economizaria com certeza me iria ajudar no intercâmbio. Depois de várias mudanças de planos, defini que o ideal seria fazer o intercâmbio em Maio de 2015, o que implicaria em morar por volta de 6 meses com a família novamente.

Tenho pra mim que a decisão de "voltar pra casa" é sempre um tanto complicada porque, na minha situação, por mais que houvesse uma relação muito boa com minha família e soubesse que certamente me apoiariam nessa "volta temporária", acho que ninguém decide sair da casa dos pais pra voltar depois de um tempo. Receio? Orgulho? Medo? Veja hoje no Globo Repórter Sinceramente não sei. Acho que um misto de tudo. Além disso tudo, havia a comodidade de morar sozinho, que seria difícil abrir mão. Mas como comodidade, se morando sozinho você tem que cuidar de tudo??? Bom, realmente tem, mas poder fazer o que quiser, na hora que quiser e do jeito que quiser é algo realmente MUITO bom, uma experiência que recomendaria a todos pelo menos por um tempo. Nos 8 meses aproximadamente em que vivi nessa situação, até pela quantidade de afazeres, raramente me senti de fato sozinho e abandonado (por conta de trabalho, aula de inglês, pós duas vezes na semana, cuidar das coisas de casa, não sobrava muito tempo pra ficar "depressando"). Como morava relativamente próximo da minha família, e os visitava semanalmente, não haviam problemas com saudade. Visitas de alguns amigos também afastavam o "espírito da solidão" (apesar de desconfiar que convivo bem com ele, rs).

Mas no final das contas, a volta pra casa foi o que precisou acontecer. Assim que minhas aulas terminaram (na verdade no dia seguinte), comecei a desfazer das minhas coisas e preparar o "De volta pra minha terra" retorno pra casa dos meus pais. Confesso que foi um pouquinho chato abrir mão do que eu havia conquistado à duras penas nos últimos anos, mas também não sou lá de muito apego e nostalgia, ainda mais quando é para um objetivo futuro "maior".

Como já é de se imaginar, o período inicial de adaptação na volta foi estranho, já que fica aquela situação "é-minha-casa-mas-não-é", mas com o tempo as coisas foram se encaixando. Voltar a dividir quarto, compartilhar banheiro e uma casa em geral foi meio assustador, mas tentei encarar aquilo até como uma preparação para o fim de uma vida menos individualizada fatalmente existente no intercâmbio (tomadas as devidas proporções, óbvio!).

Passar por toda essa mudança com o intuito de salvar grana foi de fato necessário e primordial nesse processo todo. O primeiro item da prática foi (e está) sendo concluído com sucesso!


CONTINUA...

terça-feira, 14 de abril de 2015

A mini-maratona do passaporte




É impressionante o quanto algumas coisas aparentemente simples podem acabar se mostrando mais complicadas quando menos se espera! Meu processo pra tirar o passaporte começou antes mesmo de ter decidido ir pra Irlanda, mas como eu já sabia que o intercâmbio iria acontecer de qualquer forma, tratei de tentar adiantar pra o quanto antes (isso foi no final de outubro de 2014). O procedimento, como muita gente sabe, não é lá muito complicado: você entra no site da polícia federal, preenche um formulário, gera um boleto (DARF) e depois agenda a ida ao local pra efetivamente fazer o bendito documento.

Fiz esses passos todos em menos de uma semana, e consegui marcar a ida no UAI (uma das opções de lugar pra se obter o passaporte aqui em BH) pra meados de novembro, até aí tudo bem. Conferi alguns dias antes quais documentos deveria levar, e como já sabia que meu RG estava completamente detonado, vi que poderia usar minha carteira de habilitação como comprovante de identidade. O porém foi que, chegando no local no dia agendado, lá estava eu empolgado pra dar o primeiro passo do intercâmbio, quando um homem que faz a "pré-checagem" da documentação que as pessoas levam (antes de chamar pra efetivamente "fazer" o passaporte) me perguntou se eu tinha outro documento de identificação, já que minha CNH não valeria, pois era do modelo antigo (só depois fui reparar no site um asterisco explicando isso, ou seja, também foi desantenção minha...). Fiquei MUITO puto na hora, já que não conseguia achar sentido naquilo, e o que o "senhor" me explicou era que nesse modelo não estava detalhado meu nome, local de nascimento e foto AO MESMO TEMPO. O que é estranho é que o certificado de reservista, por exemplo, contém as três coisas, mas simplesmente "não serve" como documento de identificação, segundo me informaram. :'(

Tive que colocar o rabo entre as pernas e simplesmente desistir de fazer o documento nesse dia (e todo mundo sabe que conseguir agendar isso não costuma ser fácil). Só consegui remarcar pro início de janeiro de 2015, ou seja, daí a 2 meses mais ou menos. A sorte é que não tinha tanta pressa pra resolver isso, porque senão...

Já em 2015, no dia agendado, segui o conselho de um amigo e levei uma pasta de documentos necessários, e uma dos "não-necessários". Como documento de identificação dessa vez levei minha carteira de trabalho, mas pasmem: precisei apresentar minha CNH do mesmo jeito, além de até minha certidão de nascimento  ter sido solicitada (?!), mas por sorte estava na segunda pasta.

Depois disso, só precisei mesmo confirmar os dados que já havia preenchido no formulário do site, tirar uma foto na hora não estava preparado psicologicamente pra isso no momento, e aguardar o aviso de que o passaporte já teria saído do forno. Próximo da data estimada, recebi um e-mail (!!!) avisando que já poderia retirá-lo, e pra pegar depois não tive problemas. Mas a moral da história é: nunca conte que Murphy não irá dar as caras, pois é aí que ele aparece...


domingo, 12 de abril de 2015

Falta 1 mês




É isso, oficialmente falta um mês!
Os posts estão em sequência cronológica, mas precisei quebrar a lógica pra deixar esse marco aqui. Falta pouco!
#ContagemRegressiva

Pra onde ir? Parte 4 (ou: Encontrando o destino final)




Final da história que começa aqui, e passa por aqui e aqui

No mesmo momento em que fui percebendo que a Irlanda poderia ser mesmo meu destino, volta e meia lia em vários posts internet afora sobre um tema recorrente: a quantidade de brasileiros no país (e mais especificamente, em Dublin, a capital). O que é completamente compreensível, tendo em vista as facilidades de intercâmbio para o país, e a naturalidade de ter como opção a cidade maior e "mais importante". Confesso que fiquei preocupado com isso (hoje acho que tô menos encanado), e foi quando decidi procurar informações com quem eu acreditava que poderia me ajudar: minha ex-colega de trabalho que estava no momento na Irlanda, precisamente em Dublin.

O relato dela foi bastante incisivo, no sentido de achar que a quantidade de brasileiros realmente estava demais. De tal forma a ouvir tranquilamente pessoas conversando em português pelas ruas, e o alto número de alunos originários de terras tupiniquins, o que segundo ela estava influenciando no seu aprendizado (ou pelo menos ela acreditava que seria melhor não sendo "obrigada" a ter esse contato). Comentou inclusive de um amigo que foi pra uma cidade do interior (Waterford) e que gostou muito. Aqui, uma observação: acho que conheço essa minha "conselheira" o bastante pra pensar que ela é uma pessoa suficientemente inteligente pra não jogar a responsabilidade do seu "sucesso" nas costas das outras pessoas, ou seja, aquilo poderia mesmo estar atrapalhando. Havia a questão de ela estar com o namorado, mas não sei até que ponto isso também influenciava.

No final das contas, esse testemunho me deixou ainda mais receoso. Não que eu ache que não dê pra ter contato com a cultura "irish" ou desenvolver bem o inglês morando em Dublin (também é possível encontrar vários relatos mostrando isso), mas baseado no que me informei, em outras cidades essa possível preocupação não existiria com tanta intensidade. 

Quero deixar claro que não tenho preconceito com brasileiros, e imagino que nos momentos de aperto é quem poderá te estender as mãos com mais facilidade (e a quem eu pretendo ajudar sempre que possível), mas também acho que existem dois pontos que muitas pessoas usam de "muleta" e acabam se limitando, no sentido de não aproveitar o intercâmbio "em toda sua plenitude": quem ainda não tem um nível de inglês relativamente bom (ou tem vergonha de falar e errar), e quem está tendo a primeira experiência de viver longe de pais/parentes e de repente se tornam "donas do próprio umbigo". A minha avaliação hoje é de que essas pessoas provavelmente sentirão o "perrengue" com mais facilidade, e pra tentar manter uma mínima "zona de conforto", acabam vivendo o mais próximo possível da vida que levavam no Brasil. O meu conselho nesse caso (afinal foi o que eu acabei fazendo) é tentar ir, pelo menos, com uma bagagem relativamente tranquila da língua. Acho MESMO muito corajoso quem vai pra um país que fala outra língua sem saber nada ou quase nada, pois seria uma coisa que eu jamais faria já que sou um bundão e não arriscaria tanto.  Como disse, isso tudo é achômetro baseado no que li/assisti/ouvi, e no que penso ser verdade baseado em alguns argumentos. Pode ser que eu quebre a cara completamente chegando lá, mesmo já tendo em mente que generalizar é burrice, e que não é todo mundo descrito nas características acima que vai necessariamente se limitar.

Voltando ao assunto principal, depois de analisar e pensar sobre tudo isso, decidi mesmo começar a procurar por outras cidades na Irlanda, e as que entraram na minha lista (basicamente por serem grandes, apesar de menores que a capital) foram: Cork, Limerick e Galway. Minhas avaliações sobre os locais foi um pouquinho mais "profunda", mas vou detalhar aqui como uma visão geral.

É bastante complicado achar muita informação sobre essas cidades, principalmente quando se compara ao que há disponível referente à Dublin. Dessa forma, achei pouquíssima coisa sobre Cork, mas a quantidade de escolas (se não me engano, duas), e uma impressão da cidade ser mais fria (e quando digo fria é tanto clima quanto pela interação entre as pessoas como um todo) não me animou muito. De novo corro o risco de soar preconceituoso aqui, mas novamente, pela visão que consegui ter da cidade pelas buscas na internet, essa foi a impressão que tive.

Depois veio Limerick. O preço das escolas (ou da escola, pelo que vi), acomodação e custo de vida era bem baixo comparado à Dublin. Mas a escassez de informações (apesar de ter um brasileiro com uns vídeos no Youtube sobre a cidade e que foi bastante solícito ao me esclarecer umas dúvidas), uma fama aparentemente antiga de ser uma cidade perigosa, e a questão de haver apenas uma escola, a qual parecia ter mais ênfase no máximo até o nível intermediário de inglês, acabou diminuindo meu interesse.

E além dessas, tinha Galway. Ainda não é/era possível encontrar tanta coisa a respeito da cidade, mas sabe paixão à primeira vista? Tudo que li sobre a cidade me agradou! Além disso reparei uma característica que não vi em nenhum outro lugar: nunca encontrei um relato de alguém falando mal de lá (nem em português nem em inglês). Muito pelo contrário! Pessoas sempre dizendo o quanto a cidade é acolhedora, bonita, jovem, cultural, enfim, única. Isso não poderia ser um mal sinal, certo? Com três escolas de alto nível disponíveis, e com um custo de vida um pouco mais baixo que Dublin (podendo optar por dividir casa ao invés de dividir quarto na capital), essa definitivamente parecia a opção ideal!

Ainda nessa fase de "lua de mel" com a cidade, encontrei o canal no Youtube Time to plant things. Aparentemente estavam começando a postar vídeos, mas as informações que o casal Anne e Cauê mostravam e ainda mostram (e com muita qualidade), só me fizeram ter ainda mais entusiasmo por essa bela cidade no Oeste da Ilha Esmeralda.

Assim, depois de todo esse processo de definições e planejamentos (que envolveu dias e mais dias de conversas com amigos, parentes; e noites e mais noites de insônia), alguns olhares de aprovação e outros nem tanto, e munido apenas do desejo do "desafio do novo", meu futuro começava a tomar forma, de uma maneira que até pouco tempo eu jamais poderia imaginar.

Pra onde ir? Parte 3 (ou: A ilha dos leprechauns)




E o relato da história que começa aqui e aqui continua: 

Um país frio, medieval e com um monte de pubs e consequentemente gente bêbada pra todo canto. Essa era a minha visão da Irlanda antes de pensar em ir pra lá. Conhecia algumas pessoas que já haviam estado no país, incluindo um ex-colega de trabalho que há pouco tempo havia saído de onde trabalhávamos, e com que me dava bem, apesar de nunca ter demonstrado muito interesse sobre seu intercâmbio. Alguns conhecidos, uns parentes meio distantes, e uma outra ex-colega de trabalho (outro emprego) que estava naquele momento na Irlanda.

Comecei a procurar informações sobre o país, e já fiquei impressionado com a quantidade de coisa que há sobre a Irlanda, principalmente feita por brasileiros. Blogs, sites, portais, vídeos e canais no Youtube, podcasts, enfim, informação a respeito não faltava. Com isso, fui percebendo o quanto era simples fazer intercâmbio por lá, basicamente por conta do processo de visto ser mais simples e com praticamente zero risco em comparação com os EUA. Mesmo com uma moeda mais valorizada, o custo de vida em geral não parecia nada de outro mundo, e ainda havia a possibilidade de poder trabalhar durante o intercâmbio!

Lembrando novamente, todas as buscas que fiz para os outros países também envolviam o já tão falado "curso na área", que sempre tive interesse em fazer. Logo, pra considerar a Irlanda de vez, foi hora de mandar e-mails pra algumas escolas que ofereciam o "short course" que tenho interesse. Encontrei alguns, de preços e durações diferentes, mas o importante nesse momento era basicamente saber que isso existia lá, já que só pretendo fechar isso quando estiver em solo irlandês. O grande ponto nesse caso é que indo pra Irlanda eu teria também que fazer um curso de inglês pra obter o visto na duração que me interessava (1 ano, apesar do curso ter duração de 6 meses), e talvez isso possa soar estranho, já que comentei sobre o meu conhecimento na língua. A questão é que pra ser bem sincero, nunca acreditei que o que sei fosse suficiente pra conseguir ter meses de aula com conteúdo técnico (fazendo somente o tal curso, como eu considerava inicialmente), e conseguir captar tudo que precisava, apesar da minha professora dizer o contrário. Assim, poder ter um semestre de aulas de inglês e depois fazer um curso desse tipo soava mais prudente pra mim.

Acho que deu pra perceber como tudo começou a se encaixar dentro do que eu queria, né? O que talvez pudesse estar pendente era: seria a Irlanda um país interessante PRA MIM? No sentido de viver um ano, numa cultura que até então eu não conhecia, num continente com tantas oportunidades (e digo isso no bom e no mau sentido)? Isso eu só fui descobrindo (e ainda estou a cada dia, mesmo sem ter chegado lá ainda), por meio de todas essas informações e pessoas com que fui interagindo. Fazendo um checklist: sempre me interessei por coisas "cult" (esse é um conceito meio difícil de explicar né?), e na minha cidade, apesar de não ter tantos exemplos dessa "característica", sempre curti ter contato. Sobre artefatos históricos em geral, mesmo sabendo que a Europa é mais do que só isso, nunca me aprofundei muito, mas sempre achei interessante e instigante (e pelo menos 90% dos RPG's de SNES que passei minha infância/adolescência jogando se passavam em ambientes com características do "Velho Mundo", hehehe). Além, claro, da possibilidade de conhecer diversos países próximos, sabendo que pra boa parte deles é possível viajar com custo bem baixo, é interessante pra quase todo mundo. Esses motivos estão parecendo ridículos mas na minha cabeça fazia sentido.

Ou seja, ainda que indiretamente, achei que haviam elementos nessa "pacote" que poderiam me interessar e justificar a minha ida essa justificativa seria pra mim mesmo, tá?. Enfim, tentando juntar a possibilidade de uma boa oportunidade pro meu futuro profissional (inglês e mudança de àrea de atuação) e pessoal (experiência de uma vida nova, num país novo, com cultura nova, e tudo mais novo num momento adequado), defini que esse realmente poderia ser o meu destino. Mas ainda faltava definir pra onde ir "dentro" da Irlanda, e isso fica pra parte final dessa série.


CONTINUA...

terça-feira, 7 de abril de 2015

Pra onde ir? Parte 2 (ou: Pensando na terra do Tio Sam)




Continuando a história que começa aqui

Comecei a receber respostas das universidades americanas, pipocando e-mails o tempo todo por alguns dias. O problema era basicamente o mesmo: como os cursos tinham uma frequência menor (uma a duas vezes na semana), eles não me dariam direito ao visto de estudante nos EUA, o bendito F1 que obriga atualmente que se tenha pelo menos 18 horas de aula por semana. Os raros locais que se encaixavam nessa regra eram muito caros. 

Nesse mesmo instante, comecei a verificar quais os requisitos para conseguir o tal visto de estudante nos EUA, e oh: é uma burocracia sem fim (principalmente quando se compara com a Irlanda, né?)! Dentre outras coisas, você precisa normalmente "submeter" uma aplicação para o curso (lembrando que o curso que eu queria seria um "short course", não chegava a ser uma pós, mestrado, etc.) e a escola deveria ou não te aceitar. Com isso, teria de comprovar que possuía dinheiro suficiente para se manter lá, por meio de extratos de contas, documentações relativas à sua renda, etc. Além disso tudo, sempre indicavam, conforme pesquisei, que se comprovasse alguma ligação com o país de origem. Mas se eu estava disposto a abrir mão de tudo que tinha adquirido aqui pra fazer o intercâmbio (o que não é muita coisa), não sobraria muito pra mostrar ligação a não ser a família, né? Como eu não sou ryco tinha muita grana, até cogitei a possibilidade de encontrar um "patrocinador" (opção válida no caso em que você não comprove renda, e que teria o efeito de alguém que te bancaria. Em linhas gerais, como um fiador), mas no meu caso precisaria envolver parentes não tão próximos, e acabei desanimando.

Já quase desistindo, ainda tentei olhar algumas opções em que eu pudesse fazer o curso E aulas de inglês para completar as horas solicitadas, mas a burocracia com o visto (e o medo ENORME de tê-lo negado, e com isso o sonho ir por água abaixo) além do preço nas alturas tio Obama não colaborou nessa, cheguei a conclusão de que não iria rolar pra lá mesmo.

A partir desse momento, abri completamente o leque de opções: comecei a pesquisar por quase todos os países de língua inglesa onde fosse possível fazer intercâmbio: Inglaterra e Reino Unido em geral (muito caro, por conta das libras); Canadá (caro e com certo risco de visto negado como nos EUA); Austrália e Nova Zelândia (mesma situação do Canadá, mas ainda mais caro); África do Sul (moeda desvalorizadíssima, daria até pra fazer uma pós, mas fiquei em dúvida quanto à relevância do curso); Malta (meio "meh" pela relevância também) e Irlanda (pois é, tinha a Irlanda)...


CONTINUA...

sábado, 4 de abril de 2015

Pra onde ir? Parte 1 (ou: O início da jornada)




Quero fazer um esclarecimento relativo ao último post, e também a esse, então, abre parêntese: como talvez já tenha dado pra perceber pelo que contei até agora, tenho um certo conhecimento a respeito de inglês. Esse conhecimento não é enooorme, mas penso hoje que ele aliado a um pouco de cara de pau coragem, seria suficiente pra me virar. Como disse antes, me interesso pela língua praticamente desde que me entendo por gente, minha profissão demanda que se tenha conhecimento de inglês, tanto no desenvolvimento de código-fonte (não quero entrar no tecniquês aqui, mas um exemplo é esse tanto de palavras que aparecem se você apertar Control + U no seu navegador agora) quanto em material pra estudo de tecnologias. Esse conhecimento não é necessariamente obrigatório na minha área, mas tenho pra mim que ninguém consegue realmente aproveitar e aprender sobre TI se ficar apenas preso no português. 

Além do estudo desestruturado e não-frequente que tive de forma autodidata vida a fora (era sempre próximo das professoras de inglês na escola, mas inglês de escola não conta tanto, né?), fiz um semestre de aulas de inglês num curso de extensão na UFMG aqui em BH. Depois de um ano mais ou menos, iniciei aulas particulares com uma professora conhecida de vários colegas do meu antigo trabalho. Tenho (ainda) essas aulas por quase dois anos, e acredito que foi onde meu inglês (principalmente speaking e grammar) deslanchou. Segundo a "teacher", meu nível atual é upper intermediate. Pronto, parêntese fechado.

Quando a ideia de intercâmbio começou a ficar mais viva na minha cabeça (e depois de cansar de esperar por alguma notícia do CsF como disse aqui), meu foco era de encontrar um curso voltado pra área que tenho interesse em me focar profissionalmente hoje. Pra ficar mais claro numa visão geral, atuo hoje mais numa área técnica, mas meu interesse é me direcionar mais pra área de gestão/liderança/projeto/whatever. Iniciei essa mudança fazendo uma pós, mas ainda preciso de um complemento mais focado no que quero (gestão de projetos). Com isso (e com o incentivo da minha professora/amiga de que eu daria conta de aulas desse tipo de conteúdo em inglês), comecei a pensar em fazer o bendito "curso na área".

Minha primeira opção sempre foi ir para os EUA. Como disse antes, da mesma forma que não me sinto lá muito "envolvido" com a cultura brasileira, me interesso por diversas coisas da cultura americana (o que é normal, visto que é uma cultura bastante imposta difundida mundo a fora, mas me vejo mais interessado do que a maior parte das pessoas, pelo que observo).

Dessa forma, e sem saber nada a respeito de intercâmbio para os EUA em meados de outubro de 2014, lá fui eu atrás de três agências de intercâmbio aqui em BH, por indicação de um amigo que já tinha feito intercâmbio pra lá, mas na modalidade work and travel. Em um só dia visitei todas, e tentei obter o máximo de informação possível, o que não foi nem um pouco suficiente, já que elas tinham aquele espírito de vendedor-que-quer-te-empurrar-mercadoria-guela-abaixo, com mais ou menos intensidade, e isso acabou me deixando meio perdido. Basicamente o que recebi foram opções para: (1) universidades na Califórnia ou (2) para cursos relacionados à tal área que eu queria (feitos em escolas de inglês WTF?). Mas havia um porém: ou eram muito caras, ou por um período que eu achava pouco (em média 3 a 6 meses), ou ainda as duas coisas. Algumas dessas opções conciliavam inglês + curso da área.

Com essa situação em mãos, vi que desse mato não sairia cachorro não iria rolar. Nada realmente me agradava! Assim, comecei a procurar diretamente por cursos diretamente em universidades americanas, e por minha conta. Devo ter enviado e-mails pra umas 30 universidades, entre Community Colleges, Universities, etc. Mas mal sabia eu que essa novela estava apenas começando...


CONTINUA...

Intercâmbio. Por quê?




Essa é uma dúvida que pode pairar na cabeça de muita gente. Por que largar uma vida tranquila, rotineira, sem lá muitas preocupações e relativamente estável, por um futuro totalmente aberto por um tempo, num país diferente, com língua e cultura diferentes das suas?

Podem haver algumas respostas: Talvez seja justamente pela vontade de mudar? Talvez até por um sonho? Conheço relatos de várias pessoas que sempre tiveram o sonho do intercâmbio desde sempre, bem como outros que decidiram "dar um tempo", basicamente guiados pela ideia de aprender ou aprimorar uma segunda língua.

Confesso que nunca tive esse tipo de plano para minha vida. Muito pelo contrário, pois há pouco mais de um ano, eu estava caminhando muito mais pra uma "vidinha de casado" do que para abrir mão de tudo em troca de nada do desconhecido.

Dois pontos, entretanto, acho que colaboraram muito: minha ligação com o inglês (esse sim, praticamente a vida toda, já que a primeira vez que me lembro de realmente ter me interessando eu ainda tinha 11 anos, além do contato diário já há alguns anos, por conta da minha profissão), e o fato de me sentir de certa forma "deslocado" no Brasil. Vou detalhar bem aqui porque não quero ser mal interpretado com relação a isso: Não penso MESMO que meu país seja um lugar péssimo, e que "país de primeiro mundo" é o que eu mereço. Gosto do Brasil (bem como reconheço diversos problemas nele). O problema aqui é não me sentir parte no sentido de ver do que as pessoas gostam e em que se interessam. Sei que isso tudo pode soar estranho e auto xenófobo (existe isso?!), até porque eu nunca viajei pra outro país, e meu planejamento hoje é de estudar um ano fora E voltar (apesar do meu desejo enorme de trabalhar em projetos internacionais, mas por uma empresa brasileira). O fato é que não me sinto um "brasileiro típico": seja com relação à música, esporte, religião, cultura geral, e hábitos comuns das pessoas. Não me sinto interessado pelas mesmas coisas que maior parte das pessoas ao meu redor (família, trabalho, amigos, conhecidos, desconhecidos) sentem, e olha que percebo isso não é de hoje! Posso estar delirando, e ao chegar "no estrangeiro" ver o quanto me identifico com meu país, mas minha sensação hoje (e já há um bom tempo) é essa.

O brasileiro típico
(adicionaria mais futebol, mais sertanejo universitário e "pau de selfie")

Voltando: no final das contas, o que me guiou mesmo a realizar o intercâmbio foi um momento de grande estagnação pessoal e profissional na minha vida (também pode parecer ridículo um cara de 25 anos dizer isso, mas foi mesmo por aí). Quando coloquei na balança um emprego que praticamente nunca me satisfez e que, tentando encontrar outro, por inúmeras vezes (MESMO) só dei com a cara na porta, além do término de um relacionamento que tinha mudado muito minha vida, foi onde realmente percebi que nada me segurava aqui (desculpe família, mas posso ter contato e ver vocês com frequência estando de longe e ninguém morrerá por isso, rs).

Assim, quando num belo dia (acho que em meados de agosto de 2014), depois de avaliar minha vida pela milésima vez enquanto dirigia pelo trânsito caótico de BH, e enquanto cantava feito um louco como sempre faço quando dirijo, a ideia de intercambio começou a povoar a minha mente. Já que mal sabia como essas coisas funcionam, na época minha intenção era tentar o Ciência Sem Fronteiras na modalidade de "Mestrado Profissional". Essa era a única que me interessava, já que não tinha cunho científico e não precisaria de vínculo com universidade. Eu precisaria ter um certificado de proeficiência em inglês (que não tenho até hoje) e já estava até disposto a estudar para consegui-lo. No final da história, pelo menos desde que essa ideia surgiu, nunca mais foi aberto um edital para essa modalidade e eu fiquei chupando dedo. :(

Pra encerrar, minha vida continuou no mesmo marasmo rumo meses afora, e num novo momento de "pensar no futuro", meio que me fiz concretamente a pergunta-título desse post. Pra ser sincero, logo em seguida me perguntei: "Por que não?". A resposta? Bem, essa resposta eu ainda não achei.