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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Pé na estrada: Itália (Parte 2 - Veneza)


Continuando a história que começa aqui.

Após madrugarmos pra pegar o trem em direção a Veneza, foram por volta de 3 horas de viagem até o destino. Não sei se por conta do sono que estávamos, ou do trajeto em si, mas acabei não vendo muito glamour nem paisagens estonteantes pelo pouco que consegui observar enquanto estava acordado fazendo essa viagem de trem.

Assim, chegamos em Veneza por volta das 9 e pouco da manhã, e dessa vez sem ninguém pra nos receber. A estação que descemos, bem como a "parte da cidade" em que nossa acomodação ficava, se chama Veneza Mestre. Pra quem não conhece, uma pequena explicação: Veneza é basicamente dividida entre a parte "famosa" e a parte mais industrial e residencial (fora da rota das águas e que simplesmente se parece com uma cidade comum). A grande jogada é que grande parte das pessoas que viajam pra Veneza e é pobre não quer gastar muita grana, normalmente se hospeda em Veneza Mestre, que fica a poucos minutos de ônibus da parte principal da cidade. Ônibus esses que possuem uma frequência muito grande. No nosso caso, o B&B ficava a um minuto da parada de ônibus para ir e vir de Veneza "não-Mestre", e levávamos por volta de 10 minutos de ônibus pra chegar até a parte central. Nada mal, não é?

Como estava dizendo, chegamos pela manhã na estação de trem, e após alguns longos minutos tentando encontrar uma wifi grátis pra pegar as coordenadas da acomodação (sem sucesso, tendo que ativar meu 3G em roaming e morrendo de medo dos meus créditos acabarem), conseguimos chegar lá sem muito esforço, pois conforme escolhido quando planejamos, o B&B ficava a menos de 5 minutos da estação.

Obviamente o lugar não tinha nem de longe as mordomias que tivemos na casa do nosso amigo em Como, mas colocando na balança a organização, a distância até a parte principal e até o café da manhã (bastante justo pelo que foi pago), gostei bastante do B&B Col Moschin, e achei uma boa opção de custo-benefício. Chegamos por volta de 2 horas antes do horário inicial de check-in, mas nos permitiram entrar e ajeitar nossas coisas sem problemas.

Depois disso e de tomar um generoso café da manhã porque ninguém é de ferro, compramos os tickets de ônibus para os 2 dias que passaríamos lá, e fomos desbravar Veneza. O ônibus chega próximo a Estação Santa Lucia, a parada de trem dessa região de Veneza, enorme e bem bonita. Bastou botar o pé pra fora do ônibus pra se iniciarem os momentos "Uau!". Veneza é uma cidade linda e com certeza única, diferente de tudo que já vi e provavelmente vou ver na vida.

Em boa parte da localização principal de Veneza simplesmente não existem ruas ou avenidas. É tudo água! Assim, os meios de locomoção são mesmo os barcos, sendo possível encontrar lá, além dos particulares, "barcos-táxis", as famosas gôndolas (basicamente usadas pra passeios curtos e com propósitos "românticos"), e o Vaporetto, que em linhas gerais seria o popular "busão".

Quando iniciamos o planejamento, fiquei um pouco relutante em gastar por volta de 30 euros em um ticket de 48h pra ter acesso ilimitado ao Vaporetto, mas chegando lá percebi que seria simplesmente impossível me movimentar pela cidade sem ele. Logo, comprarmos o tal ticket e já fomos pra primeira estação. Essas estações, que estão na beira do Gran Canal (basicamente a "avenida principal" de Veneza), são onde estão disponíveis várias linhas do barco, cada uma seguindo em um sentido, e com diferentes paradas e às vezes até destinos (mas todos pré-fixados, como ônibus mesmo). 

Outro ponto imprescindível é comprar um mapa. É muito simples se perder em um lugar que não se conhece, mas em Veneza, onde a parte de terra é basicamente composta de corredores que às vezes parecem labirintos, caminhar sem ter como se guiar lá é tarefa praticamente impossível. Logo, mesmo amargando 3 euros no mapa oficial vendido nas cabines onde se compram os tickets pro Vaporetto, não tivemos muita escolha.

Pegamos o primeiro Vaporetto na direção contrária à correta (ele estava no penúltimo ponto e fomos pro último dah!), visitamos um mercadinho, e pegamos outro na direção certa. Sentamos na parte exterior e não-coberta dele (recomendo, pois mesmo podendo ter o sol na cara, é possível ver tudo mais de perto) e fomos rumo à "Piazza di San Marco", um dos famosos pontos turísticos em Veneza. Foram por volta de 20 minutos, onde pudemos andar por uma parte considerável do Gran Canal, e consequentemente ver do barco boa parte da cidade, que é bonita ao ponto de não importar de que ou de onde se tira foto, sempre fica legal! O clima estava maravilhoso, e deu pra celebrar o calor novamente.

Chegando na Praça de São Marcos, vimos uma multidão de gente. A praça é enorme, cercada por museus, cafés, e as famosas Torre do Relógio (que marca além das horas, o dia, a fase da lua e o signo do zodíaco correspondente) e a Basílica de São Marcos. Após darmos uma volta ao longo da praça, decidimos desbravar os corredores de Veneza além da praça, que a essa hora era possível ouvir uma sinfonia de violinos vinda de um restaurante ao redor é muito amor.

Gastamos intermináveis horas andando ao redor das lojas de souvenirs que meus amigos fizeram questão de visitar (nem tudo são flores ao se viajar em grupo, né?), e depois de um tempo procuramos algo simples pra comer. Encontramos um cantinho em uma "viela" e ali mesmo tivemos nosso almoço enquanto assistíamos as gôndolas passando. Depois de mais uma volta pelas lojas, retornamos à Praça pra tentar visitar algo.

No meu roteiro estavam incluso locais como o Campanário e o Palácio dos Dodges (ambos localizados na praça), mas por um misto de ter que pegar fila, desembolsar uma graninha e um pouco de desinteresse dos meus amigos, acabamos visitando apenas a Basílica, que era de graça e não tinha uma fila enorme naquele momento. Não é preciso dizer que o interior é muito bonito, e novamente a riqueza de detalhes é de deixar qualquer um de queixo caído.

Após sairmos de lá, sentamos à beira-mar numa espécie de "estacionamento de gôndolas" (e não, não fizemos esse passeio porque não sou obrigado a pagar 80 euros por 40 minutos de entretenimento e ter que vender um rim pra isso) e engatamos um longo assunto sobre religião, especificamente Cristianismo. Como já disse, meus amigos são coreanos, e no país deles religiões que seguem essa "linha" não são extremamente populares, ainda que um deles seja de igreja protestante. Ou seja, tive mais um daqueles momentos de diferenças culturais que tanto gosto de observar e, mesmo não sendo seguidor do Catolicismo, acabei explicando boa parte dos conceitos que aprendemos no Brasil, maior país católico do mundo. Me senti meio que na obrigação de compartilhar essas informações, pois tendo visitado (e ainda por visitar) tantas igrejas Itália afora, muita coisa pra mim fazia sentido, mas aparentemente pra eles não. Além disso, discussões filosóficas do tipo "Por que as pessoas acreditam em Deus?" ao cair da tarde enquanto brincava com água em Veneza não é algo que eu chamaria de ruim, hehe. 

Depois disso, demos uma passada pela tantas vezes mal compreendida Ponte dos Suspiros (o contexto diz que não tem nada de romântico), resolvemos começar a pensar em um lugar pra jantar e voltar pra casa, pois o cansaço por não ter dormido direito na última noite já batia. Acabamos descobrindo que o sentido de volta do Gran Canal estava parcialmente interditado, e teríamos que andar um bocado até a próxima estação livre. Acabou não sendo uma experiência de todo ruim, pois encontramos um pequeno museu de instrumentos musicais super legal no caminho, assim como um grupo de senhoras e senhores dançando músicas típicas em trajes elegantes numa praça.

Dança típica no final da tarde em uma pracinha em Veneza: <3

Após algum tempinho de Vaporetto, chegamos na parada da estação de trem (Santa Lucia) e fomos procurar algum lugar pra jantar. Um dos meus amigos sugeriu procurarmos um restaurante super recomendado em um blog coreano, e iniciamos uma jornada de mais de uma hora literalmente andando de cima pra baixo pelos corredores e pontes de Veneza, tentando encontrar o tal lugar. Passamos diversas vezes nos mesmos locais, e mesmo pedindo informações não conseguíamos localizá-lo. Após um longo tempo, cansados e morrendo de fome, encontramos o restaurante: F-E-C-H-A-D-O! Lembram quando citei do restaurante recomendado pelo meu amigo italiano que também estava fechado em Como? Pois é, aguarde que tem mais.

Devoramos nossas comidas no primeiro restaurante mais ok que achamos (eu pedi uma pizza e veio algo enooooorme!), e ainda ganhamos uma taça de vinho branco for free. Fomos pra estação pegar o ônibus de volta e encerramos o dia não muito tarde.

Nosso segundo dia começou relativamente cedo, e depois de um bate-papo com dois russos que conhecemos ao tomar café-da-manhã no B&B e levarmos um leve esporro porque só poderíamos permanecer no local por 15 minutos pra não ocupar lugar, partimos em direção à Veneza, dessa vez com foco no outro lado do Gran Canal, que não visitamos no dia anterior. Para isso, e juntando o útil ao agradável, pegamos o Vaporetto rumo à Ponte Rialto, um dos cartões postais de Veneza. O triste é que metade da ponte estava em reforma e não deu pra vê-la em sua totalidade. Aliás, um ponto interessante nessa questão de monumentos que estavam sendo reformados pelos lugares que visitamos (inclusive Milão) é que eles sempre colocam um pano pra cobrir o local que está sendo reformado, mas esse pano sempre tem o "desenho" original da área que está sendo trabalhada, ou seja, pelo menos de longe você sequer consegue perceber que não é de fato o monumento completo. Ideia bem legal essa.

Cruzando a ponte, fomos ao lado oposto, também lotado de lojas de souvenir, especialmente com produtos de Murano, uma das ilhas pertencentes ao "complexo" de Veneza, muito famosa por seus objetos feitos com vidros coloridos e modelados. Nesse momento resolvemos seguir uma das dicas que inseri no meu roteiro: se perder por Veneza. Por mais que isso pareça conselho fútil de patricinha blogueira de moda, realmente é algo muito interessante de se fazer, especialmente quando você já entende a "mecânica" da cidade. Obviamente munidos do mapa, nos enfiamos pelos corredores afora e, apesar de ter o objetivo de chegar na "Galleria Della Academia" (outro ponto turístico), andamos por mais de meia hora tentando apenas manter a direção correta. Isso nos permitiu passar por vários locais bem interessantes e mais escondidos, inclusive uma área mais residencial ainda que bem próxima da "muvuca" central, e um "barco-sacolão", típica coisa só possível de se ver lá.

Ao chegarmos na Galleria, a surpresa: sendo segunda-feira, a entrada era permitida apenas até o meio-dia, com tickets comprados até meia hora antes. Estávamos 15 minutos atrasados #Chateado. Com isso, tentamos nos reprogramar e, enquanto nossa amiga queria visitar o museu Peggy Guggenhein, decidi optar por outro item da minha lista: a igreja Santa Maria della Salute.

Após alguns bons minutos andando, encontramos uma vista bem bonita (já que a igreja ficava com sua entrada virada para o Gran Canal) e outra novidade: a igreja estava fechada para visitação no "horário do almoço" e só estaria aberta dali a uma hora. Desisti. Apenas. #Chateado².

Após uma visita a uma "kebaberia" super em conta pra almoçar, reencontramos nossa amiga, mas dessa vez era meu amigo que queria ir em direção à Lido, outra ilha onde ocorria uma Mostra Internacional de Cinema de Veneza. Pegamos o Vaporetto de novo, e após quase meia hora chegamos lá. Essa ilha já tem um "trânsito" de verdade, com carros e ônibus, mas a verdade é que eu não achava muito prudente gastar um pedaço dos meus 2 dias em Veneza indo assistir filme. Dessa forma, deixamos nosso amigo por lá, com a promessa de nos encontrarmos mais tarde, e nos direcionamos para as ilhas Murano e Burano.

Após mais quase meia hora, chegamos em Murano. Apesar de bastante parecida em estrutura com a parte central de Veneza, ela é bem menos movimentada, e as construções encontradas são basicamente casas dos moradores locais. Existe a famosa fábrica de vidro onde os objetos vendidos são criados, mas confesso que não aguçou muito minha curiosidade, então basicamente parei pra tomar um gelato sempre há tempo pra mais um gelato, passamos em uma igreja simples e demos uma volta pela ilha. Tivemos um fato engraçado, pois as ilhas fora da parte central de Veneza não são tão detalhadas no mapa, então eu e minha amiga basicamente nos perdemos em uma pequena rua que desaguava no mar. Encontramos dois pescadores que não falavam inglês, e só sabiam nos apontar onde era o aeroporto. Detalhe: era em outra ilha, além do mar. Amigo, ainda não aprendi a caminhar sobre as águas.

Já tinha lido que as visitas a essas ilhas não valiam muito a pena, pois não tinham nada demais, e foi exatamente essa a minha sensação em Murano: nada em especial. Aproveitando que já estávamos no meio do caminho, partimos em direção a Burano, com a intenção de vermos algo mais interessante.

Burano é ainda menor que Murano, e na verdade não tem nada além de casas, e pouquíssimos restaurantes e lojas. O legal, entretanto, é que todas as casas têm paredes coloridas, o que dá um contraste bem legal, e deixa a cidade com um ar "fofinho". Cruzamos a ilha até uma parte onde se via o mar, e curtimos o pôr do sol com uma paisagem maravilhosa (tentamos tirar foto mais foi meio fail).

Tentando e falhando ao fazer pose no pôr do sol

Depois de corrermos um pouco pra pegar o próximo Vaporetto, já que nessas ilhas a frequência deles é menor (por volta de 30 em 30 minutos), precisamos fazer baldeação pra pegar outro, e essa viagem toda de volta pra parte central (após voltar pra Lido e pegar nosso amigo) nos tomou mais de uma hora. Isso enfim saciou meu espírito mão-de-vaca de justiça, pois a essas horas estava mais do que provado que o valor do ticket do Vaporetto tinha se pago.

De volta a Veneza, fomos ao restaurante fechado do dia anterior (aberto E com fila dessa vez), e conseguimos comer relativamente bem. No caminho de volta pra pegar o ônibus e ir pra casa, minha amiga encontrou um real (?!) em frente a estação central do metrô. O dia terminou com a sensação de ter aproveitado bastante dessa cidade incrível, e apesar do pouco tempo, tive a sensação de ter conhecido boa parte dela, indo inclusive a pontos que não considerava antes. No dia seguinte, fizemos as malas novamente, e embarcamos pra mais 3 dias cheios de altos e baixos (especialmente pra mim) em Roma. É o que teremos no próximo post!

domingo, 20 de setembro de 2015

Pé na estrada: Itália (Parte 1 - Milão e Como)


Sem muita conversa e depois de alguns dias de sumiço, vamos ao relato de nove dias na linda e quente Itália. Peço desculpas de novo pelo tamanho do post, mas além da explicação inicial, nessa primeira parte estou relatando quatro dias de viagem, ou seja, é bem difícil simplesmente resumir tudo. Mas vamos lá!

Tudo começou há mais de 2 meses atrás, quando eu num momento de cara de pau como poucas vezes na vida questionei um amigo italiano da minha sala se havia um quarto disponível na casa dele para eu e um dos meus amigos coreanos ficarmos, em um final de semana que aconteceria o GP de Fórmula 1, em Monza.

Pausa pra uma explicação rápida: Acho que nunca falei aqui antes, mas já há quase quinze anos acompanho F1 fanaticamente. Mesmo após a era de ouro do Senna e dos brasileiros em geral, sempre me empolguei assistindo, mesmo que isso significasse acordar ou ir dormir nas altas horas da madrugada. Assim que cheguei na Irlanda, já comecei a cogitar a possibilidade de ir para algum país ver uma corrida pois mesmo tendo o GP no Brasil nunca fui, já que é bastante caro. Dentre as opções disponíveis desde que cheguei, a Itália sempre se mostrou a mais viável, considerando passagem, ingresso e hospedagem, que pra esse caso sairia na faixa. Fecha parênteses.

Meu amigo não só gostou da ideia, como incentivou por várias vezes. Depois, dentre várias conversas que tivemos com outras pessoas na época (isso aconteceu também há uns 2 meses), acabamos decidindo por reunirmos todos na terra da Marguerita, encontrando amigos que já teriam deixado Galway e voltado pra suas casas, para desfrutarmos do país e de nossas companhias.

A princípio meu planejamento já que orçamento de intercambista desempregado não é fácil era basicamente assistir o GP e encontrar o pessoal na casa desse amigo, que fica em Como, província da Itália na divisa com a Suiça e muito famosa por seu lago homônimo. A questão é que, indo junto com mais dois amigos coreanos, fui convencido de que não fazia sentido desperdiçar uma oportunidade única de visitar terras italianas e apenas assistir uma corrida. Com isso, acabei desistindo da F1 (apesar de ainda assim mantermos a ideia do mesmo final de semana!), e planejamos uma esticada depois de encontrar o pessoal nos primeiros dias, fazendo um tour por mais alguns outros locais país afora.

Assim, nosso plano se consistiu em 4 dias em Como e Milão, 2 dias em Veneza e 3 dias em Roma. Depois de algum tempo criando roteiro, planejando lugares pra visitar, e reservando acomodações, passagens aéreas, de trem e visitas a museus (aliás, ninguém nunca fala do quanto é cansativo fazer essa parte nada glamourosa das viagens), lá estávamos nós, 3 malucos saindo de Galway para nossa primeira viagem internacional, e em grupo! Detalhe: sequer dormimos no dia anterior, pois o ônibus pra Dublin era 1 da manhã, e antes disso precisamos ajudar uma amiga em uma mudança zumbi: mode on.

A viagem pela companhia preferida dos pobres e oprimidos Ryanair foi tranquila. Não tem conforto nenhum, mas sendo apenas 3 horas e por um preço difícil de se encontrar em outra companhia, acaba sendo justo. Mesmo com um coral de crianças chorando, consegui dormir quase a viagem toda, coisa extremamente difícil de acontecer comigo.

Chegando em Milão (aeroporto Milano Bergamo), algo curioso aconteceu na imigração: meus amigos passaram tranquilamente e sem questionamentos, mas na minha vez, os oficiais perguntaram o que eu estava indo fazer no país. Respondi tranquilamente que estava viajando pelo país com amigos, e um deles me pediu pra ver a passagem de volta. Repliquei que infelizmente ela estava com o rapaz que já havia passado antes, e fizeram uma cara de "ok" (aliás, depois percebi que na verdade NÃO ESTÁVAMOS com a passagem de volta impressa, pois a Ryanair libera o check-in apenas 10 dias antes e ainda não estava disponível, ou seja, poderia ter dado muita merda). Depois ainda questionaram se eu iria na "Expo" (explico depois), e eu disse que havia uma possibilidade. O estranho é que eles perguntaram isso de uma maneira que não entendi se estavam me sugerindo, ou algo como "não acredito que você não vai!". Enfim, qualquer das duas reações, eu não necessariamente esperava nesse tipo de situação!

Na sequência, pegamos um ônibus no aeroporto com destino à estação ferroviária de Milão, onde nosso anfitrião italiano e uma amiga suíça nos esperavam. Após uns 20 minutos, lá estávamos todos, aos abraços e risos depois de alguns meses desde a última vez em que nos vimos. Proseamos um pouco e pegamos um trem com direção a Como, e a essas horas estávamos caindo de fome, pois já era início da tarde. Ah, faltou dizer: a estação é enorme e linda!

Após chegar em Como, ainda precisamos caminhar uns 15 minutos e pegar um ônibus até a casa do nosso amigo. Durante essa caminhada, conhecemos um pouco da cidade, que é super fofa, e pude ter momentos de extrema felicidade ao sentir, depois de quase quatro meses, o que era calor novamente! Pra se ter uma noção da situação, apenas nessa viagem de fato tirei camisas e bermudas da minha mala desde que cheguei na Irlanda! Afinal, esse tipo de "traje" não faz parte do meu dia a dia aqui né! #SadButTrue

Ao chegar na casa do meu amigo (aliás, que casa! Ninguém esperava, mas ele parecia ser a versão italiana do "Riquinho" do Macaulay Culkin, haha!), uma lasanha tamanho família nos esperava! Aliás, tenho a impressão de que os dias em que passamos na casa dele foram os que melhor comi na minha vida!

Depois de um tempinho na "nossa" casa, voltamos a Como pra conhecer o lago. Passamos rapidamente pela catedral da cidade, e já fiquei encantado com a beleza e magnitude da igreja de uma cidade não tão grande, mas que era maior e mais imponente do que todas que já visitei no Brasil. O lago é lindo, e as casas ao redor são bem chiques (George Clooney tem uma mansão lá), e passamos um final de tarde muito agradável, mas não sem antes provarmos a maior delícia da Itália melhor que espaguete e pizza: gellato. Gente, o que é aquilo?! Aliás, me recuso a dizer que gellato é simplesmente sorvete em italiano. Qualquer gellato é melhor do que todos os sorvetes que já provei na vida e ponto!

Nosso amigo precisou fazer uma aula em auto-escola, e acabamos dando uma volta mais longa no lago, e depois de algum tempo de escolha, encontramos um restaurante pra jantar. O lugar era meio chique, mas não nos fizemos de rogados, e como bons intercambistas quebrados, pedimos um macarrão ao pesto amo!, um risoto e uma pizza, e dividimos pra cinco. Além de claro, pedirmos a "deliciosa" e "super em conta" bebida tap water.

No outro dia, depois de uma noite de sono num quarto que improvisaram pra gente que era maior do que meu apartamento todo no Brasil, tomamos um café da manhã com uma torta maravilhosa feita pela "Mama", e jogamos um pouco da versão italiana do jogo de tabuleiro War (acho que nunca joguei esse jogo direito antes, porque dessa vez achei extremamente divertido!). Combinamos na sequência de irmos almoçar na pizzaria favorita do nosso amigo, mas após algum tempo andando, demos com a cara na porta! Atenção: guarde esse evento na memória, vou citá-lo novamente.

Decidimos voltar à parte central de Como, e visitamos outra atração turística da cidade: o bondinho! Ele basicamente sobe um lugar beeeeem íngrime e alto, e após isso há mais de 30 minutos de caminhada até o topo de um parque, que dá uma vista linda da cidade ao longo do lago. Achei bastante cansativo, mas a vista e a experiência como um todo compensam.

Voltando pra casa, a "Mama" do nosso amigo resolveu nos ensinar a preparar o jantar. Mesmo falando um inglês básico, aprendemos como preparar a entrada - bruschetta amo² - e o prato principal: pasta à carbonara amo²³³³²³², além de ter preparado um outro prato chamado Caponada, que mesmo tendo berinjela (que não sou muito fã), era bem gostoso. Sentados à mesa, reunidos com toda família (Mama, Papà, nosso amigo e sua irmã), podemos notar o quanto o processo de se alimentar é importante e sério para os italianos, com todas as etapas separadas e definidas, e até alguns comportamentos metódicos (Papà quase teve um treco quando nossa amiga suíça misturou queijo parmesão na salada!). Tivemos um bom papo, e conhecemos sobre curiosidades da família e diferenças culturais de todos.

No outro dia, acordamos cedo e depois de outro café da manhã estonteante fomos "bater perna" em Milão. Como nosso amigo estava nos guiando (aliás o roteiro que criei pra Milão antes da viagem se mostrou inútil), não me lembro completamente onde fomos. Do que me recordo: demos uma volta ao redor do Castello Sforzesco, um castelo enorme e muito imponente, mas que visitamos apenas a parte gratuita. Depois, fomos na direção da praça da Catedral de Milão, ou em bom italiano a Piazza del Duomo, o principal ponto turístico da cidade. Ela é enorme (como aliás quase toda praça na Itália), e já de longe é possível ver a catedral.

A Catedral de Milão é um show a parte. Ela possui estilo gótico, é simplesmente a quinta maior igreja do mundo, e levou incríveis 6 séculos pra ficar pronta! São tantos, mas tantos detalhes em todos os cantos mínimos que se olha, que seria preciso mais de um dia só pra apreciar o lado de fora. A entrada não é de graça, e pagamos 11 euros em um ticket que dava direito à parte interna, aos "telhados" e a um museu que não entendi onde ficava nem sobre o que era, ou seja, nem fomos. Por dentro ela é linda, mas confesso que por fora achei bem mais bonita. De qualquer maneira, os vitrais que sempre fico vidrado, perdão pelo trocadilho são belíssimos, as colunas que sustentam a estrutura e as esculturas são também um show a parte. O telhado permite uma visão completa da cidade, além de poder se notar mais detalhes da parte externa e a reluzente estátua da Madonnina, que está no ponto mais elevado da catedral (o que quer dizer MUITO alto). A tradição diz que nenhuma construção em Milão é mais alta que a Madonnina.

Após desbravarmos a catedral, fomos almoçar em um restaurante em Milão. A cidade é bem chique, e mesmo tendo aquele ar característico de cidade grande, não me deixou com aquela sensação estranha de Dublin (cheguei basicamente a conclusão de que simplesmente Dublin não é bonita como eu esperava, mas enfim, isso é papo pra depois). Sem ter muito como escapar, fomos também em um restaurante chique. Pedimos de entrada uma seleção de frios, e de prato principal fui de pizza porque né! aos quatro queijos. Aliás, ainda que o restaurante seja chique, percebi que essa separação de entrada, prato principal, etc, é muito comum lá, assim como a cultura de sempre oferecerem uma cesta com fatia de pães logo no início, coisas que só presenciei em restaurantes bem refinados no Brasil.

Depois de pagar a conta, fomos andar mais um bocado pela cidade. Passamos na porta do maior teatro da cidade, o Teatro alla Scala, e voltamos pra "Piazza" pra poder ir pra outro grande ponto turístico: a Galleria Vittorio Emanuele II. O lugar poderia ser considerado apenas um grupo de lojas, mas é tão lindo que mais parece um museu, além de contar com caríssimas chiquérrimas lojas como Prada, Louis Vuitton, Swarovski, Gucci, Armani, e outras que você nem eu terá bufunfa pra se esbaldar. Outro ponto famoso é o "búfalo da sorte". Dizem que se pisar (e dar voltas) nos testículos do pobre animal pintado no chão da galeria, você terá sorte na vida. Não sei se é verdade ou não, mas o coitado já tem um buraco no lugar, e eu preferi não atormentá-lo ainda mais.

Depois disso, continuando o momento "ryca", passamos pelas ruas famosas do "Quadrilátero da moda", sequência de ruas onde estão localizadas várias lojas de roupas. Comentários dizem que mesmo nas lojas mais chiques, o preço em Milão acaba sendo um pouco mais em conta do que no resto do mundo. Como o máximo que estou chegando é na moda de incríveis 2 ou 3 euros na Penneys aqui na Irlanda, declinei a oportunidade. Cruzamos com uma loja da Disney (de novo!), e ganhamos da nossa amiga suiça pulseiras dos personagens do "Inside Out", exatamente um pra cada um. Voltando à infância, yay!

Inside Out!

Pra encerrar o dia, fomos buscar uma outra amiga italiana que não pôde viajar antes, e concluímos o dia tendo um jantar composto por bisteca à milanesa. E teria um lugar melhor, rs?

Nosso último dia em Como/Milão começou cedo, e embarcamos cedo rumo a famosa Expo. Como prometi, vai aqui a expolicação (desculpa, não resisti): A Expo, também conhecida como "World Fair", é um evento que reúne centenas de países em torno de algum tema em específico. Pra se ter uma ideia da importância e da idade do evento, a Torre Eiffel foi construída como ponto de entrada da Expo de Paris, em 1889. No ano de 2015, ela está sendo realizada em Milão, de 1º de Maio a 31 de Outubro, reunindo mais de 140 países sobre o tema: comida. São esperados mais de 20 milhões de espectadores durante o período, nos mais de 1 milhão de metros quadrados construídos para a exibição de uma plataforma de troca de ideias e soluções sobre o tema da comida, com sugestões de inovação sobre um futuro sustentável, sendo possível encontrar e provar pratos de todo o mundo, enquanto se descobre o melhor sobre as tradições gastronômicas dos países participantes sim, eu traduzi a descrição.

Resumindo muito a história: andamos o dia inteiro pelos pavilhões dos países participantes, onde era possível perceber ainda nas construções (normalmente eram quase prédios), características de cada nação, bem como a estrutura padrão dos países que não tinham condições de bancar algo mais elaborado (especialmente os da África). O lugar é imenso, e sendo um sábado, estava também lotado. Apesar da entrada ser paga (com os contatos do nosso amigo pagamos "apenas" 20 euros, ou seja, quase metade do valor original), a comida disponível "em cada país" também era vendida.

Visitamos a Bélgica (além de provar as originais "Belgium fries" chupa French fries), comemos uns petiscos na Espanha, e por motivos das nacionalidades do grupo, fomos: a um stand/fábrica da Lindt (Suíça), ao pavilhão da Coréia (muito tecnológico e com muitas informações sobre o processo de preparo de seus pratos tradicionais) e ao pavilhão do Brasil. Esse tinha uma espécie de rede/cama elástica gigante na entrada que fez a alegria de todos que esperavam em torno de uma hora nas filas até conseguir entrar, já que esse era o tempo padrão "em cada país". Além dessa estrutura e de uma parte que exibia várias plantas típicas que não entendi o contexto, internamente era possível obter informações sobre vários aspectos da agropecuária do nosso país, sempre com números estratosféricos mostrando o quanto o Brasil é grande em extensão, e um enorme produtor em diversos setores. Claro que as coisas estavam apresentadas de uma maneira mais "bonita" do que sabemos que realmente é, mas prefiro deixar quieto. Uma observação para a parte de "souvenir", sempre bem completa e com preços relativamente justos nos outros pavilhões: no Brasil tinha uma lojinha com meia dúzia de coisas a preços exorbitantes, um bar vendendo caipirinha a 10 euros (faça-me o favor!!!!!) e um restaurante com um cardápio bem simples a quase 50 euros. Amiga, não tem como te defender!

Já exauridos e bem tarde, saímos da Expo e fomos pegar o trem de volta pra Como, onde Mama e Papà nos aguardavam pra nos dar carona, pois já não havia mais ônibus aquele horário. A cara de pau só não foi menor porque dali a poucas horas iríamos novamente contar com a ajuda deles. Explico: compramos as passagens de trem pra Veneza num horário muito cedo (6:25 da manhã), imaginando baseado em nada que a casa do menino fosse perto da estação. O problema é que, como disse antes, precisamos pegar um ônibus e um trem pra chegar em Milão, e simplesmente não havia ônibus antes daquele horário! Até cogitamos pegar um táxi, ou passar a última noite em um hostel em Milão, mas os preços eram absurdos, e nosso amigo não deixou S2 nossa família italiana.

Assim, nas primeiras horas do dia no domingo, apenas pegamos nossas tralhas malas, nos despedimos dos nossos amigos mais uma vez :'( e partimos rumo à Veneza. Nossos dias em Como e Milão foram ótimos, e poder estar com amigos, viajando num lugar tão bonito, com clima e comida agradáveis, já tinha feito da nossa primeira etapa da viagem algo pra nunca mais esquecer. E olha que tava só começando...

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

"Galway, Here I Come!" na mídia


O blog andou meio parado nos últimos dias por motivos de: estive viajando já que ninguém é de ferro. Mas antes mesmo de viajar uma coisa muito bacana aconteceu, e esse é o motivo desse tópico.

Filipe Cardoso, um dos responsáveis pelo podcast Podirlanda encontrou a referência que fiz ao site deles no post com links de sites sobre a Irlanda, e decidiu me convidar pra participar de uma edição, falando sobre a minha experiência nessa bela e chuvosa cidade!

Fiquei muito honrado e feliz com o convite, pois como já tinha mencionado no post, gosto muito do conteúdo do site. O episódio entitulado "Por que decidi morar em Galway" foi ao ar exatamente no dia em que viajei (02 de Setembro), mas obviamente está disponível pra quem quiser ouvir, acessando pelo próprio site, baixando o MP3, ou por outros meios como iTunes, Android e RSS.

Assim, se estiver interessado em temas que permeiam a vida de um intercambista em Galway, ou apenas curioso em ouvir minha voz de gralha veludo, é só clicar aqui. De antemão peço desculpas, pois estava extremamente gripado e com a voz bem anasalada, assim como pelos erros de português (não sei o que aconteceu comigo, acho que tô desaprendendo a língua, rs).

Mais uma vez, fica a dica de que vale dar uma navegada no Podirlanda, os podcasts e o canal do Youtube são realmente muito bem feitos.

Em breve, posts sobre meus 9 dias na Itália, onde tive de muita diversão com amigos, mas também passei por alguns maus bocados. Aguentaí!