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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Impressões iniciais da escola




Minhas aulas começaram no último dia 18, ou seja, há quase 10 dias, mas preferi aguardar um tempinho pra poder fazer uma avaliação mais completa do todo.

Minha escola é a Atlantic Language School - Galway, e sinceramente até agora não tenho do que reclamar, muito pelo contrário. Ela até já foi premiada há alguns anos como uma das melhores escolas de inglês da Europa, e possui uma estrutura boa (creio que são mais de 20 salas), além de uma mistura bastante interessante de alunos de todo canto do mundo.

Precisei chegar lá na primeira segunda-feira alguns minutos mais cedo pra completar o meu teste de nivelamento (que eu já havia iniciado online, respondendo a 100 perguntas dos mais variados temas), só precisaria fazer o "speaking test". Fui recebido por um professor bem-humorado, e fui avaliado junto de um senhor de outra nacionalidade que eu ACHO que é Áustria, mas não me lembro bem, e tivemos um bate-papo rápido sobre algumas amenidades, respondendo algumas perguntas básicas sobre nós mesmos. O curioso é que esse senhor do outro lado do mundo foi o único até agora que sabia da existência do meu estado no Brasil! Ele trabalha com jóias ou algo do tipo, e sabe da fama de lá por conta disso.

Fui definido como aluno de "upper-intermediate", o que eu já esperava mesmo. Minha sala na semana passada contava com: 2 suiços, 1 alemão, 2 italianos, 1 espanhol, 3 sul-coreanos, eu e mais uma brasileira, do RS. Para todo o desespero e  um pouco de preconceito de brasileiros que ficam com medo de haver 99% de conterrâneos na sala, acho que a situação está pra lá de boa. Tendo em vista a quantidade de gente do Brasil nos corredores (numa avaliação muito por alto eu diria que são 1/4 dos estudantes), imagino que a escola acaba tentando fazer um mix de nacionalidades nas salas, e pelo visto conseguem. Eu particularmente acho FANTÁSTICA a oportunidade de conhecer e conviver, mesmo que um pouquinho, com gente de países, línguas e culturas completamente diferentes da minha.

Disse que a "composição" da minha sala era essa na semana passada porque tem gente entrando e saindo sempre, além do fato de que algumas delas fazem aulas com duração (em semanas) também diferentes. Tem gente que vai estudar por uma semana (?!), 3 semanas, 1 mês, 6 meses... Semana passada saíram o alemão e um suiço, e nessa entrou um cara de Guiné, e que vive na Bélgica.

O professor é daqui mesmo de Galway. Possui o sotaque típico, mas acho bastante simples de compreendê-lo. Acho ele bastante divertido, o que deixa a aula mais leve. Oficialmente temos um livro, mas o professor sempre entrega um material xerocado (do próprio livro!!!!). A sala tem aquele mesmo esquema de qualquer sala: pessoas em panelinhas grupos, os mais quietos, os mais falantes, etc. O legal é que até pelo nível da galera, às vezes a gente envereda por um assunto qualquer e fica uns bons minutos a fio discutindo sobre, e o professor sempre dá corda (o que acho super válido). As aulas são oficialmente de 9hs ao meio-dia, mas sempre vai até meia hora depois, pois o assunto rende e pro nerd aqui, quanto mais aula, melhor.

A escola também possui atividades diárias na parte da tarde, mas nada muito elaborado. Essa semana participei do "Film club", que nada mais é do que um filme exibido num projetor, e com legendas (acho que poderia ter alguém pelo menos pra perguntar o que a gente achou do filme, e levantar alguma discussão pra treinar o inglês. Do jeito que é, cada um pode ver em casa mesmo...). Ontem teve uma aula sobre a cultura irlandesa (que foi interessante, mas rápida), e amanhã vou em uma que vai abordar pronúncia. Não costuma ser nada muito longo, mas pra quem não tem mais nada pra fazer como eu acaba sendo mais uma atividade.

Ou seja, realmente as coisas estão bem. Acho que só tenho mesmo que dedicar e me preparar pro inglês deslanchar de vez! :D

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Primeiros dias de vida nova




Novidades, novidades e novidades!

Pode soar óbvio, mas numa situação de: (1) primeira viagem para o exterior, (2) pra Europa, (3) pra Irlanda, (4) pra Galway, QUALQUER coisa que eu vejo é nova pra mim! O clima e como é louco o clima desse lugar, as pessoas e seus respectivos jeitos de se vestir, se comportar, de falar (e se ouve de tudo um pouco: inglês, francês, espanhol, português e com certeza outras línguas que nem imagino que existam).

Comecei minha estadia aqui em um hostel, pois como eu disse aqui, a acomodação da escola só estaria disponível a partir de sábado, ou seja, 3 dias depois da minha chegada. Tinha uma reserva de 2 dias num quarto quádruplo e de 1 dia num pra 6 pessoas, no Barnacles Hostel. Foi uma experiência interessante, já que eu nunca tinha estado em um, mesmo no Brasil. Mas o mais legal é como acabou existindo uma "girada de chave" pra começar a usar inglês.

Já fui pedindo as coisas no avião da Ibéria em inglês, e mesmo com os comissários não me entendendo 100% do tempo claro que a culpa era do meu inglês e não deles, acho me virei bem, até mesmo nos problemas em que precisei me virar no aeroporto de Madri, como falei no último post. Mas foi pondo os pés no hostel é que vi que o "se vira nos 30" estava mesmo começando.

Peguei as informações referentes à estadia com uma moça na recepção, e foi relativamente tranquilo. No primeiro dia (noite, aliás), dividi o quarto com um casal de americanos, que só estavam aquela noite em Galway. Foram bem simpáticos, e conversamos um pouco sobre a Irlanda, corridas de carro nos EUA e a vergonha do 7 a 1 na Copa do Mundo.

No segundo dia, levei um choque ao chegar na cozinha pra tomar café da manhã. Foi mais um daqueles já incontáveis momentos em que você não sabe direito como agir, e num lugar cheio de gente! Peguei pão, geléia e suco de laranja odeio suco de laranja, mas era o que tinha, cumprimentei as pessoas e comi meio assustado. Fui pra escola tentar adiantar a parte do processo de visto que possui participação deles, não adiantou nada. Participei de uma reunião lá sobre uma Festa Junina que estão organizando, comprei um chip pro celular, e no hostel, pouco tempo depois, estava dividindo o quarto com duas canadenses. Bem tranquilas, conversamos só um pouco sobre os planos de viagem, e tentei quebrar o gelo falando da bendita água irlandesa que faz parecer que existe um bebê alien na barriga. Depois, dei uma volta na cidade com a moça da agência, e deu pra conhecer alguns lugares.

No terceiro dia foi meio chato pois precisei fazer o checkout pra sair do quarto às 10:30h e só poderia fazer o checkin do outro às 15:30h. Depois do café fiz enrolei um pouco e lá estava eu, sem-teto por algumas horas. Tentei encontrar o endereço certo da minha acomodação pra daí a alguns dias (as informações da agência estavam extremamente desencontradas), e precisei ligar o "se-virômetro" de novo, pra perguntar as pessoas nas ruas e insistir na escola para me darem as coordenadas corretas, até conseguir resolver isso. Fui até Salthill, o bairro mais próximo que possui praia, enfrentei um frio danado e no fim só tirei algumas fotos e voltei. Depois de comer alguma coisa, fui procurar um lugar onde havia uma exposição de um evento de música antiga na cidade. Deu um trabalho do cão encontrar onde era, mas um senhor muito agradável o qual eu questionei, simplesmente foi perguntando rua afora, e só saiu do meu lado quando teve a certeza que era o lugar correto, questionando a recepcionista do lugar. Isso é muito legal!!!

Voltando pro hostel, depois de mais um tempinho enrolando, fui para o quarto. E após algumas horas haviam 5 franceses, bastante bagunceiros, falantes (de francês, óbvio) virando o quarto de cabeça pra baixo! Mas nesse momento eu só queria dormir e finalmente ir pra acomodação no outro dia.

Então no sábado, após acompanhar uma peça de teatro curtinha referente ao tal evento do dia anterior tudo de graça, claro, dei mais uma volta pela cidade e fui buscar as chaves da acomodação. Pude deixar minhas malas no hostel, já que teria que andar um bocado pra pegar as chaves, e voltar pra praticamente o mesmo lugar, bem próximo de onde era o apartamento (mais um exemplo de "how lovely" eles são). Chegando lá, descobri que dividiria a casa com mais um brasileiro, mas o rapaz é boa gente, e também me deu algumas dicas de como me virar aqui.

Ainda tô me acostumando a muita coisa, mas acho que os dias de choque inicial já passaram. Agora é arrumar um lugar definitivo e dedicar pra valer na escola (assuntos dos próximos posts).

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Galway, I'm here!



Esse post deveria ter sido escrito anteontem, mas pela quantidade de acontecimentos, não houve como. Grato da atenção, a gerência.


Cheguei!

Com várias coisas "em potencial" pra dar errado, desde o primeiro aeroporto (foram 4, no total), consegui colocar meus pés em terras "Galwegians" com sucesso.

A jornada começou no aeroporto de Confins, perto de BH. Na hora de despachar as malas, a atendente (que aparentemente morou em Dublin. Na correria da situação nem perguntei pra confirmar) começou a dar uns palpites MUITO estranhos, dizendo que a cidade estava "colonizada" por brasileiros, e que eu iria aproveitar as baladas brasileiras como a Diceys (nem comento!), que a Ibéria era uma porcaria, entre outras coisas. Ela disse também que por mais que o "papel da mala" dissesse que eu as pegaria em Dublin, eu deveria pegar e despachar de novo em Madri.

Depois do voo tranquilo até SP, foi hora de procurar o local pra fazer o check-in da Iberia. O problema foi que tive que cruzar o aeroporto de Guarulhos (ou algo parecido com isso, pois andei meia hora sem parar). Após pegar uma fila, disse que precisaria fazer o checkin, e o cara me pediu a carta da escola! Sim, em SP! Como não tinha nada a temer, entreguei o documento pra "companhia metida à imigração", rs. Questionei sobre as malas, e fui avisado de que só as veria em Dublin (me perguntei se a menina de BH só queria me ferrar). Ele ainda avisou que o embarque era imediato (eram 20:30hs e o voo estava agendado para 22:55hs), aí já fui direto passar pelo detector de metais e procurar o portão correto. Depois de comer algo, fui procurar a simpática menina que "me encontrou" no Facebook, e que estaria no mesmo voo que eu até Dublin.

Após algum tempo de conversa, embarcamos. A viagem foi relativamente tranquila. O avião e os serviços da companhia não me desagradaram em geral. Dei a bobeira ou não! de pedir comida sem lactose, o que foi bom já que veio mais rápido do que pro resto das pessoas, mas foi ruim já que era "natureba" demais pra mim. O maior problema foi conseguir colocar minhas pernas de uma maneira confortável pra poder dormir. Tenho 1,81cm, e foi bastante complicado achar "um jeito" de ficar. Já durmo mal por natureza em viagens, logo já esperava que essa não fosse diferente, no final das contas.

Depois de boas horas cruzando o oceano, chegamos em Madri. Encontrei de novo com a parceira de jornada, e fomos para o outro terminal do aeroporto (de "metrô"), já que o embarque era lá. A fila da imigração era gigante, mas a vazão também foi, logo, em poucos minutos passamos. A moça de lá apenas perguntou se "estavas indo a Dublin", disse que sim, e ela carimbou meu passaporte. Sem precisar mostrar documentação alguma chupa Iberia!. Depois disso fui conferir com a minha companheira de viagem qual era o portão, e me dei conta que, apesar de nossos cartões de embarque conterem o mesmo número de voo, eles estavam com portões diferentes! Perguntei um funcionário do aeroporto qual era o certo, e ele me indicou um "totem" pra tirar dúvidas, tipo vídeo-conferência. Lá fui informado que o ticket dela era o correto. Ainda bem, pois tínhamos por volta de uma hora e meia pra fazer isso tudo, entre desembarcar e embarcar, e não acho que daria tempo se tivesse seguido o que meu ticket dizia. Tentei confirmar de novo a respeito da mala, e me disseram que seria em Dublin mesmo (é, a menina de BH estava me trollando).

Após passar por mais uma imigração em Madri, onde carimbaram meu passaporte de novo (?!), chegamos no portão correto. Pegamos o avião, e em pouco mais de 2 horas estávamos em Dublin. Na imigração de lá haviam 2 atendentes. O primeiro estava mais lento, mas parecia atencioso. Já o segundo estava questionando todo mundo sobre o que fazia no país de origem, o que iria fazer na Irlanda, etc. Por sorte será? acabei indo para o senhor calminho, hehe. Entreguei todos os papéis, e recebi 3 meses de visto para regularizar minha situação de estudante. Depois foi só pegar as malas, que estavam em Dublin mesmo (pois é...).

Após ser recebido pela moça da agência, comprei algo pra comer, e ela me colocou no ônibus pra Galway. A Irlanda me recebeu num dia de sol sério, mas foi o único até agora!, mas assim que pus o pé pra fora do aeroporto, já recebi uma "baforada européia", um vento bem gelado mesmo, hehe!

Na viagem pra Galway foi bem tranquilo, só demorou um pouco mais do que eu imaginava: quase 3 horas! Chegando aqui quase 22hs (ainda sem anoitecer), fui recebido por outra menina por intermédio da agência, e fui "deixado" no hostel que ficarei até amanhã, quando irei pra residência estudantil.

Não vou prolongar ainda mais o relato, mas foi esse o resumo da história. E entre mortos e feridos, aqui estou eu finalmente!!!

terça-feira, 12 de maio de 2015

Galway, I'm coming!




Parafraseando a pensadora contemporânea Mc Ludmilla: É hoje!

Depois de mais ou menos 6 meses desde o pontapé inicial, correria dos últimos dias pra ajeitar todas as pendências, assim como despedidas de familiares e amigos, começa hoje na verdade amanhã, já que são quase 24h de viagem uma nova fase na minha vida.

De malas prontas, estou indo pra aeroporto daqui a pouco com destino a felicidade. É clichê, mas a sensação é aquela típica: Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida.

Edit: sabe aquele tipo de música que sempre explica como a gente sente? Então, um dia desses eu tava cantarolando uma música da série Nashville que eu assisto (sim, é uma série de TV e sim, são lançadas músicas nela. Explico isso depois.) e, mesmo estando num contexto nada a ver no episódio, percebi o quanto ela falava por mim nesse momento, o que talvez ajude a explicar tudo o que me moveu até aqui pra fazer esse intercâmbio.


So many places I wanna go
So many people I wanna know
I wanna stay
I wanna leave
I want it all
I've got to believe

You can have roots and wings
You can have everything
You can know where you're from
And still wanna fly

Two feet on the ground
Two hands in the sky
You can have roots and wings
At the same time
At the same time


So many choices I've gotta make
So many voices I'm trying to shake
They think they know
What's best for me
But I want it all
I've got to believe

You can have roots and wings
You can have everything
You can know where you're from
And still wanna fly

Two feet on the ground
Two hands in the sky
You can have roots and wings
At the same time
At the same time

Home is where the heart is
And that will never change


You can have roots and wings
You can have everything
You can know where you're from
And still wanna fly

Two feet on the ground
Two hands in the sky
You can have roots and wings
At the same time
At the same time
At the same time

sábado, 9 de maio de 2015

Apresentando: Galway




Finalmente um post não falando da minha nada mole vida. Afinal, antes de botar o pé na estrada, acho que é preciso um resumo rápido do lugar para onde estou indo (apesar de ter um pouquinho sobre isso aqui). Sem mais delongas, é hora de conhecer Galway!

Galway é uma cidade do Oeste da Irlanda, que fica no condado de mesmo nome, na província de Connacht. É também chamada de "Cidade das tribos" (as bandeiras da foto inicial do post são referentes às quatorze tribos das famílias mercantes que dominaram a cidade entre os séculos 13 a 19). Possui a quarta mais populosa área urbana e é a sexta cidade irlandesa mais populosa, com o número de 75.529 pessoas (aproximadamente 17.000 são estudantes universitários, já que a cidade possui 3 universidades), de acordo com o senso de 2011 e com a Wikipedia. A cidade é costeira, banhada pelo Oceano Atlântico, cortada pelo rio Corrib, e fica a aproximadamente 200km de Dublin (2 horas a 2 horas e meia de viagem).



Por ser uma cidade menos cosmopolita que a capital (sendo considerada "a mais irlandesa das cidades irlandesas"), a cultura local é bastante presente, sendo possível encontrar até mesmo falantes da língua gaélica (o "irlandês"). Lugares como Eyre Square, Latin Quarter e Salthill são certeiros quando se procura por pubs, restaurantes e apresentações de artistas ao ar livre. O Spanich Arch é um dos mais famosos pontos de encontro da cidade, onde as pessoas aproveitam pra "lagartear" parafraseando o Rick no verão. A cidade possui diversos hostels, então querendo dar uma esticada lá, lugar pra ficar não é problema!

Culturalmente, Galway é reconhecida como "O coração cultural da Irlanda", com festivais de música, esportes, artes, cinema, teatro e até gastronômicos ocorrendo ao longo do ano, e atraindo turistas de todo canto.

Existem relatos, entretanto, de que a cidade é bastante fria ao longo do ano, com temperaturas médias durante o ano de 6º a 16ºC já tô tremendo. Acabei conhecendo um irlandês dono de um restaurante perto de onde eu trabalhava, e ele me disse que morou em Galway por 6 anos! Falou que é uma ótima cidade melhor do que Dublin, mas que chove mais e faz mais frio do que na capital. Espero não virar notícia de jornal sendo encontrado congelado em uma esquina qualquer!


Obs: Esse foi um resumão da cidade baseado obviamente apenas no que li, já que ainda não cheguei lá. Vou postar abaixo os links das fontes que usei, caso alguém queira mais informações. De qualquer maneira, gostaria de destacar 2 em especial. O primeiro é de um programa da Globo, de uma série sobre a Irlanda. Nesse em específico fala de Galway, e de uma estudante brasileira fazendo pesquisas por lá. O segundo, quando estava procurando conteúdo pra me basear pra esse post, encontrei esse aqui, da Magu pelo Mundo, e é tipo um "guia definitivo" sobre Galway. Ela resumiu seu quase 1 ano morando lá em um post, e é bem legal pra quem tá buscando informações sobre tudo na cidade.


Fontes:


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Falta 1 semana



É isso! Nesse horário (23:47), daqui a uma semana, eu já estarei no voo de São Paulo pra Madri. Tem uma música que fala algo dessas cidades, não tem?

Ainda tenho algumas (nem tão poucas) coisas pra resolver, e algumas (muitas) dúvidas pra tirar. Sim, eu sei, está em cima da hora, mas essa semana já está incrivelmente pequena pra caber o que tenho que fazer, pensar, planejar, etc.

Vambora que tá chegando!

sábado, 2 de maio de 2015

Comprando euros (e a situação geral do país)


Plantando euros, porque não está fácil pra ninguém...


Aviso: Esse post também fala sobre política. Se você: (1) acha o assunto chato e não quer nem ouvir falar sobre, (2) toma qualquer discussão a respeito com uma postura de torcedor fanático polarizada do tipo "nós versus eles", ou ainda (3) é simpatizante das ideias "autoritárias" de senhores como Jair Bolsonaro, eu recomendo FORTEMENTE que não leia esse post, desligue o computador e se mate leia um livro.


Assim que a ideia de intercambio pra Irlanda já estava mais ou menos certa na minha cabeça (em meados de Outubro de 2014, ou seja, antes mesmo do resultado das últimas eleições presidenciais), uma das primeiras coisas que me preocupei em avaliar era a cotação do euro no momento. Me recordo que meus cálculos sempre se basearam num valor final (ou seja, "euro turismo") por volta de R$ 3,20.

O que eu não esperava era acontecer a avalanche de coisas que ocorreram nos meses seguintes, que me fizeram assustar bastante sobre a situação do país, bem como no impacto direto disso no custo do meu intercâmbio (visto que muito do que precisei pagar aconteceu ainda nesse momento de "turbulência"). O que se iniciou como uma reviravolta na possibilidade de que a então presidentA antes estudanta, e quando foi mãe, lactanta perdesse as eleições no primeiro turno para Marina Silva, passando pela vitória de Dilma num segundo turno apertadíssimo com Aécio Neves, e sendo seguido por escândalos de corrupção revelados na época (o mais divulgado sendo o "petrolão") e ações pouco populares do governo pra conter a crise energética e estancar um buraco econômico (conhecido como "pacote de maldades", rs), trouxe uma animosidade geral pra população e para os "senhores investidores" que fazem a economia mundial girar, impactando em como as moedas internacionais são negociadas no país.

Resumindo um pouco a história, resolvi dividir uma parte em espécie, e o solicitado pela imigração em 2 cartões pré-pagos. Preferi não levar só um, pois dizem que há um limite de saque diário, e assim conseguirei ter o dinheiro pra depositar no banco irlandês mais rápido. O valor em espécie consegui por meio de um contato, e os cartões comprei pelos sites da Confidence e da Graco, um Mastercard e um Visa, e não tive maiores problemas. Até a data desse post ainda não adquiri todo o valor que pretendo levar, mas dos euros que comprei durante todo o mês de abril peguei cotações entre R$ 3,40 e R$ 3,50, ou seja, beeeeem acima do planejado. A única vantagem pra mim foi a baixa que ocorreu no final de janeiro (por uma ação consciente do Banco Central Europeu, ou seja, nada a ver com o Brasil, que fique claro), quando corri pra comprar o curso, como já citei aqui.

Estive e estou de fato preocupado em como as coisas estão e vão ficar no Brasil, e não quero soar como individualista e pessoa-que-só-olha-pro-próprio-umbigo, mas a ideia desse post no blog (de intercâmbio), até pra não ficar completamente off-topic, é justamente de entrelaçar como uma coisa impactou na outra. Com isso, me permitam um parêntese a respeito da situação toda no país.

O que mais me assustou durante todo esse período, foi o quanto (e como) as pessoas discutiram política. Já é dito popular que esse assunto não deve ser discutido, mas acho isso bobeira. O que aprendi nos últimos tempos, entretanto, é que deve-se escolher com quem ter esse tipo de conversa, ainda assim correndo o risco de errar (true story!). E nem entro na questão de discutir apenas com quem tem ideias parecidas com as suas, porque aí também é muito fácil.

Sempre acompanhei política como quem vê as noticias do dia, sem lá muita profundidade, mas sem ignorar completamente a situação corrente. A minha mudança, no entanto, veio durante os protestos ocorridos em 2013, onde (na minha opinião) uma onda de descontentamento geral tomou o país, tendo sido iniciada com os protestos pelo aumento das passagens na cidade de São Paulo e que, até por conta do momento e da visibilidade do país (estava pra começar a Copa das Confederações, evento que antecede em 1 ano a Copa do Mundo), a coisa eclodiu para o país todo. A partir desse momento, vi de fato as pessoas enxergando o tamanho do seu poder ("o gigante acordou!"), e era perceptível a sensação de "WTF?" dos políticos de todas as esferas Brasil afora. A cultura pacifista (ou seria "colonizada"?) do brasileiro nunca tinha sido colocada em xeque como estava ocorrendo, e a sensação de Basta! nas ruas (sim, eu vi pela TV, pelas redes sociais E pessoalmente) era motivadora. Nesse momento, o que eu mais queria saber era quais as possibilidades de ação a serem feitas, já que a sensação era que a hora era aquela, mas era preciso que algo acontecesse além do protesto (principalmente o digital, como essa entrevista da BBC ajuda a esclarecer). E nesse instante foi aí que percebi que eu entendia pouco de política, direitos e deveres na Constituição e coisas do tipo.

"Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente", diz a Constituição. Mas você sabe o que ela quer dizer com "exercer diretamente"? Sabe qual é a capacidade de atuação de cada um dos três poderes que compõem o nosso modelo democrático? Indo além, e trazendo para questões mais recentes, sabe em quais momentos pode se dar um impeachment, bem como quem assume o cargo numa situação dessas? Pois é, eu não sabia direito naquele momento. O que fiz, e tenho feito desde então, é tentar me informar. Estudar mesmo, desde sistemas, correntes e ideologias políticas, notícias vindas de diversas mídias e fontes, e tentar filtrar isso com o máximo de senso crítico que possuo. Não digo que alguém deva me copiar, até porque realmente acredito que meu interesse pelo assunto seja um pouco maior do que o das pessoas em geral, mas cara, o que não dá pra aceitar é ignorância. Acho que quase todo mundo tem alguns (pré?) conceitos sobre o assunto, principalmente em como aquilo vai afetar a sua vida e o seu bolso, mas acredito que é preciso mais, muito mais.

O que vi desde o momento em que se começou a falar sobre as eleições, se agravando quando elas foram encerradas, e juntando isso ao "escândalo do petrolão" e do "pacote de maldades", foi uma enxurrada de discussões e posicionamentos, no mínimo, carregados de ignorância. De uma hora pra outra formou-se uma polarização que não sei dizer até hoje se seria entre pobres e ricos, azul e vermelho, direita e esquerda, perdedores e ganhadores (e não seríamos todos hoje perdedores?). E qualquer pessoa que expresse sua opinião que de alguma maneira possa parecer pertencente "a um lado", automaticamente corre o risco de ser escorraçada "pelo outro lado". Junto disso, a perceptível necessidade atual das pessoas de se mostrarem tendo uma opinião formada sobre tudo, especialmente nas redes sociais, me levou de fato a não crer muito no futuro da humanidade. Há de se dizer, entretanto, que creio ter sido vital a possibilidade de uso de redes sociais em momentos como esse, assim como houve nos movimentos da Primavera Árabe e Ocupe Wall Street mais ou menos na mesma época. Poder acompanhar a utilização da tecnologia como apoio em ações como essas me deixa muito animado! Mas ver o quanto a desinformação misturada à pura vontade de "falar" pôde produzir incontáveis relatos de estrumes digitais me assustou como poucas coisas nesse mundo. Ah, e pelo menos comigo, nas discussões e relatos que presenciei pessoalmente ou acompanhei, incluindo aí os protestos de 2015 e os "panelaços", foram igualmente dignos de pena e vergonha alheia. Que se fique provado crime, que haja mais é cadeia mesmo! Mas enquanto isso não ocorrer (se é que de fato algum dia vai), saiba pelo que protestar, cara pálida. Impeachment e renúncia são coisas alcançadas por meios diferentes, onde sua revolta pode fazer muita ou (quase) nenhuma diferença.

Pra fechar, obviamente possuo meu posicionamento político, acredito que o governo atual (assim como qualquer outro no passado) tenha seus erros e acertos, e possuo meus argumentos sobre o que acho que é o melhor para o país e consequentemente pra mim. Mas se pudesse dar um conselho a todos além de dizer: use filtro solar seria: educação é a saída! Por mais clichê que isso possa parecer, a única forma de mudarmos o país é através do conhecimento! Se informe sempre, mas também crie uma maneira de processar o que ouve, lê, assiste. Enquanto a ignorância imperar, política for um assunto "chato demais", e ações cotidianas forem apenas visando a si próprio, iremos continuar no mesmo barco. Afinal, "O castigo dos bons que não fazem política, é ser governados pelos maus", segundo um tal de Platão :) .


PS: Como disse anteriormente, a ideia pra mim atualmente é discutir política com quem acho que devo. Assim, preferi deixar os comentários desse post desativados (nem sei se teria algum mesmo), por motivos de: (1) blog, ao contrário do Brasil, NÃO É uma democracia, e (2), não sou obrigado. Voltamos à nossa programação normal.