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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Brasileiros (e compatriotas em geral) na Irlanda. Como lidar?



Acredito que a maior parte das pessoas quando decide sair do seu país pra viver em outro, tendo como objetivo aprender e praticar a língua local, pensa em evitar ao máximo o contato com seu idioma nativo. Tive isso em mente mesmo quando ainda estava planejando o intercâmbio, assim como acontece com quase todos os amigos e colegas que conversei sobre o assunto aqui, e com certeza com muita gente espalhada pela Irlanda e pelo mundo afora. Mas o motivo pra evitar pessoas da mesma nacionalidade é bastante óbvio, certo?

A verdade é que não sei se existe uma resposta tão óbvia quanto parece, principalmente quando se está do "lado de cá" da situação, e existem diversos prós e contras a serem levados em conta nessa questão.

Entretanto gostaria de salientar uma curiosidade: tomando por base o que considerei ao escolher Galway, e analisando a situação pela minha vivência aqui até então (isso não é um dado absolutamente oficial), muita gente além de brasileiros tem escolhido essa cidade pra estudar/trabalhar fugindo de Dublin por exemplo, para evitar a mesma nacionalidade! Acho isso bem interessante, pois é uma preocupação grande que vejo e tive por parte dos brasileiros, mas que também ocorre com asiáticos em geral (que são até maioria na minha escola, em comparação com brazucas), e mesmo com espanhóis, que sinceramente acredito ser o maior "grupo" estrangeiro aqui já tô quase aprendendo espanhol por tabela nas ruas, hahaha!

De acordo com o que percebo principalmente na minha escola, existem brasileiros e grupos de estrangeiros que simplesmente optam por ficarem o tempo todo juntos. Isso é errado? Não sei, mas acredito que, como já citei antes, geralmente recai no problema da língua. Muitas vezes as pessoas não tem confiança, ou o mínimo de inglês suficiente pra uma conversa. Sinceramente hoje acredito mais na primeira opção, pois nem que seja com ajuda de mímica, a coisa acaba saindo (digo isso por experiência própria, seja quando as palavras me escapam, ou quando converso com pessoas que ainda estão em níveis mais básicos). Mas também como contraponto, já vi grupo de italianos onde mesmo havendo um com nível avançado por exemplo, e outros não falando tão mal assim, jamais perdem a oportunidade de conversar na mesma língua que seus compatriotas quando estão "com a galera" o que sempre acho uma EXTREMA falta de educação com quem está junto.

Citando especificamente minha experiência com brasileiros aqui, muitos acabam se enturmando entre si e algumas vezes somente entre si, enquanto alguns tentam dividir a atenção entre brasileiros e estrangeiros. Esse também é um ponto polêmico pois, devido ao looongo tempo que decidimos passar aqui (no mínimo 6 meses) é saudável e necessário fazer amizades, mas não dá pra dizer que vale a pena fazer amigos brasileiros apenas porque são brasileiros, nem com gringos apenas porque não falam português, não é verdade? Amizade ou mesmo coleguismo tem muito mais a ver com afinidade do que apenas com idioma e nacionalidade, ainda mais fora da sua terra natal. 

Pessoalmente, a única coisa que me incomodou foi que nenhum brasileiro (a não ser os que estiveram na minha sala) se esforçou o mínimo pra conversar em inglês comigo, mesmo vendo gente virando para o lado LITERALMENTE! e falando em inglês, ainda que às vezes no "embromation". É até possível que algum(ns) dele(s) até tenha(m) esperado que eu desse o primeiro passo prefiro dar o benefício da dúvida, mas por conta dessa enxurrada de coisas a se considerar, o meu sentimento é de realmente não saber como agir quando encontro alguém do Brasil aqui! Isso deve parecer ridículo e até contraditório, mas sempre fico meio em choque, até decidir qual língua usar e como agir de forma geral. No final das contas, mesmo tendo contato com alguns brasileiros e só falando português com eles não acaba sendo o fim do mundo, mas confesso que possivelmente as coisas não tenham "evoluído" muito entre mim e eles também por conta desse ponto.

A maior parte dos amigos que fiz aqui até agora é justamente de asiáticos, em especial sul-coreanos, muito inclusive pelo fato de que eles vêm com a intenção de ficar pelo mesmo período de tempo que nós ao contrário dos europeus, que você comprimenta num dia e semanas depois está na rodoviária se despedindo. E o que vejo é que eles tem o mesmo tipo de preocupação, ainda potencializado pela cultura oriental de sempre se importar bastante com o outro. Mas como resolver essa situação?

O que tenho feito até então é tentar encontrar um meio termo. Converso com brasileiros, pois a tal história de que em certos momentos só a gente se entende e se ajuda é mesmo verdade, mas também tento entrosar com a maior parte de gringos possível, até porque isso normalmente gera conversa sobre histórias e curiosidades dos países e diferenças culturais (tema que merece um post dedicado) por horas a fio. Não quero soar arrogante, mas o que sinto é que ter o conhecimento suficiente do inglês me proporciona ter uma experiência multicultural mais completa, e mesmo sendo repetitivo mais uma vez isso é pleonasmo?, o aprendizado sobre pessoas e suas culturas é disparado o maior legado do meu intercâmbio até aqui.

Depois de horas conversando com uma amiga coreana essa semana, chegamos a conclusão de que não há uma resposta certa pra esse tipo de pergunta. De fato, cada um faz o que acha que é o melhor pra si, e obtém com isso o resultado da sua escolha. Eu já optei pelo que acho certo, e não me arrependo nem por um segundo disso. :)

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