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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Missão: procurando um lar definitivo


Como eu já havia falado aqui, vim pra Galway com duas semanas de acomodação estudantil garantidas no pacote que fechei com a escola. Esse é o período médio que sugerem ter inicialmente, pra conseguir encontrar uma casa compartilhada pra ficar de vez. Sim, você não leu errado, aqui na Irlanda, mais especificamente em Galway, é muito comum as pessoas dividirem uma casa, alugando um quarto, seja essa pessoa um estudante ou um trabalhador vindo de outra cidade/estado, ou até de outro país. Enfim, no meu caso o tempo acabou sendo mais do que suficiente, mas não sem antes passar por alguns pequenos perrengues.

Acabei usando a primeira semana aqui pra me adaptar e resolver um monte de coisas, como já expliquei antes, e deixei pra procurar um quarto apenas quando já estivesse na acomodação estudantil. Logo, tendo chegado na acomodação no dia 16/05 (e com mais duas semanas pela frente), resolvi começar a procurar o quarto no dia 19/05, basicamente através do tão famoso daft.ie e em alguns grupos no Facebook, tanto de brasileiros quanto do pessoal daqui mesmo. Logo na primeira verificada, percebi que haviam muitas vagas disponíveis a partir do início de Junho até o final de Agosto, que são os meses de férias dos universitários (verão europeu), ou seja, a galera que estuda aqui volta pra casa e aluga seus quartos nesse meio tempo. O problema é que alugar só por esse período não me atendia completamente, apesar de não descartar essa possibilidade se não achasse nada, podendo durante esses 3 meses achar um definitivo.

Algo assustador nos grupos do Facebook (principalmente no grupo local de Galway) é a velocidade com que as vagas são preenchidas, muitas vezes com poucas horas. Já havia lido relatos desse tipo com o pessoal que vai pra Dublin, mas não imaginava que aqui seria assim (e essa foi só a primeira coincidência). Mesmo tendo recebido alguns "essa vaga já foi ocupada", na primeira noite de buscas encontrei um quarto bem barato e próximo da acomodação (ou seja perto da escola e me pouparia de cruzar a cidade com 2 malas e uma mochila). Marquei com o cara de ir no dia seguinte à tarde, e foi aí que minha inocência me pegou. Como a procura é grande, no outro dia pela manhã recebo uma mensagem falando que a vaga já tinha sido preenchida por uma pessoa que foi mais cedo que eu. Damn it!!

Continuei as buscas, e nesse dia aconteceu outro fato muito comum com brasileiros em Dublin, o qual eu realmente não acreditava que fosse ver aqui: recebi um não de uma brasileira que divulgava a vaga, pelo fato de eu também ser brasileiro! Minha conversa com a moça foi até um pouco parecida com esse texto fantástico do e-Dublin, mas eu vi que não valeria a pena insistir. Ela veio com um papo de que morava aqui há 4 anos, conversava em português no trabalho e não queria isso em casa. Mas eu me pergunto: "será mesmo que as pessoas nas casas conversam tanto entre si assim? Ninguém trabalha, sai com amigos, tem outros afazeres e só fica falando em inglês?". Confesso que me senti mal, principalmente pelo fato de que estava sendo vítima de xenofobia pela primeira vez fora do meu país, e por uma brasileira!!! Não quero parecer falso moralista, até porque já disse algumas vezes aqui (e ainda pretendo falar mais) sobre a questão de brasileiros, sobre falar inglês, etc, mas sinceramente, não me vejo fazendo a mesma coisa estando do "lado de lá". Mas o mundo da voltas e cada um sabe o que faz.

Voltando, no dia 21/05 agendei 2 visitas. Uma com o "Seu" Gerry, num quarto perto da Shop Street, a principal rua de comércio da cidade (pra dividir com 3 pessoas, eu acho), e uma com a Eileen, numa casa a 3 minutos da escola (dividindo com 2 moças). Na primeira, me bateu um desespero: a casa era bastante bagunçada, fedia a mofo em todos os cantos, e o quarto era minúsculo (não que eu esperasse algum grande, mas era basicamente a cama e o guarda-roupa, também pequenos)!

Já na segunda visita do dia, a vaga era ótima! Toda arrumadinha, a casa tinha tudo (inclusive TV por assinatura e internet). Só tinha um porém (dois na verdade): o primeiro era que ela precisaria receber mais duas pessoas pra verificar a vaga, pois já haviam marcado visita, e então a anunciante iria decidir na sequência o "ganhador" do quarto (aliás perguntei ela como é feita essa seleção e nem ela soube me explicar direito); o segundo era que fiquei com a impressão de que ela não foi muito com a minha cara e pra ser sincero nem eu com a dela. De qualquer forma, voltei pra casa esperando uma resposta no dia seguinte, já que a casa do Gerry não ia rolar mesmo.

Chegando em casa, depois de ter marcado pro outro dia algumas visitas em casas bem afastadas mas era o que tinha e cabia no orçamento, lembrei que havia anotado um telefone que encontrei no mural da escola. Não pus muita fé mas liguei. O senhor que me atendeu numa infeliz coincidência o PIOR sotaque que presenciei até agora me disse que tinha uma vaga! E melhor, bem próxima da casa da Eileen, ou seja, pertíssimo da escola! Ele insistiu pra que eu fosse visitar no mesmo dia (já eram 19hs, ele não morava lá mas pediria aos moradores pra me receber), e eu acabei indo. Chegando lá, gostei bastante da casa! Era grande e, apesar de precisar dividir com mais 4 pessoas (um casal de italianos, uma "jovem senhora" espanhola e um irlandês) não parecia ser um problema. O mais legal, entretanto, é que fui extremamente bem recebido pelos moradores. Tava rolando uma festinha de aniversário de um deles no dia, e até pedaço de bolo eu ganhei! Eles se mostraram bastante preocupados com a limpeza, já que tinham pego a casa imunda, antes habitadas pelos já famosos irlandeses-que-nunca-limpam-nada. Além de serem de países "quentes", ou seja, entendemos do sofrimento uns dos outros com o frio. Os únicos "detalhes" são: a casa não tem internet, mas dá pra usar a do celular sem problemas, a TV é basicona e a energia é pré-paga (eles pareceram bem preocupados em economizar também).

No final das contas, minha sensação era igual à daqueles momentos em que parece que a sorte está sorrindo pra você, sabe? Pelo "pacote", essa era a opção ideal: a vaga estava disponível há uma semana, mas o dono não havia divulgado ainda (ou seja, nem concorrência eu tinha), preço acessível, housemates agradáveis, casa do lado da escola, eu iria querer mais o quê??

Acabei "assinando o contrato" (entre muitas aspas, já que o landlord me deu uma folha de caderno preenchida, mas que já era melhor do que na Eileen, que disse que não teria nada por escrito) no dia 23/05, mesmo tendo uma semana de acomodação estudantil ainda disponível (e fiquei lá até o último dia, pois quarto com suíte eu não vou ter de novo tão cedo, hehe). Concluí a minha mudança andando por 1km com mala, mochila e sacola cheia de coisas que eu já tinha comprado, inclusive comida no último dia 30. Tem sido bem tranquilo aqui, apesar de alguns pequenos probleminhas, mas isso é assunto pra depois. A questão é que agora tenho casa e um endereço, e já posso iniciar o processo do visto de estudante mais tranquilo. Missão cumprida!

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