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sábado, 4 de abril de 2015

Intercâmbio. Por quê?




Essa é uma dúvida que pode pairar na cabeça de muita gente. Por que largar uma vida tranquila, rotineira, sem lá muitas preocupações e relativamente estável, por um futuro totalmente aberto por um tempo, num país diferente, com língua e cultura diferentes das suas?

Podem haver algumas respostas: Talvez seja justamente pela vontade de mudar? Talvez até por um sonho? Conheço relatos de várias pessoas que sempre tiveram o sonho do intercâmbio desde sempre, bem como outros que decidiram "dar um tempo", basicamente guiados pela ideia de aprender ou aprimorar uma segunda língua.

Confesso que nunca tive esse tipo de plano para minha vida. Muito pelo contrário, pois há pouco mais de um ano, eu estava caminhando muito mais pra uma "vidinha de casado" do que para abrir mão de tudo em troca de nada do desconhecido.

Dois pontos, entretanto, acho que colaboraram muito: minha ligação com o inglês (esse sim, praticamente a vida toda, já que a primeira vez que me lembro de realmente ter me interessando eu ainda tinha 11 anos, além do contato diário já há alguns anos, por conta da minha profissão), e o fato de me sentir de certa forma "deslocado" no Brasil. Vou detalhar bem aqui porque não quero ser mal interpretado com relação a isso: Não penso MESMO que meu país seja um lugar péssimo, e que "país de primeiro mundo" é o que eu mereço. Gosto do Brasil (bem como reconheço diversos problemas nele). O problema aqui é não me sentir parte no sentido de ver do que as pessoas gostam e em que se interessam. Sei que isso tudo pode soar estranho e auto xenófobo (existe isso?!), até porque eu nunca viajei pra outro país, e meu planejamento hoje é de estudar um ano fora E voltar (apesar do meu desejo enorme de trabalhar em projetos internacionais, mas por uma empresa brasileira). O fato é que não me sinto um "brasileiro típico": seja com relação à música, esporte, religião, cultura geral, e hábitos comuns das pessoas. Não me sinto interessado pelas mesmas coisas que maior parte das pessoas ao meu redor (família, trabalho, amigos, conhecidos, desconhecidos) sentem, e olha que percebo isso não é de hoje! Posso estar delirando, e ao chegar "no estrangeiro" ver o quanto me identifico com meu país, mas minha sensação hoje (e já há um bom tempo) é essa.

O brasileiro típico
(adicionaria mais futebol, mais sertanejo universitário e "pau de selfie")

Voltando: no final das contas, o que me guiou mesmo a realizar o intercâmbio foi um momento de grande estagnação pessoal e profissional na minha vida (também pode parecer ridículo um cara de 25 anos dizer isso, mas foi mesmo por aí). Quando coloquei na balança um emprego que praticamente nunca me satisfez e que, tentando encontrar outro, por inúmeras vezes (MESMO) só dei com a cara na porta, além do término de um relacionamento que tinha mudado muito minha vida, foi onde realmente percebi que nada me segurava aqui (desculpe família, mas posso ter contato e ver vocês com frequência estando de longe e ninguém morrerá por isso, rs).

Assim, quando num belo dia (acho que em meados de agosto de 2014), depois de avaliar minha vida pela milésima vez enquanto dirigia pelo trânsito caótico de BH, e enquanto cantava feito um louco como sempre faço quando dirijo, a ideia de intercambio começou a povoar a minha mente. Já que mal sabia como essas coisas funcionam, na época minha intenção era tentar o Ciência Sem Fronteiras na modalidade de "Mestrado Profissional". Essa era a única que me interessava, já que não tinha cunho científico e não precisaria de vínculo com universidade. Eu precisaria ter um certificado de proeficiência em inglês (que não tenho até hoje) e já estava até disposto a estudar para consegui-lo. No final da história, pelo menos desde que essa ideia surgiu, nunca mais foi aberto um edital para essa modalidade e eu fiquei chupando dedo. :(

Pra encerrar, minha vida continuou no mesmo marasmo rumo meses afora, e num novo momento de "pensar no futuro", meio que me fiz concretamente a pergunta-título desse post. Pra ser sincero, logo em seguida me perguntei: "Por que não?". A resposta? Bem, essa resposta eu ainda não achei.

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