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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O quanto a escola pode auxiliar no aprendizado de inglês do intercambista?


Por mais que o título desse post pareça tema de TCC ou chamada sensacionalista de um artigo no Facebook, minha intenção aqui não é a de levantar nenhuma verdade universal, mas apenas compartilhar a minha experiência e percepção, além de observações de alguns amigos na mesma situação que a minha. O que me encorajou a escrever sobre esse tema, no entanto, foi que desde o momento em que decidi fazer o intercâmbio, sempre me perguntei sobre o quanto conseguiria aprender estudando inglês todo dia durante seis meses fora do meu país.

Como contei aqui, estudei inglês num curso de extensão da área de letras na UFMG em BH por um tempinho, quando tive a primeira experiência de aprender a língua numa "sala de aula". Inicialmente tive um encorajador, porque queria muito ter a oportunidade de praticar meu speaking usando o que eu já tinha aprendido por conta própria, e ao contrário de alguns meus amigos na época, achava que fazia muito mais sentido estar num local onde eu pudesse praticar com muita gente, ao invés de ter aulas particulares (o que se provou ser exatamente o oposto no futuro). O problema naquela época era que o nível da sala era muito irregular, ou seja, tinha gente que falava melhor do que eu, e muita gente que sequer se sentia confortável pra conversar. Mais do que isso, o que mais me incomodou naquele tempo era ter que seguir um livro que abordava assuntos de maneira meio aleatória, e as aulas não tinham muita estrutura e sequência entre elas. Resumindo muito a ópera, aprendi muito pouco no período em que estudei lá.

Voltando aos últimos meses, quando comecei a estudar aqui na Irlanda, (como também já comentei aqui), minhas aulas eram bastante focadas em conversação, mas mais por conta do estilo do meu professor do que uma linha seguida pela escola em si. Apenas contextualizando, minha escola segue um modelo de usar um livro que abrange vocabulário e gramática por meio de assuntos aleatórios pois é! de segunda a quinta, e na sexta temos um teste com o que foi estudado durante a semana. Aliás acho que esse é o modelo básico de ensino nas escolas pelo país a fora, de acordo com o que li a respeito.

Como disse, muitas vezes a forma como as aulas fluem depende muito de como o professor as conduz. No meu caso, o primeiro professor acabou sendo designado pra outra turma, e tivemos uns 5 professores nesse meio tempo, entre temporários e definitivos (que acabaram sendo temporários também, mas por um período maior, rs), e que tiveram diferentes graus de "apego" ao livro, à conversação e às atividades recreativas durante as aulas.

O problema, pra mim, acabou sendo o que já deve ter ficado claro: acho que não "funciono" com esse modelo padrão de aprendizado, e a verdade é que nos últimos tempos tenho andado sem mais muita expectativa de aprender muito lá. Nem me sinto no direito de dizer que a escola é culpada por isso, como também não digo que "não aprendo nada", mas realmente acredito (e se olho pro meu retrospecto de aprendizado isso se confirma) que minha forma de aprender é outra, quando consigo absorver conteúdo de uma maneira menos despretensiosa (usando música, seriados, etc), da mesma forma em que consigo estudar gramática de uma maneira mais direta, no sentido de "isso aqui uso assim, aquilo lá uso assado". Preciso destacar um "mea culpa" entretanto: nunca, em todo esse tempo que estive aqui, parei pra estudar ou revisar o que aprendi na escola. Um pouco por desinteresse, e um pouco pelo sentimento de "amanhã tem mais" que acaba influenciando um afinco menor no estudo fora da sala.

Na época em que estudei inglês por meio de aulas particulares, senti meu aprendizado evoluindo muito, num período relativamente pequeno. Foram quase 2 anos sendo: 3 aulas de 50 minutos por semana no primeiro ano, 2 dias na semana; e 2 aulas no mesmo esquema no segundo ano, mas apenas uma vez na semana. A grande diferença nesse caso é que o professor te conhece, sabe seus pontos fracos e fortes, e vai e volta nos assuntos que ele vê necessidade de acordo com o sua percepção sobre o aluno. Juntando-se a isso a prática de conversação, a coisa deslanchou de vez! No final do curso, disse pra minha professora que comecei as aulas já tendo algumas peças do quebra-cabeça, mas foi lá que aprendi como elas realmente se encaixavam hashtagS2.

Um ponto acima de tudo me preocupa: tenho a leve sensação de ter atingido o falado "Plateau do aprendizado" (explicação rápida em português aqui, e mais completa em inglês aqui), o qual não conheço muito, mas acredito mesmo que possa ter sido meu caso. Ele basicamente diz que, após um período crescente do aprendizado, acabamos meio que entrando numa linha reta, onde não é possível mais ver muita evolução. Fica de qualquer maneira o para-casa pra pesquisar mais sobre o assunto, inclusive.

De qualquer forma, já há algum tempo tenho conversado com amigos aqui sobre assuntos relacionados à melhora do inglês, e vira e mexe estamos debatendo sobre como melhorar ainda mais nosso nível com o que temos disponível, sendo todos pessoas na faixa dos 21-25 anos com bom nível da língua, ou ainda Upper intermetiate, de acordo com a escola. Tópicos do tipo "como ter mais contato com a cultura irlandesa e com os nativos" sempre surgem (e sempre paramos na pergunta "como fazer?". Sério, isso é bem mais difícil de responder do que parece), além de pensar em fazer grupos de estudo independentes, e coisas do tipo.

Me perguntando novamente sobre esse assunto em um dia desses, resolvi questionar de uma maneira mais direta meus amigos, os quais alguns são ou foram da minha sala em algum momento, sobre o que pensam desse assunto. Tive respostas que envolveram desde que a escola deveria reduzir a quantidade de alunos em sala (hoje por volta de 14 pessoas), passando pelo fato de rumores dizerem que cursos relacionados à exames, como IELTS ou FCE são mais focados, já que eles tem um objetivo mais definido do que "General English" já que o próprio nome mostra não ser muito específico. O consenso geral é que escola ajuda, mas ajuda menos do que o esperado, e que diferentes níveis de inglês e diferentes formas de aprendizado deveriam ser levados muito mais em conta do que normalmente são (ou pelo menos foram por nós).

Finalizando, o ponto em que sempre enfatizo é que estamos quase sempre juntos, usando inglês, e que isso é algo muito válido e importante (já que o que não falta é gente da mesma nacionalidade conversando em sua própria língua por aqui nem tô falando só de brasileiros). Ainda assim, atividades que permitam um contato maior com nativos, como trabalho (remunerado ou como fiz aqui) e até relacionamento Tinder, estamos aí podem definitivamente colaborar na busca pela tão controversa fluência. Enquanto não encontramos a resposta pra pergunta-título do post, o plano é continuar tentando uma aproximação maior com o uso da língua, ao mesmo tempo em que tentamos praticar o máximo possível entre nós, e também sem abandonar de vez a escola, afinal lá é sempre possível conhecer gente nova, treinar a conversação e claro, aprender alguma coisa.

Edit: talvez o post tenha ficado um tanto quanto "deprê", e possa parecer que me arrependo do intercâmbio e coisas do tipo, então fica a observação: de forma alguma me sinto arrependido, e o contexto completo do intercâmbio (que também inclui a escola) tem me proporcionado experiências únicas, as quais acredito que jamais viveria se não fosse estando imerso numa outra realidade. Então, se está lendo esse texto e pretende estudar fora, não tenha dúvidas: vem logo! :)

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