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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Pé na estrada: Suiça (Parte 4: Lucerne)



E por fim, a parte final da história:

Precisávamos pegar o trem rumo a Lucerne dali a uma hora, então gastamos aquele tempinho dando uma volta no entorno da estação de Interlaken. Era tudo bem bonito, mas pela data e horário (noite do dia 25/12) não havia quase ninguém na rua, ou algo aberto. Ficamos preocupados com como iríamos comer chegando no destino, mas a única opção de restaurante perto da estação era muito mais do que "só" caro, então fomos "pro tudo ou nada". Devoramos os 4 uma caixa de Ferrero Rocher pra tapear a fome porque era o que tinha, e depois de um tempo, estávamos deixando Interlaken com direção a pequena e linda Lucerne.

Ao planejar nossa viagem pra Suíça, eu não fazia muita ideia de pra onde ir exatamente país afora, tirando claro a cidade do nosso amigo. Meu raciocínio sempre foi Geneva e Zurich porque é de onde se tem notícia da Suíça, mas assim que comecei a procurar pela parte turística da coisa, essa ideia foi meio que perdendo o sentido. Uma das cidades mais indicadas pra passar um dia (ou um pouco mais) e poder ver um resumo do país era justamente Lucerne. Ainda que meu planejamento inicial sequer contemplasse gastar com acomodação e ainda bem que comecei a trabalhar, porque né?, conversamos e entramos em um consenso de que valeria a pena passar um dia na cidade. O transporte pra lá (e de lá pro aeroporto) já estaria garantido pelo Swiss Pass, então o resto era se virar e aproveitar a cidade.

O percurso - que durou por volta de 2 horas - foi aproveitado basicamente por nós jogando truco (ensinei aos coreanos há tempos, e eles sempre pedem pra jogar quando temos chance). Só houve um problema: TODAS AS VEZES que um coreano decide brincar de algo que tenha o mínimo de competição, eles precisam fazer aquilo oferecendo alguma punição pro perdedor. Somando-se a isso o fato de os coitados não aguentarem mais comer chocolate (eles não tem o hábito e sempre acham tudo muito doce) e de termos um bocado com a gente ainda, adivinhem qual foi a punição?? Parece ironia, mas até pra mim que sou uma "formiga" já tava virando uma tortura.

Chegamos em Lucerne já não aguentando mais ver chocolate, mas ainda assim com fome, já que ninguém comeu direito naquele dia. A estação era enorme, e no piso inferior havia um supermercado (?!), nossa salvação no dia seguinte. Como estávamos com medo de que a reserva do hotel (que foi o que de melhor custo/benefício achamos pra basicamente dormir uma noite) expirar, saímos correndo até o endereço não sem claro nos perdermos no caminho! e depois de algum sacrifício, lá chegamos. Vimos um pedaço da cidade e tudo era muito bonito! O lago que envolve a cidade possui duas pontes que são famosos pontos turísticos lá, e elas (e tudo em volta) estavam iluminadas com enfeites de Natal, deixando tudo ainda mais legal!

Deixamos nossas coisas no hotel e fomos rumo à estação (que ficava a uns 10 minutos de lá). No percurso que fizemos pudemos perceber que comer não seria algo fácil aquela hora da noite naquele dia, mas resolvemos ir em direção ao mercado um coreano ainda correu na frente, pois queria comprar cerveja e o horário para venda de álcool já tava encerrando. Encontramos com ele já com a bebida comprada, mas assim que eu iria começar a escolher o que comprar, os funcionários passaram falando que o supermercado estava fechando. Achamos na estação um Chinese Takeaway (caso não saiba, é um tipo de "restaurante" que só vende a comida, e não tem nem onde sentar e aparentemente existe em TODA ESQUINA nessa Europa!), mas eu preferi me aventurar num Burguer King. Olhei os preços naquelas famosas plaquinhas e achei o olho da cara o tal "combo", mas qual foi a minha surpresa ao ver que tudo veio no tamanho grande, aparentemente uma "pegadinha do Malandro" pra pegar os turistas que passam por ali (já que até onde sei, em todo lugar o padrão é o médio). Voltamos pro hotel e comemos tudo por lá mesmo, batendo papo até altas horas e jogando outro jogo maluco coreano (eles também são ótimos pra inventar essas brincadeiras de "puxa-bate-faz-um-gesto").

Pouco antes de dormir, procurei no Google o que de fato havia disponível pra fazer na cidade (já deu pra ver que o planejamento pra lá não foi muito bem feito, né?!), e além de alguns monumentos a se visitar, muitas pessoas sugeriram dar uma volta de barco pelo lago. Ficamos animados com a ideia e, no dia seguinte, depois de fazer o checkout e deixar nossas malas na recepção do hotel, partimos pro supermercado pra tomar um café da manhã "low cost" e de lá pra saída do barco (que era em frente a estação). Descobrimos que também era possível usar o Swiss Pass - que era caro, mas de fato ilimitado! - e lá fomos nós em direção a pequena vila de Weggis, a pouco mais de meia hora de Lucerne.

A viagem em si foi linda, pois apesar de não estar exatamente calor, não estava muito frio, e o dia estava ensolarado como eu nunca vi na Irlanda! A paisagem era linda, e mais uma vez era possível ver as montanhas cercando o horizonte (a visão delas é muito parecida com as que ilustram a embalagem do Toblerone #gordices). Depois de muitas fotos, e de termos percebido que só dava pra ficar no primeiro andar do barco porque o segundo era reservado pra primeira classe #classemediasofre, chegamos em Weggis. Existe uma central de informações turísticas logo na chegada, mas algo estranho e engraçado aconteceu. A moça que nos recebeu - até simpatica por sinal -  já foi logo dizendo: olha, não tem muito o que fazer aqui não. Se quiserem, podem ir à direita e é possível visitar uma parte das montanhas por "teleférico", ou à esquerda vocês acham um parque. Ficamos assustados com a sinceridade da moça, mas por não dispormos de muito tempo (pois ainda queríamos andar em Lucerne em si), resolvemos só dar uma volta no tal parque.

O problema é que ele ficava mesmo perto (menos de 10 minutos) e pasmem, o "parque" era na verdade um playground minúsculo! Me senti chegando na ilha de Burano em Veneza (onde 11 em cada 10 comentários de quem já foi são: "Nothing special"). Mas acabou dando pra aproveitar o sol nunca pensei que iria falar isso estando na Suíça, e no inverno!!! Enrolamos mais um pouquinho sentados de frente pro lago, e pegamos o barco de volta à Lucerne.

Lá chegando, fomos encontrar dois amigos brasileiros, que moram em Galway e fazem parte do Ciência sem Fronteiras. Passamos mais uma vez no supermercado (!!) pra que eles - e nós - comêssemos alguma coisa, e demos uma volta por Lucerne, passando pelos arredores da cidade (ainda com muita coisa fechada, pois além de pós-Natal, era sábado), do rio e das pontes. Ainda fomos nos aventurar na busca de um souvenir - eu sempre compro um imã "de geladeira" pelos países que tenho ido - mas vou falar, quase desisti. O mesmo tipo de imã que eu comprei na Itália por 1 euro ou 2 libras em Londres, na Suíça foram SETE FRANCOS!!

Depois tivemos a cara de pau de, vendo nossos amigos com malas gigantes (pois haviam passado o Natal numa cidade no sul da França), irmos na recepção do hotel onde deixamos nossas malas o que havia sido um favor, e pedirmos pra deixarem as deles também, a essas horas apenas para podermos ir ao último ponto turístico antes de partirmos rumo ao aeroporto: o Monumento do Leão. Pelas fotos e pelo que lia, imaginava ser uma estátua pequenininha e boba, mas após quase meia hora andando, vi que estava errado. Ele é na verdade um leão esculpido numa parede de pedra enorme, muito maior do que eu esperava! Dizem que ele foi feito em homenagem à morte de soldados suíços numa tentativa de invasão da França, e o leão tem uma feição instigantemente triste!

Voltamos correndo pra pegar as malas, despedimos dos brasileiros e voltamos à estação há poucos minutos do trem partir. A viagem até Basel (onde fica o aeroporto) ainda demandaria por volta de duas horas. Encerramos assim nossa última viagem enquanto grupo de intercambistas amigos. De novo sem nenhum stress, e com tempo pra botar o papo em dia e matar a saudade daquelas piadas internas que só amigos de verdade entendem. Como resumo, a Suíça é linda, organizada e por vários motivos poderia sem considerada "o lugar dos sonhos" por muita gente, mas mesmo seus habitantes sabem que a vida lá é cara. Mesmo não tendo tanto tempo, acho que aproveitamos bastante e conhecemos muita coisa legal e com gosto de novidade.

Se nada mudar, o próximo "Pé na estrada" será também em direção a um "De volta pra minha terra" (apenas por alguns dias!), mas com algumas paradas extras pelo caminho. E que Março chegue logo!!!

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