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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Brasileiros (e compatriotas em geral) na Irlanda. Como lidar?



Acredito que a maior parte das pessoas quando decide sair do seu país pra viver em outro, tendo como objetivo aprender e praticar a língua local, pensa em evitar ao máximo o contato com seu idioma nativo. Tive isso em mente mesmo quando ainda estava planejando o intercâmbio, assim como acontece com quase todos os amigos e colegas que conversei sobre o assunto aqui, e com certeza com muita gente espalhada pela Irlanda e pelo mundo afora. Mas o motivo pra evitar pessoas da mesma nacionalidade é bastante óbvio, certo?

A verdade é que não sei se existe uma resposta tão óbvia quanto parece, principalmente quando se está do "lado de cá" da situação, e existem diversos prós e contras a serem levados em conta nessa questão.

Entretanto gostaria de salientar uma curiosidade: tomando por base o que considerei ao escolher Galway, e analisando a situação pela minha vivência aqui até então (isso não é um dado absolutamente oficial), muita gente além de brasileiros tem escolhido essa cidade pra estudar/trabalhar fugindo de Dublin por exemplo, para evitar a mesma nacionalidade! Acho isso bem interessante, pois é uma preocupação grande que vejo e tive por parte dos brasileiros, mas que também ocorre com asiáticos em geral (que são até maioria na minha escola, em comparação com brazucas), e mesmo com espanhóis, que sinceramente acredito ser o maior "grupo" estrangeiro aqui já tô quase aprendendo espanhol por tabela nas ruas, hahaha!

De acordo com o que percebo principalmente na minha escola, existem brasileiros e grupos de estrangeiros que simplesmente optam por ficarem o tempo todo juntos. Isso é errado? Não sei, mas acredito que, como já citei antes, geralmente recai no problema da língua. Muitas vezes as pessoas não tem confiança, ou o mínimo de inglês suficiente pra uma conversa. Sinceramente hoje acredito mais na primeira opção, pois nem que seja com ajuda de mímica, a coisa acaba saindo (digo isso por experiência própria, seja quando as palavras me escapam, ou quando converso com pessoas que ainda estão em níveis mais básicos). Mas também como contraponto, já vi grupo de italianos onde mesmo havendo um com nível avançado por exemplo, e outros não falando tão mal assim, jamais perdem a oportunidade de conversar na mesma língua que seus compatriotas quando estão "com a galera" o que sempre acho uma EXTREMA falta de educação com quem está junto.

Citando especificamente minha experiência com brasileiros aqui, muitos acabam se enturmando entre si e algumas vezes somente entre si, enquanto alguns tentam dividir a atenção entre brasileiros e estrangeiros. Esse também é um ponto polêmico pois, devido ao looongo tempo que decidimos passar aqui (no mínimo 6 meses) é saudável e necessário fazer amizades, mas não dá pra dizer que vale a pena fazer amigos brasileiros apenas porque são brasileiros, nem com gringos apenas porque não falam português, não é verdade? Amizade ou mesmo coleguismo tem muito mais a ver com afinidade do que apenas com idioma e nacionalidade, ainda mais fora da sua terra natal. 

Pessoalmente, a única coisa que me incomodou foi que nenhum brasileiro (a não ser os que estiveram na minha sala) se esforçou o mínimo pra conversar em inglês comigo, mesmo vendo gente virando para o lado LITERALMENTE! e falando em inglês, ainda que às vezes no "embromation". É até possível que algum(ns) dele(s) até tenha(m) esperado que eu desse o primeiro passo prefiro dar o benefício da dúvida, mas por conta dessa enxurrada de coisas a se considerar, o meu sentimento é de realmente não saber como agir quando encontro alguém do Brasil aqui! Isso deve parecer ridículo e até contraditório, mas sempre fico meio em choque, até decidir qual língua usar e como agir de forma geral. No final das contas, mesmo tendo contato com alguns brasileiros e só falando português com eles não acaba sendo o fim do mundo, mas confesso que possivelmente as coisas não tenham "evoluído" muito entre mim e eles também por conta desse ponto.

A maior parte dos amigos que fiz aqui até agora é justamente de asiáticos, em especial sul-coreanos, muito inclusive pelo fato de que eles vêm com a intenção de ficar pelo mesmo período de tempo que nós ao contrário dos europeus, que você comprimenta num dia e semanas depois está na rodoviária se despedindo. E o que vejo é que eles tem o mesmo tipo de preocupação, ainda potencializado pela cultura oriental de sempre se importar bastante com o outro. Mas como resolver essa situação?

O que tenho feito até então é tentar encontrar um meio termo. Converso com brasileiros, pois a tal história de que em certos momentos só a gente se entende e se ajuda é mesmo verdade, mas também tento entrosar com a maior parte de gringos possível, até porque isso normalmente gera conversa sobre histórias e curiosidades dos países e diferenças culturais (tema que merece um post dedicado) por horas a fio. Não quero soar arrogante, mas o que sinto é que ter o conhecimento suficiente do inglês me proporciona ter uma experiência multicultural mais completa, e mesmo sendo repetitivo mais uma vez isso é pleonasmo?, o aprendizado sobre pessoas e suas culturas é disparado o maior legado do meu intercâmbio até aqui.

Depois de horas conversando com uma amiga coreana essa semana, chegamos a conclusão de que não há uma resposta certa pra esse tipo de pergunta. De fato, cada um faz o que acha que é o melhor pra si, e obtém com isso o resultado da sua escolha. Eu já optei pelo que acho certo, e não me arrependo nem por um segundo disso. :)

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Guia definitivo de links sobre a Irlanda e Galway



Algumas pessoas entraram em contato comigo pela Internet desde que cheguei aqui, pra tirar algumas dúvidas e obter informações sobre a Irlanda, e principalmente sobre Galway. Aproveitando a deixa, resolvi criar esse post que estava na lista do que eu deveria ter escrito antes mesmo de sair do Brasil

Sempre fui uma pessoa que gosta de planejar o que faz, e por mais que isso soe como "excesso de zelo" para alguns, pra mim pelo menos nunca foi um problema, além de ter me salvo de vários apuros, inclusive aqui em terras irlandesas. Somando-se a isso a quantidade de tempo sobrando o ócio criativo que tive nos meus últimos meses no meu último trabalho no Brasil, usei esse período pra ler tudo que pude sobre meu destino, e resolvi compartilhar isso aqui, para ajudar alguém de alguma forma ou mesmo pra acrescentar algumas informações para quem por acaso possa querer. Além disso, como já falei no primeiro post, ter lido alguns blogs acabou servindo de inspiração para que eu criasse esse. Vamos lá então:


Informações sobre a Irlanda/Dublin


- Portais/sites em geral:

E-Dublin: Acredito que esse seja o site mais famoso sobre brasileiros na Irlanda. Possui muita informação, colunistas, principais dúvidas de intercambistas, canal no Youtube, fórum (no próprio site e no Google Groups) e até uma opção para se cadastrar e receber orçamento de um monte de agências de uma só vez.

Dublin para brasileiros: É bem parecido com o E-Dublin em qualidade e quantidade de informações. Quando estava no Brasil eu acessava esses dois diariamente, e sempre tinha conteúdo novo.

PodIrlanda: É um site de podcast muitíssimo bem feito, pra quem quer informações sobre tudo referente a intercâmbio na Irlanda, entrevistas, e com muitas dicas pra quem vai pra Dublin. Eles também tem um canal no Youtube com abordagens rápidas e interessantes sobre o tema.

- Blogs:

André e Stéfane: Esse foi o primeiro blog que li inteirinho. Vou ser sincero, correndo o risco de ser xingado: o blog não é escrito seguindo a norma culta da língua portuguesa (se é que você me entende), mas o autor escreve de uma maneira bastante carismática. Tem muitos posts, é quase um diário, e apesar de ser um pouquinho antigo, ler sobre todos os perrengues que eles passaram pode ser inspirador pra muita gente.

Um Tempo Fora: O blog da Bethânia é muito legal porque ele é enxuto, mas todas as dicas que ela postou/posta são extremamente valiosas! Li mais de uma vez, e tirei muita coisa como base nos meus últimos dias de preparação pro intercâmbio.

Barbaridades: Desse eu sou fã mais que declarado! Devorei o blog da Bárbara em pouco tempo. Num formato quase de diário virtual, é possível acompanhar todas as "aventuras" dela em Dublin, e sua vida de au-pair, além de ser escrito de uma maneira que não dá pra se cansar de ler.

Livin' la vida...Rick: Outro blog/diário muito bem escrito, tem informação também pra quem está indo pra Irlanda como cidadão europeu, além dos relatos sobre o interior, em Sligo. É possível ver o cuidado que o Rick tem ao escrever os posts, tudo bem pesquisado e apurado. 

Um Fabuloso Destino: Completando a última integrante da "trindade", a Bia escreve super bem toda a sua jornada como Au-pair pela segunda vez (a primeira foi nos EUA). Ela já encerrou o intercâmbio na Irlanda, então também é muito legal acompanhar os posts de "volta". Me identifico muito com a sua forma de escrever, assim como com a do Rick e da Bárbara, e é outro blog pra ler "sem piscar".

Savana in Dublin: O blog da Savana foi o último que conheci quando ainda estava no Brasil, e é uma boa pra quem quer saber mais sobre a vida em Dublin com uma boa dose de humor!

Ainda existem outros que acompanho e com certeza vou esquecer de algum enquanto escrevo aqui, como o Crônicas da Estrada, Samuka Intercâmbio, Nerds pelo Mundo, que mesmo com uma frequência menor de posts, também têm muita coisa bacana.

Youtube:

Marião na Europa: É quase redundância falar sobre intercâmbio na Irlanda no Youtube e falar sobre o Marião. Tem MUITOS vídeos sobre MUITOS assuntos! Ele também trabalha para uma escola que oferece cursos de inglês em Dublin. Já assisti quase todos mais de uma vez.

After the Plane: O canal do "Thi" foi um dos primeiros que eu assisti. Muito bem feito, engraçado e, apesar de não ter muitas atualizações recentes, tem um "legado" com muitas informações legais sobre suas experiências, principalmente na busca por emprego e na vida como trabalhador na Irlanda.

Casal em Dublin: Mais um canal bem engraçado sobre a vida de um casal em Dublin. Tem muita informação legal e dicas pra quem pretende fazer intercâmbio acompanhado.

Também curto muito o Canal Potatoes, da Bruna, e o do Márcio Veiga.


Informações sobre Galway


Como já era de se imaginar, é bem mais difícil encontrar informações sobre intercâmbio em Galway. Na época das minhas buscas, encontrei apenas esse e esse site, mas já mais antigo e sem muita coisa a respeito. No post que fiz sobre Galway tem algumas informações, mas mais numa visão geral sobre a cidade. Apesar disso, como já mencionei, o principal ponto de informação que encontrei na época foi o canal Time to Plant Things, que ainda acho ser a principal referência sobre a cidade para brasileiros quem sabe um dia eu não entro nesse ranking? Dessa forma, resolvi deixar a mais difundida ferramenta sobre troca de informações que temos no momento me ajudar, e postar os grupos do Facebook dos quais faço parte, onde se tem as mais variadas dúvidas e respostas, e informações (em português e inglês) sobre Galway. Os nomes são normalmente autoexplicativos, então nem vou colocar muita descrição:

Brasileiros em Galway  (sim é o mesmo nome, mas são grupos diferentes)
TerryLand Galway Online Jumble Sale (venda de coisas em geral, normalmente usadas)
Galway, Buy, Sell, Swap, or Giveaway (a mesma coisa do de cima)
House Hunting Galway (for sound people) (o mais acessado para anúncio de vagas de quarto)

Espero que essa "curadoria" possa servir de auxílio para intercambistas e curiosos sobre Galway e a Irlanda em geral. Até a próxima!

terça-feira, 23 de junho de 2015

Festa Junina em Galway!



E teve Festa Junina em Galway!!

Como já comentei anteriormente, a minha escola estava organizando desde o mês passado um "arraiá" para celebrar essa tradicional festa brasileira, e mostrar um pouco mais da nossa cultura para os outros estudantes e moradores locais. Ela aconteceu no último sábado (20/06), e o resultado foi muito bom! Pelo que entendi, esse é o quarto ano que a festa é promovida, e a responsável por organizar tudo na escola é uma simpática funcionária que é casada com um brasileiro (que também ajudou na organização e integrou uma banda que se apresentou na festa).

Confesso que fiquei um pouco em dúvida no início sobre participar ou não, pois é a típica situação em que você fica em cheque sobre estar em contato com sua cultura de alguma maneira, ou resolver focar completamente na vida de intercâmbio e usufruir o máximo dos costumes locais. Mas conforme relatado aqui, o convite pra participar da organização foi uma das primeiras coisas que me aconteceu ao chegar aqui, e posteriormente, quando vi muita gente do "oba-oba" inicial não querer se envolver, resolvi ajudar mesmo quem queria fazer a coisa acontecer, e colaborar para que as pessoas em geral pudessem ter um pouquinho mais de conhecimento sobre a cultura do meu país, saindo do estereotipado "carnaval-samba-futebol".

A princípio fiquei responsável apenas pelo script do "casamento caipira" (na verdade era a única coisa que me sobrou quando houve a divisão inicial, já que eu só queria ficar nos bastidores). Acabei demorando um pouco pra fazer, mas no final basicamente adaptei um roteirinho que já haviam criado em algum ano anterior, inserindo e removendo algumas partes no que eu achei que poderia ficar melhor. Incluí alguns pequenos trechos de músicas brasileiras em alguns momentos pra dar um "up" e acho que acabou ficando interessante (o DJ apoiou pra tudo correr bem no momento da encenação). O problema foi, quando resolveu-se ensaiar (apenas 3 dias antes da festa), percebemos que depois da certa "debandada", não tínhamos mais muita gente pra participar do casamento. Depois de alguma conversa, encontramos uma moça pra ser a "amante" do noivo, a narradora, e eu acabei ficando com o papel do "pai da noiva". Todo mundo que participou dos ensaios também deu algum palpite para ajustarmos alguns pontos na história, e acho que conseguimos fazer algo legal e divertido.

Durante a organização acabei também entrando no ensaio da quadrilha eu devia ter uns 10 anos na última vez que fiz algo do tipo. O único problema durante esse período foi que o português foi inevitável. Mas esse assunto é polêmico e controverso, e pretendo abordá-lo posteriormente.

Outro fato legal é que a festa foi divulgada bastante em grupos do Facebook, mas também no "Galway Advertiser", o principal jornal da cidade. Ele é distribuído gratuitamente todas as quintas-feiras pela quantidade de propaganda só poderia ser gratuito mesmo, e com bastante visibilidade aqui. Acabei conhecendo um brasileiro na festa, também chamado Lucas, que apareceu lá depois de ter lido no jornal.

Desculpe pela foto tosca, mas tirei direto do jornal, e cortei uma imagem gigante que saiu junto.

No balanço geral sem trocadilhos com a Festa Junina, acho que todo mundo que participou está de parabéns, principalmente levando em conta que ela foi organizada por alunos brasileiros, que até então não tinham muita familiaridade com nada do que precisava pra organizar uma festa desse tamanho. Todo trabalho foi muito bem feito, seja na decoração, no preparo das comidas (tinha bastante comida), fazendo som ou apenas dançando quadrilha (que teve após o casamento e que TODO MUNDO quis participar, fazendo o salão ficar pequeno pra tanta animação). Só ouvi elogios de todos que conversei, gringos e brasileiros. Se quiser conferir as fotos da nossa festa, é só dar uma passada no álbum da fan page da escola clicando aqui não estou ganhando nada pra divulgar isso.

sábado, 13 de junho de 2015

1 mês de Irlanda!



É isso! Há exatos 30 dias, eu colocava meus pés em solo irlandês pela primeira vez. Desde então muita coisa aconteceu (tenho aquela bendita sensação de que parece muito mais). Pra comemorar, resolvi fazer um post nos moldes de alguns blogs que acompanho, com um resumão do que se passou nesse período.

Em um mês na Irlanda:

- Eu já desisti de tentar adivinhar pra qual lado olhar antes de atravessar a rua, graças à confusa mão inglesa! Excluindo os lugares que passo diariamente, e as poucas (pelo menos em Galway) opções de travessia onde está pintado no chão a indicação de pra onde olhar, eu sempre checo os dois lados;

- Me senti sozinho algumas vezes, mas nas últimas semanas eu mal tenho conseguido criar uma rotina aqui, bem como fazer certas coisas que fazia diariamente no Brasil no computador, pois sempre tenho encontrado algo pra fazer com o pessoal que conheci na escola. Também tenho conversado bastante com meus housemates, sempre disponíveis e curiosos sobre o que tenho vivido aqui, além da troca de experiências entre a gente;

- Passei um bocado de frio nos primeiros dias, principalmente pegando: ou (1) uma ventania que REALMENTE parece que vai te levar mundo afora, ou (2) chuva e vento na minha direção ao mesmo tempo (sério, é MUITO tenso!). Mas acabei comprando apenas uma jaqueta impermeável aqui. Trouxe bastante roupa de frio do Brasil e no final das contas tem sido mais do que suficiente. Contrastando, só senti calor de verdade em um dia de quase 20ºC, além de dentro dos pubs, rs. A média foi de uns 12ºC nas primeiras semanas, e tem sido de uns 16ºC nos últimos dias. Com relação aos remédios, trouxe uma montanha, mas até agora só usei um pra dor muscular pois não sou atleta e já joguei basquete e futebol;

- Os dias parecem extremamente curtos, dentro do que faço normalmente: Acordo por volta das 8hs, chego na escola às 9hs, saio 12:30hs, preparo meu almoço até por volta das 13:30~14hs, volto pra escola ou faço algo com o pessoal aqui à tarde, e quando vejo já são 20hs! Principalmente por conta da hora em que o sol se põe aqui (no Verão, por volta das 22hs), perco a referência que a gente usa no Brasil. Não é aquela coisa "está-anoitecendo-tenho-que-ir-pra-casa-e-me-preparar-pra-um-novo-dia". Mas isso não é exatamente ruim, só é diferente;

- Tenho caminhado MUITO aqui, em comparação com o que fazia no Brasil (que era basicamente nada). Acho que já conheci boa parte da cidade, dentro do que é possível ir a pé. Já visitei alguns locais "turísticos", alguns pubs, shoppings, e muitos lugares dentro de um raio de 30 minutos de caminhada partindo do centro. Também já voltei pra casa mais de uma vez depois de 1h da manhã, e apesar do "sensor de alerta brasileiro" ligado, não vi nada de perigoso;

- Cozinhar não tem sido problemático, apesar de eu normalmente só fazer algo no almoço, e comer um sanduíche ou algo simples à noite. Dá pra encontrar muita coisa que tem no Brasil aqui (apesar de eu não ter testado o famoso feijão "quase doce" irlandês até agora, por exemplo). Já cozinhei duas vezes para uns amigos coreanos, e fui bem elogiado Masterchef aí vou eu. Com relação às bebidas, provei a Guinness e vi que esse negócio de cerveja não é pra mim mesmo! Também são comuns em pubs as cidras, mas não tem a quantidade de açúcar necessária para o meu paladar infantil, hahaha! Fico no refrigerante ou nos "cocktails", que nem são tão mais caros que as pints. Vodca aqui mesmo em supermercado é caríssima em comparação com o Brasil;

- Ainda não peguei "as manhas" sobre o que comprar em qual supermercado (aqui tem 5 bem famosos), e tenho dado preferência ao Tesco pela variedade e pelo que comparei de preço. Acabei me surpreendendo negativamente, pois comendo de forma normal aqui estou gastando um pouco mais do que o planejado;

- Já tenho moradia definitiva, mas só semana que vem devo concluir o processo do banco e tentar obter o visto de estudante. Também por conta disso ainda não iniciei as buscas por trabalho;

- Não tenho praticamente nada pra reclamar sobre a escola. Não faltei até agora e nem pretendo, já que moro do lado e sempre lembro o que precisei suar pra pagá-la. As aulas tem sido muito boas, e o único problema tem sido comigo, já que estou um pouco receoso sobre a necessidade de reforçar o que aprendo lá estudando em casa, mas não consegui me programar pra isso ainda. Sinto alguma evolução no meu speaking, mas pelo fato de precisar falar o tempo todo em inglês mesmo, devido à tão sonhada imersão. Português basicamente só com a família e no Facebook, quando dá tempo;

- Ter conhecido pessoas de diversos países ainda é a minha maior realização até agora. Acho interessantíssimo saber sobre a vida de cada um, e somado à história do seu país é extremamente enriquecedor;

- Esse ponto pode soar estranho pra algumas pessoas, mas até agora não senti saudade de nada! Converso com minha família e alguns amigos quase que diariamente. Minha vida antes de começar o intercâmbio estava estagnada e monótona, como já relatei aqui. Sinceramente Brasil, tá bom aqui, e espero ainda ter um tempo antes de te ver de novo, hehe. A jornada está só começando!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Pé na estrada: Cliffs of Moher




Nota mental: Mesmo (felizmente) arrumando bastante coisa pra fazer aqui em Galway, preciso encontrar tempo e criar o hábito de postar aqui pelo menos duas vezes por semana, e de preferência, próximo dos acontecimentos relatados, pois do contrário preciso ficar forçando minha memória e correndo o risco de não conseguir contar tudo que deveria. Ponto.

Confesso que de todos os blogs que acompanhei/acompanho sobre intercâmbio, os posts que sempre menos me interessam são os referentes às viagens. Não sei explicar necessariamente o porquê, e até acredito que dê um trabalho danado relembrar tudo, postar foto, etc, mas sempre tive a impressão de que é o tipo de coisa que é mais interessante pra quem escreve do que pra quem lê. Espero que quem me acompanha aqui tenha uma impressão contrária, e no final das contas, eu vou postar do mesmo jeito, rs!

Há dois sábados atrás, precisamente no dia 30/05, decidi fazer minha primeira viagem aqui na Irlanda. Destino: Cliffs of Moher. Pra quem não conhece, os Cliffs são um dos mais famosos pontos turísticos de toda a Irlanda, onde já foram gravadas cenas de alguns filmes, como uma das sequências do Harry Potter. 

Pra ser sincero nem é uma viagem assim tão longa, já que os Cliffs ficam no condado de Clare, ao lado do Condado de Galway (condado é relativamente parecido com o conceito de estado no Brasil, só que beeeeeem menor), mas quando se fala de terras irlandesas, já é sabido que nunca é muito demorado percorrer os caminhos por aqui. Saímos de Galway às 10hs, chegamos aos Cliffs por volta de 14hs, e retornamos à Galway por volta de 18:30hs.

Na verdade minha viagem foi motivada apenas por um amigo brasileiro que estava à passeio em Dublin, com sua namorada que está estudando inglês lá, e resolvemos tentar nos encontrar. Após alguns planos fracassados como ele vir pra Galway de carro, ou vir de ônibus e irmos juntos pra viagem, ele acabou decidindo ir em uma "excursão" que saía de Dublin, e tentaríamos nos encontrar já nos Cliffs e é claro que deu tudo errado!

De qualquer forma, ainda tentando fazer esse plano dar certo, e logo depois de apenas deixar minhas malas na casa nova, saí correndo pra pegar o ônibus (que sai da rodoviária de Galway, ou seja, do lado da minha nova casa <3). No ônibus, o motorista/guia fica com um microfone falando o tempo todo a respeito das coisas que vamos vendo no caminho, sempre de maneira bem divertida. Bom, na verdade aqui entra o primeiro problema, pois fazendo um balanço, acho que entendi por volta de 30% do que ele falou. Não sei se devido ao sotaque, a não ter a "leitura labial", ou à uma v@g@b*** irlandesa que estava sentada atrás de mim e fazendo uma bagunça ABSURDA! Ela cantava, gritava, batia palma, sério, tava pior do que aquelas excursões que a gente faz na escola, mas só com a turma do fundão. Até achei que era francesa porque né...

Na viagem a gente foi parando em alguns lugares interessantes no caminho e que me fizeram chegar tarde nos Cliffs. Visitamos um castelinho, um cemitério, um local com umas pedras com umas "depressões" não entendo nada de Geografia, dentre outras coisas. Não vou ficar citando todos aqui, pois não entendia direito o que o guia falava, e porque acho que seria chato. As fotos estarão no final do post.

Indo ao que interessa, após uma parada pra comer em uma pequena vila no caminho, chegamos aos Cliffs após uns 15-20 minutos. Comecei minha saga tentando encontrar meu amigo e sua namorada, até insistindo na internet que incrivelmente tinha sinal aquele lugar no meio do nada. Mas logo depois vi que não teria sucesso, e resolvi utilizar a incrível tecnologia de "reconhecimento facial", ou seja, fui tentando encontrar eles reparando no rosto de todo casal que encontrei no caminho. Hahaha!

Andei por quase 2 horas sem parar. O lugar é absurdamente alto, e absurdamente extenso! Você anda, anda, encontra um lugar alto pensando ser o cume, mas só encontra mais trillha pela frente! Mas acabei dando bastante azar, porque nesse dia estava MUITO frio, e ventava como nunca presenciei antes na minha vida!

A vista é imponente, e existem placas oferecendo ajuda à pessoas que pensam em se suicidar lá, e até uma em homenagem aos que tiveram esse triste fim. Houvi bastante português lá, mas mais um monte de outras línguas também, principalmente espanhol, alemão e inglês really?!

Depois de desistir de procurar meu amigo, e já bem cansado, voltei pra "base", que é tipo uma entrada, onde existe umas lojas de souvenir, lanchonetes, banheiro, e até um museu interativo legalzinho. Após alguns minutos o ônibus partiu rumo à Galway, parando ainda em alguns lugares "interessantes" (dessa vez com aspas mesmo, pois um desses lugares foi tipo um círculo um pouco elevado "no meio do mato", onde o guia falou algo sobre ser uma região encantada. Não sei se eu já estava muito cansado, ou era a irish bitch me atormentando, mas achei bem desnecessária a quantidade exagerada de paradas).

Resumindo: não encontrei mesmo meu amigo (o ônibus dele saiu dos Cliffs no momento em que eu estava chegando!); e fazendo um balanço, eu confesso que até de certa forma me arrependi. Só fui nesse dia por causa dele, e nem nos encontramos. O dia estava muito frio e até meio feio. Mas o pior de tudo é que esse tipo de passeio é normalmente pra se fazer acompanhado, preferencialmente de casal acho que eu era o único "forever alone" no ônibus. Me senti bem sozinho, e ainda tinha a louca atrás de mim pra ser a cereja do bolo!

Eu recomendo a viagem, pois o lugar é realmente fantástico, mas se possível tentando evitar o que eu citei acima. Espero fazer mais viagens (e provavelmente elas não serão acompanhadas mesmo), mas gostaria de ter mais sorte das próximas vezes!


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Missão: procurando um lar definitivo


Como eu já havia falado aqui, vim pra Galway com duas semanas de acomodação estudantil garantidas no pacote que fechei com a escola. Esse é o período médio que sugerem ter inicialmente, pra conseguir encontrar uma casa compartilhada pra ficar de vez. Sim, você não leu errado, aqui na Irlanda, mais especificamente em Galway, é muito comum as pessoas dividirem uma casa, alugando um quarto, seja essa pessoa um estudante ou um trabalhador vindo de outra cidade/estado, ou até de outro país. Enfim, no meu caso o tempo acabou sendo mais do que suficiente, mas não sem antes passar por alguns pequenos perrengues.

Acabei usando a primeira semana aqui pra me adaptar e resolver um monte de coisas, como já expliquei antes, e deixei pra procurar um quarto apenas quando já estivesse na acomodação estudantil. Logo, tendo chegado na acomodação no dia 16/05 (e com mais duas semanas pela frente), resolvi começar a procurar o quarto no dia 19/05, basicamente através do tão famoso daft.ie e em alguns grupos no Facebook, tanto de brasileiros quanto do pessoal daqui mesmo. Logo na primeira verificada, percebi que haviam muitas vagas disponíveis a partir do início de Junho até o final de Agosto, que são os meses de férias dos universitários (verão europeu), ou seja, a galera que estuda aqui volta pra casa e aluga seus quartos nesse meio tempo. O problema é que alugar só por esse período não me atendia completamente, apesar de não descartar essa possibilidade se não achasse nada, podendo durante esses 3 meses achar um definitivo.

Algo assustador nos grupos do Facebook (principalmente no grupo local de Galway) é a velocidade com que as vagas são preenchidas, muitas vezes com poucas horas. Já havia lido relatos desse tipo com o pessoal que vai pra Dublin, mas não imaginava que aqui seria assim (e essa foi só a primeira coincidência). Mesmo tendo recebido alguns "essa vaga já foi ocupada", na primeira noite de buscas encontrei um quarto bem barato e próximo da acomodação (ou seja perto da escola e me pouparia de cruzar a cidade com 2 malas e uma mochila). Marquei com o cara de ir no dia seguinte à tarde, e foi aí que minha inocência me pegou. Como a procura é grande, no outro dia pela manhã recebo uma mensagem falando que a vaga já tinha sido preenchida por uma pessoa que foi mais cedo que eu. Damn it!!

Continuei as buscas, e nesse dia aconteceu outro fato muito comum com brasileiros em Dublin, o qual eu realmente não acreditava que fosse ver aqui: recebi um não de uma brasileira que divulgava a vaga, pelo fato de eu também ser brasileiro! Minha conversa com a moça foi até um pouco parecida com esse texto fantástico do e-Dublin, mas eu vi que não valeria a pena insistir. Ela veio com um papo de que morava aqui há 4 anos, conversava em português no trabalho e não queria isso em casa. Mas eu me pergunto: "será mesmo que as pessoas nas casas conversam tanto entre si assim? Ninguém trabalha, sai com amigos, tem outros afazeres e só fica falando em inglês?". Confesso que me senti mal, principalmente pelo fato de que estava sendo vítima de xenofobia pela primeira vez fora do meu país, e por uma brasileira!!! Não quero parecer falso moralista, até porque já disse algumas vezes aqui (e ainda pretendo falar mais) sobre a questão de brasileiros, sobre falar inglês, etc, mas sinceramente, não me vejo fazendo a mesma coisa estando do "lado de lá". Mas o mundo da voltas e cada um sabe o que faz.

Voltando, no dia 21/05 agendei 2 visitas. Uma com o "Seu" Gerry, num quarto perto da Shop Street, a principal rua de comércio da cidade (pra dividir com 3 pessoas, eu acho), e uma com a Eileen, numa casa a 3 minutos da escola (dividindo com 2 moças). Na primeira, me bateu um desespero: a casa era bastante bagunçada, fedia a mofo em todos os cantos, e o quarto era minúsculo (não que eu esperasse algum grande, mas era basicamente a cama e o guarda-roupa, também pequenos)!

Já na segunda visita do dia, a vaga era ótima! Toda arrumadinha, a casa tinha tudo (inclusive TV por assinatura e internet). Só tinha um porém (dois na verdade): o primeiro era que ela precisaria receber mais duas pessoas pra verificar a vaga, pois já haviam marcado visita, e então a anunciante iria decidir na sequência o "ganhador" do quarto (aliás perguntei ela como é feita essa seleção e nem ela soube me explicar direito); o segundo era que fiquei com a impressão de que ela não foi muito com a minha cara e pra ser sincero nem eu com a dela. De qualquer forma, voltei pra casa esperando uma resposta no dia seguinte, já que a casa do Gerry não ia rolar mesmo.

Chegando em casa, depois de ter marcado pro outro dia algumas visitas em casas bem afastadas mas era o que tinha e cabia no orçamento, lembrei que havia anotado um telefone que encontrei no mural da escola. Não pus muita fé mas liguei. O senhor que me atendeu numa infeliz coincidência o PIOR sotaque que presenciei até agora me disse que tinha uma vaga! E melhor, bem próxima da casa da Eileen, ou seja, pertíssimo da escola! Ele insistiu pra que eu fosse visitar no mesmo dia (já eram 19hs, ele não morava lá mas pediria aos moradores pra me receber), e eu acabei indo. Chegando lá, gostei bastante da casa! Era grande e, apesar de precisar dividir com mais 4 pessoas (um casal de italianos, uma "jovem senhora" espanhola e um irlandês) não parecia ser um problema. O mais legal, entretanto, é que fui extremamente bem recebido pelos moradores. Tava rolando uma festinha de aniversário de um deles no dia, e até pedaço de bolo eu ganhei! Eles se mostraram bastante preocupados com a limpeza, já que tinham pego a casa imunda, antes habitadas pelos já famosos irlandeses-que-nunca-limpam-nada. Além de serem de países "quentes", ou seja, entendemos do sofrimento uns dos outros com o frio. Os únicos "detalhes" são: a casa não tem internet, mas dá pra usar a do celular sem problemas, a TV é basicona e a energia é pré-paga (eles pareceram bem preocupados em economizar também).

No final das contas, minha sensação era igual à daqueles momentos em que parece que a sorte está sorrindo pra você, sabe? Pelo "pacote", essa era a opção ideal: a vaga estava disponível há uma semana, mas o dono não havia divulgado ainda (ou seja, nem concorrência eu tinha), preço acessível, housemates agradáveis, casa do lado da escola, eu iria querer mais o quê??

Acabei "assinando o contrato" (entre muitas aspas, já que o landlord me deu uma folha de caderno preenchida, mas que já era melhor do que na Eileen, que disse que não teria nada por escrito) no dia 23/05, mesmo tendo uma semana de acomodação estudantil ainda disponível (e fiquei lá até o último dia, pois quarto com suíte eu não vou ter de novo tão cedo, hehe). Concluí a minha mudança andando por 1km com mala, mochila e sacola cheia de coisas que eu já tinha comprado, inclusive comida no último dia 30. Tem sido bem tranquilo aqui, apesar de alguns pequenos probleminhas, mas isso é assunto pra depois. A questão é que agora tenho casa e um endereço, e já posso iniciar o processo do visto de estudante mais tranquilo. Missão cumprida!