Flag of Great Britain Flag of Brazil

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pé na estrada: Londres - Parte 1


Aproveitando que a Yui estava a dias de voltar pro Japão, e somando-se ao fato de que quase ninguém da minha turma havia ido pra para o destino mais óbvio dos intercambistas da Irlanda, na última semana (dia 10/11) resolvemos juntar tudo e nos juntar pra fazermos mais uma viagem, dessa vez pra Londres.

Já havíamos definido que não seria possível passarmos muitos dias, e pra acomodar as agendas de todos, combinamos 3 dias na terra da rainha. Outra limitação seria o orçamento, uma vez que estava todo mundo meio apertado, tendo que levar em conta que lá os gastos seriam em libras, ou seja, ainda mais caro do que o euro.

Assim, compramos as famosas passagens a preços super em conta (resolvemos não ir pra Dublin, e usarmos os aeroportos de Shannon e Cork. O primeiro é a uma hora de Galway, mas Cork é até mais longe do que a capital tudo em nome da economia). Gastamos novamente intermináveis horas planejando a viagem (e Jesus, como isso é cansativo! Mesmo tendo iniciado o plano um pouco antes, ficamos de 18hs de um sábado até as 4hs do domingo só fazendo isso, e não conseguimos terminar tudo!). Com relação a acomodação, os meninos sugeriram ficarmos em um hostel coreano, algo existente em várias cidades mundo afora e que até onde sei não temos parecido para brasileiros. O preço, que incluía café da manhã e até noodles como opção de jantar, foi também em conta, além da localização super central, então resolvemos arriscar apesar do meu péssimo retrospecto com dicas coreanas nas minhas últimas viagens.

Acabei madrugando no dia da viagem, pois cheguei do meu curso em Dublin às 1 da manhã, e 6 horas já tava de pé indo pegar o ônibus pro aeroporto. A viagem foi tranquila e com pouco mais de uma hora chegamos em Gatwick. Lá encontramos com o Paul, que decidiu ir no dia anterior queria ter esse desprendimento e veio no vôo de Dublin. Na estação de trem (conectada ao aeroporto, e que nos levaria a Londres propriamente dita) acabaram logo acontecendo duas coisas pra "quebrar" o estereótipo inglês: uma senhora extremamente simpática nos ajudou a comprar o ticket pro nosso amigo, explicando minimamente como tudo funcionava e nos dando dicas pra nossa locomoção em Londres. A outra coisa foi que o trem acabou atrasando alguns minutos. ¯\_(ツ)_/¯

Fomos de trem rumo à Victoria Station, uma estação ENORME no coração de Londres, que integrava trem e metrô. De lá, fomos caminhando para a acomodação. No lugar, justo pelo preço pago, algo o qual eu não tinha pensado antes aconteceu: várias regrinhas relacionadas à cultura coreana (por exemplo, ao chegar, não se podia entrar de tênis nos cômodos, tendo que calçar uns chinelos que fixavam disponíveis na entrada). Além disso, não sei se por preguiça, comodismo, vergonha ou falta de conhecimento mesmo, ninguém conversava em inglês! Mesmo a funcionária do local (que deve morar lá há um tempo) explicou tudo na língua deles, e meus amigos se viraram pra traduzir para os "estrangeiros" aqui do Brasil e Japão.

Saindo de lá e caindo de fome achamos uma loja de conveniência e compramos uma "meal deal" (sanduíche ou salada, uma bebida e uma "besteira" como um chips ou um doce) e resolvemos procurar um parque pra comer. Acabamos indo na direção contrária à dos pontos turísticos, e após cruzar a Chelsea Bridge, encontramos um parque e andamos uns bons minutos até encontrar um bendito banco (?!) pra podermos comer em paz.

Dentro da nossa programação inicial, a idéia era chegarmos e irmos direto pra uma visita guiada dentro da National Gallery, uma galeria de artes enorme e um dos locais mais visitados por turistas que se interessam pelo assunto. Logo depois iríamos dar uma volta pelos pontos turísticos mais famosos (leia-se: Big Ben, London Eye e construções ao redor), mas conforme percebemos, nosso planejamento já iria furar, tentando cumprir isso tudo e ainda irmos pro nosso compromisso agendado para a noite.

Assim o que fizemos foi basicamente voltar para a parte "movimentada" e visitarmos o Palácio de Buckingham. Lembrando que aqui na Europa já estamos naquele terrível exótico período em que se começa a anoitecer por volta das 17hs, então não fazia muito sentido "bater perna" em parques por exemplo já sem a luz do dia.

Após algum tempo admirando, estudando via Wikipédia a respeito do palácio (gente, lá tem 775 quartos!!!) e tirando algumas fotos, voltamos à acomodação. Lá, sofri com toda a característica apimentada exótica do "miojo" coreano, mesmo já sabendo disso e pedindo pra que ele fosse feito mais suave (a coitada da moça ainda disse que usou menos da metade do tempero, mas não dá, é simplesmente como se eu estivesse tentando engolir algo com minha boca em chamas).

Saindo de lá, nos guiamos para o evento da noite, o que incentivou ao Paul a ir pra Londres pela segunda vez, e que pra mim significava realizar um sonho: fomos assistir um musical!!! Na verdade eu até já tinha assistido alguns em BH, mas obviamente nada nas dimensões dos disponíveis nos teatros londrinos! Juntando nosso baixo orçamento e as opções disponíveis, fomos ver Wicked, um dos maiores clássicos da Broadway que conta a história do Mágico de Oz sobre a perspectiva de um personagem. Confesso que foi de arrepiar! Emocionante é pouco pra descrever minha reação, principalmente ao ouvir músicas do meu "guilty pleasure" Glee, como Popular, Defying Gravity e For Good houve muito amor envolvido.

Depois do espetáculo, que contando com o intervalo durou quase 3 horas, resolvemos deixar à visita noturna aos pontos turísticos para o outro dia e após readequarmos o plano pro próximo dia e batermos um papo na acomodação regado a cerveja claro que não pra mim, pois não queria ficar com o pé inchado de novo, fomos recarregar as energias para o dia seguinte.

Continua...

domingo, 8 de novembro de 2015

A experiência do intercâmbio, e as pessoas que cruzam nosso caminho


Depois de todas essas entrevistas, e coincidentemente após ter lido esse artigo do e-dublin e esse post do Próxima Curva me senti ainda mais inspirado pra escrever sobre o assunto.

É muito interessante como normalmente as coisas acontecem em um intercâmbio, no tocante a amizades e companhias. Decidir sair do conforto da sua casa, deixando familiares e amigos de longa data pra enfrentar o completo desconhecido já deveria ser motivo suficiente para que todos os intercambistas fossem direto para o paraíso respeitados. Quando você se vê imerso numa realidade de um país e língua diferentes (especialmente se eles não forem muito familiares pra você), isso faz simplesmente seu chão tremer, e paira uma dúvida eterna sobre o próximo passo - muitas vezes, literalmente.

Dentro desse contexto, muita gente conhece seus primeiros companheiros, seja na escola, na acomodação, no trabalho ou até no pub. Por que não? E aí é que a coisa acontece. Pessoas que você conheceu há poucos dias (e que muitas vezes nem vai ter toda a afinidade do mundo) passam a ter uma importância enorme na sua vida, e com eles provavelmente você vai vivenciar momentos únicos, de alegria, companheirismo ou de farra ou os três juntos, preferencialmente. Da mesma maneira, ter que encarar despedidas, principalmente quando as datas de início e fim de intercâmbio dos seus colegas não "batem" é algo bem ruim. Essa é uma preocupação e realidade permanente de todos nós. Já precisei dizer tchau para algumas pessoas que gostaria de manter pra sempre comigo, mesmo tendo as conhecido em poucas semanas, e quando na verdade esse tempo parecia beeeeeem mais longo.

Escrevo esse texto de forma semi-autoral, pois nesses quase seis meses aqui pude observar diversos comportamentos, desde pessoas praticamente gritando para que alguém as note e assim poderem fazer amigos, a verdadeiros imãs, que atraem mais e mais gente muitas vezes baseadas no seu puro carisma. No final, nós intercambistas estamos todos no mesmo barco: procurando algo e alguém pra se apegar, inseridos em uma realidade diferente da que vivemos durante toda uma vida. E talvez isso nos faça ser tão próximos.

Sempre fui uma pessoa que prezou mais por qualidade do que por quantidade de amigos, mas garanto que em um intercâmbio você pode levar essa máxima em qualquer extremo, e vai ser possível. Mas mais do que isso, muita gente diz que o intercâmbio é um dos melhores momentos pra se autoconhecer. Os momentos de perrengue e muitas vezes de solidão vão fatalmente te amadurecer. Mas as pessoas de inúmeras culturas, comportamentos e modos de ver a vida estarão sempre disponíveis (afinal gente diferente da gente tem em todo lugar, né).

A experiência do intercâmbio é única e individual. Talvez pelo meu excesso de auto-conhecimento, é até arriscado dizer que isso é alcançável né? eu acabei experimentando no meu intercâmbio algo um pouco diferente disso: tenho aprendido a conhecer e entender pessoas. Tenho praticado diariamente o exercício de entender que elas não precisam ser iguais a mim, e que a graça da vida está aí.

Tinha faltado meu avatar, agora não falta mais! XD

Como já citei inúmeras vezes, meu maior contato aqui são com amigos de outras nacionalidades (o que potencialmente só aumentaria os contrastes), mas me sinto sortudo. Ainda que às vezes isso seja meio estranho (já que meu contato com nativos aqui é ainda bem pequeno, e algo do que de certa forma me arrependo porque faz meu intercâmbio soar um pouquinho incompleto) penso que ter a oportunidade de conhecer gente de tanto lugar diferente é algo fantástico! Nesses quase seis meses tive contato real com pessoas de quase 30 países aqui! (1: sim, eu contei me julguem! e 2: um BEIJO pra você do Brasil que acha que eu estou na "roça" da Irlanda).

Talvez possa soar meio esnobe o fato de que não tenha nenhum amigo brasileiro realmente próximo aqui (o que não quer dizer que não tenha nenhum, muito pelo contrário), mas acho que tive a sorte de encontrar uma turma com pessoas que, independente da nacionalidade, se complementam de uma forma muito legal. E o interessante é que isso simplesmente aconteceu. Não os "escolhi" como amigos em detrimento de ninguém, já nesses momentos a dona afinidade sempre fala mais alto.

Com meus amigos dividi momentos únicos e que com certeza levaremos pra toda vida. Sabemos que nosso convívio diário possui a incômoda contagem regressiva (que pode se acentuar ainda mais caso eu encontre um emprego aqui, por exemplo). Mas enquanto isso, com o perdão do imenso cliché, vamos vivendo e aproveitando esse dúbio momento chamado presente. Um viva à amizade!


PS: Mesmo me achando eternamente "não-fotogênico", fica aí uma galeria pra ilustrar um pouco das pessoas fantásticas que conheci aqui até então.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A turma do barulho! - Parte 4



Encerrando a semana de entrevistas afinal essa é minha turma e não a escola inteira, quem aparece por aqui hoje é a Boreum. Sim, dessa vez é uma coreana que não tem nome em inglês! Boreum é a responsável por ouvir e criticar todas as minhas piadas infames. Somos bastante próximos (minha housemate já perguntou se somos namorados. E não, não somos!), e brincamos um com o outro o tempo todo. Ela muitas vezes tem um ar meio pessimista e pra baixo (como talvez tenha parecido nessa entrevista), mas não se deixe enganar, ela é uma ótima pessoa, amável e super agradável. Tanto é que já começamos a conversa assim:

-Você me promete não usar isso? (pergunto "O que? O áudio?") Minha voz. MINHA VOZ (se aproximando do meu celular que gravou a conversa). E não, eu não usei sua voz, Boreum, hehe.



Quem é você?

Eu sou da Coréia, e meu nome é Boreum Kim (soa como Bórúm, mas o anasalado do "m" é diferente do nosso e não da pra explicar só escrevendo). E... eu tenho 23 anos. E... eu sou estudante... (pedi pra ela parar por aí porque isso fazia parte da outra pergunta).


De onde você é (cidade e país)?

Gyeonggi-do (algo como kiônguidô), Coréia. (Eu disse a ela que não precisava responder como um robô).

(Perguntei se era uma cidade grande). Sim, é grande. É maior do que Seoul, a capital. (Questiono se em extensão ou quantidade de pessoas). Ambos, talvez... Não, só em extensão.


O que você faz?

Eu sou estudante, estudante universitária, e eu estudo Ecologia Humana (espero que essa seja a tradução correta de novo, porque não conheço). Em particular sobre crianças e famílias.

(Pergunto se com isso ela aprender a como lidar com eles). Sim, especialmente o desenvolvimento da criança e da família também. (Questiono também qual tipo de carreira uma pessoa pode ter estudando esse curso). Eu posso trabalhar em jardins de infância, e... eu posso trabalhar em conselhos tutelares, assistência social, coisas do tipo.

Eu estou estudando lá, e quase terminando o curso. Eu ainda tenho mais um semestre.


O que você acha da Irlanda e de Galway em geral? Você consideraria morar aqui? Por quê?

Não, claro que não... É tudo pequeno, tudo. Não apenas pela extensão, mas economia, eu creio que seja menor do que meu país. E população também, é em uma quantidade bem menor (mesmo com um território pequeno, a Coréia possui uma das maiores densidades demográficas do mundo!). Então é muito diferente.

Eu não considero viver aqui porque é pequeno, e eu gostaria de viver em um país grande. Aqui é muito calmo, e não tem nada pra fazer.


Acha que ter vindo morar/estudar aqui valeu a pena? Por quê?

Avaliando até agora eu não sei dizer, porque eu ainda estou pensando se vale a pena ou não! Na verdade... Mas com relação a quê? Em geral? Eu preciso pensar se vale a pena! Porque claro que aqui eu posso usar inglês ao invés de coreano, e posso focar na língua. O que mais? Eu realmente não sei... Você está me deixando perturbada!

(Pergunto há quanto tempo ela está aqui). Há 5 meses.


Pôde aproveitar da curta distância entre a Irlanda e outros países europeus pra viajar? Qual foi sua melhor viagem? Pensa em viajar mais? Onde?

Sim. (modo robô de novo).
("Qual foi sua melhor viagem?"). Itália.
("Por quais países viajou?"). Itália, Aran Islands (pra quem não conhece é um conjunto de ilhas que fica a uma hora daqui de Galway. Mas obviamente disse a ela que isso não contava como país). Holanda, Alemanha, República Tcheca, mas Itália foi o melhor lugar em que eu já estive, porque eu pude aproveitar pra passar o tempo com meus amigos lá, e o país possui locais lindos, e é também um lugar com uma grande bagagem histórica, então eu me diverti visitando esse tipo de local. E o clima é ótimo.

Eu pretendo viajar mais! Pra Inglaterra, Bélgica, e Suiça! E se eu puder, eu quero viajar pra Espanha, França e... China! ("China??"). Não é na Europa né, hahaha!


Cite algo interessante sobre seu país que acha interessante dizer a estrangeiros.

No bom sentido? (Digo apenas "interessante"). No mau sentido? ("A escolha é sua"). Hum... Ah, o sistema de transporte é muito bom! Isso é interessante. Na verdade, não é interessante! Na verdade, o que eu deveria falar? Porque eu quero emigrar, e isso significa que eu não tenho boas lembranças sobre meus país, MAS, se você insiste, hahaha, se você IMPLORA... Bom, o que mais... É talvez a nossa história. Porque nós fomos invadidos várias vezes ao longo de toda nossa história (apenas para exemplificar, a Wikipédia diz, em ordem: Pela Mongólia, Japão, China e Japão de novo). Mas nós mostramos contra esses países, quero dizer, nós lutamos pela nossa liberdade, por democracia. No que se refere à história, eu acho que isso é muito interessante. Mais do que a história européia.

(Ela estava murmurando "interessante, interessante..." e quando eu passei a bola pra Yui - já que entrevistei as duas meio que ao mesmo tempo, ela gritou). Comida! Comida! Eu tenho mais uma coisa! A comida é muito interessante. Eu gosto da comida coreana! E nós temos uma grande variedade de comidas. De doce, a amargo, apimentado e até sem sabor. Sério, nós temos comida que não tem sabor de nada! (Pergunto se um "ingrediente" que eles tem chamado de bolo de arroz - que de bolo não tem nada, é um exemplo já que não tem gosto de nada MESMO). Sim, pode ser um exemplo.


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (e que eu não tenha te contado).

Boto? Boto! Golfinho rosa! Eu conhecia, e eu sei que ele vive em rios, não no oceano, e ele é rosa! E eu acho que ele não era rosa. ele era de uma cor diferente, mas mudou (não faço ideia se essa afirmação é verdadeira ou não).

Boto e... Brasil... Brasil... Ah, e a floresta, qual é o nome? Amazônia! A Amazônia está diminuindo, você entende o que quero dizer, né? Sim, pessoas estão destruindo ela. Todo mundo sabe disso. E isso é muito triste.


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (que você não sabia e que eu te contei).

(Citei "Coelho come cenoura". Contextualizando, uma vez ela me disse que gostava de Paulo Coelho, coisa que já ouvi de várias pessoas por aqui. Daí vira e mexe ela me pergunta palavras em português, e uma vez expliquei que "rabbit" era o mesmo que o sobrenome do autor. Ela pediu uma frase de exemplo e agora repete isso pra todo brasileiro que ela conhece! O problema é que a frase é super randômica, e não diz muita coisa né, hehe).

Sim, sim, com relação a língua, eu sei falar várias frases! Posso tentar? Coelho come cenoura. "Que que foi?". Fofo. Eu quero ser sua amiga.

Além da língua, eu tenho um pouco de conhecimento sobre a política no Brasil, mas num mal sentido. E agora eu sei que eles não sabem quase nada sobre a Amazônia. É um país muito grande. E sobre questões geológicas eu ouvi bastante (acho que aqui ela quis se referir aos estados, pois diversas vezes na escola acabamos conversando sobre essas diferenças entre brasileiros).

Ah, e comida, comida! Eles usam muito leite condensado (ela exagera um pouco, mas aqui percebi que de fato muitas das nossas sobremesas têm isso como ingrediente e eles acham super doce!). Apenas pra sobremesa, mas ainda assim eles usam muito. E coco também. Eles têm um "coco doce", e é mais doce do que o coco italiano (??!!). E é um país um pouco perigoso. Na verdade, eu não sabia disso, mas você disse. Ah, e eles têm a Linha do Equador cruzando o país. E lá é muito quente. E eles tem estações opostas (por conta dos hemisférios).


Deixe um recado pra quem for ler isso.

Na verdade eu não esperava que houvesse discriminação sobre raças, mas isso ainda existe, muito, em todo lugar. E não só sobre raças, mas gênero, idade, e tudo mais. Digo isso porque imagino que seus leitores também sejam estrangeiros, ou estão fora do país. Eu só queria dizer "não julgue pelas informações simples que eles têm", como cor da pele, idade, gênero, essas coisas. E isso vale para todo ser humano. Tchau!

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A turma do barulho! - Parte 3


E antes tarde do que mais tarde nunca, vamos à nossa terceira entrevistada!

A convidada de hoje é a japonesa Yui. Conheci ela na minha antiga sala, quando ela subiu de nível. No início ela era extremamente tímida, e estava mais naquela coisa de "amigo de amigo". Mas depois nos aproximamos e pude conhecê-la um pouco mais. Yui é uma pessoa super interessante pois, ao mesmo tempo em que é quieta e reservada, não nunca deixa de contestar e de tentar provar que está certa em uma discussão que a envolva. Ah, e foi ela quem criou esses nossos "avatares" (muito parecidos com a gente) já há algum tempo, e eu resolvi usar aqui! Enfim, simbora!



Quem é você?

Eu sou Yui Kanamori, e eu sou japonesa. Eu tenho 21 anos.


De onde você é (cidade e país)?

Eu sou de Fukui, no Japão. (Pergunto se é perto de Tóquio). Não, é perto de Kyoto e Osaka. (claro que eu tive que perguntar como se escreve cada um desses lugares).

(Pergunto se é uma cidade pequena). Sim, é pequena. E é conhecida como a cidade menos famosa no Japão. Mesmo alguns japoneses não sabem onde ela fica!


O que você faz?

Eu sou estudante universitária, e eu estudo Estudos Culturais Comparativos (nem sei se essa é a tradução correta, pois foi a primeira vez que ouvi falar disso). É muito difícil de explicar, então eu prefiro evitar falar sobre isso, hehe.

(Falei apenas para rapidamente me dizer o que ela compara). É muito difícil de explicar! Porque... dentro desse tema eu estudei um monte de coisa como... educação, gênero (homem e mulher, no caso), essas coisas... Mas é algo a respeito do mundo em geral, não só no Japão.


O que você acha da Irlanda e de Galway em geral? Você consideraria morar aqui? Por quê?

Antes de vir pra cá eu queria viver uma experiência em um país com clima como esse, e eu achava que seria bom viver em um lugar assim, mas quando eu cheguei aqui eu percebi que o clima era ruim, e que ventava muito! E por conta do vento nós podemos ser "atacados" pela chuva (experimente a sensação de pegar chuva num lugar que venta muito e verá que a expressão atacar não é exagero).

Mas eu gosto daqui, porque eu não gosto de cidades grandes. Eu gosto de cidades pequenas como Galway. Eu acho que eu poderia permanecer aqui, mas eu não quero, pois é bem caro em comparação com o Japão.


Acha que ter vindo morar/estudar aqui valeu a pena? Por quê?

Sim... Talvez... Tipo isso... Porque, como eu disse, é uma cidade pequena então se você quiser você pode focar em estudar, pode focar em algo, se você quiser.

Eu pude viajar por alguns países, e foi muito bom. No Japão isso seria bem difícil de acontecer, eu acho, na verdade eu não sei. Eu não viajei muito, mesmo no Japão, então eu não tenho certeza. Mas nesse país, devido à sua localização é muito fácil viajar pela Europa, sendo a Irlanda um país europeu. Foram experiências muito boas, e é bem barato viajar aqui.

Então se você fizer amigos aqui, você pode viajar muito, e aproveitar muito... Se você está sozinho eu acho que pode ser difícil, mas talvez estando com amigos pode ser bom viver aqui, eu acho.

(Pergunto a ela há quanto tempo ela está em Galway). 7 meses, e fico mais um mês.


Pôde aproveitar da curta distância entre a Irlanda e outros países europeus pra viajar? Qual foi sua melhor viagem? Pensa em viajar mais? Onde?


Sim, muito! Eu fui pra Bélgica, Escócia, Itália, França, República Tcheca, Alemanha e Holanda.

Na verdade é difícil de decidir (qual foi a melhor viagem). Porque quando eu fui pra Bélgica, eu achei realmente um lugar muito bom, muito legal de estar. Com comida boa, paisagens bonitas, mas pra ser sincera eu não aproveitei muito por conta de uma amiga! Ela foi bem incômoda, e eu precisei ser bem paciente a viagem inteira! Foi bom, mas...

Outro lugar também legal foi a Itália, porque eu fui pra lá com meu namorado (ele veio do Japão pra viajar com ela), e em todo lugar tinha boa comida, e tudo era delicioso, eu aproveitei muito. É um lugar histórico, e a gente pôde aproveitar muito.


Cite algo interessante sobre seu país que acha interessante dizer a estrangeiros.

Nós temos uma coisa que é bem famosa entre estrangeiros, e mesmo entre japoneses: "comida japonesa de mentira" (tradutor sofre!) No Japão, nós temos vários "exemplos" de comida em frente aos restaurantes, mas é de mentira, ninguém pode comer! Elas são de mentira, mas a aparência é muito real!

(Perguntei qual era o propósito disso). É pra mostrar o que se oferece no restaurante. E aí as pessoas entram lá e fazem o pedido da comida. E a qualidade desses "exemplos" é muito alta! É impossível reconhecer se é de verdade ou não. É algo muito interessante, eu acho.


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (e que eu não tenha te contado).

Eu ouvi dizer que os brasileiros gostam do Japão! Sim, eu ouvi isso! Eu não sei o porquê, mas sim! Quando eu estava no Japão a imagem que eu tinha era que o Brasil é um país iluminado (ela está falando de sol, não de questões religiosas, por favor). Eu não sei o quê dizer! E um lugar divertido. Carnaval, Rio... Ah, e todos os japoneses sabem que nós estamos no extremo oposto do Brasil (a bendita história de que se cavarmos um buraco no Brasil, chegaremos no Japão pelo visto também existe lá, mas ao contrário).

(Perguntei se ela conhecia o Ayrton Senna. Pra quem não sabe, na "era de ouro" dele, ele também era ovacionado na terra do sol nascente). Eu acho que sei, mas não tenho certeza. Na verdade eu sei, porque eu me lembro do caracter japonês que representa Ayrton Senna (que na verdade soou como Airito Sena, hehe).

(Também comentei sobre um técnico brasileiro que esteve por um tempo no Japão). Zico! Zico, eu conheço!


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (que você não sabia e que eu te contei).

Brasileiros usam "né" (sim, é mesmo verdade que temos isso em comum, o mesmo som e o mesmo significado!). Porque na verdade ontem eu estava usando o Facebook, e eu vi um comentário seu em português e estava escrito "né". E eu fiquei, tipo: "Ele usou isso!!". Eu fiquei impressionada. "Ele realmente usou isso!"


Deixe um recado pra quem for ler isso.

Sair do meu país foi uma experiência muito boa pra mim. Eu pude ver as coisas por um aspecto diferente. Eu conversei com muita gente de outros países, e às vezes eu ouvi deles coisas impressionantes, às vezes coisas tristes, às vezes coisas engraçadas, enfim, um monte de coisas.

Eu recomendo a você que viaje pra fora do seu país, e que possa ver as coisas por um aspecto diferente. E talvez assim você possa ver as coisas de uma maneira diferente, de um jeito que você não via antes.

Eu sempre ouvi que existem vários japoneses legais, mas também existem vários estrangeiros legais, e existem alguns japoneses que eu não gosto também! Então, acho que nós podemos ver as pessoas pelo que elas são, sem estereótipos, tipo isso.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A turma do barulho! - Parte 2



Continuando as entrevistas, o bate-papo de hoje é com o Paul. Assim como o Claude, eu conheci o Paul em um pub (na verdade, eles estavam juntos nesse dia). A história deles é interessante, pois eles têm um amigo em comum na Coréia, mas não foram apresentados anteriormente, e só foram se conhecer aqui, completamente por acaso quando caíram na mesma turma na escola.

Apesar de passarmos menos tempo juntos (já que ele está sempre viajando), gosto das nossas conversas porque com ele posso falar de assuntos mais filosóficos e ter uma conversa de gente velha um pouquinho mais madura. Se liga!



Quem é você?

Meu nome é Paul, mas esse é meu nome em inglês, pra ser mais fácil de ser dito. Meu nome em coreano é Ungseok Jung (algo como Unsó Jóng). Meu nome é Ungseok e meu sobrenome é Jung. Eu tenho 24 anos, e na Coréia eu tenho 25.


De onde você é (cidade e país)?

Eu sou de uma cidade chamada Daegu (soa como Dégu), na Coréia do Sul, a qual é localizada no meio do meu país. É uma cidade grande, e é conhecida por ser a quarta maior cidade da Coréia (por ser um país pequeno, eles não possuem o conceito de estado, como no Brasil).


O que você faz?

Eu sou estudante de nível superior, e meu curso é ligado à aviação, relacionado ao tráfego de aviões, e basicamente o que eu vou fazer é controlar os aviões no ar para evitar acidentes, então provavelmente eu trabalhar numa torre de controle. Eu ainda preciso concluir o último ano do curso, então quando eu voltar eu preciso reiniciá-lo pra concluir minha graduação.

Eu já terminei o serviço militar obrigatório no meu país, mas há dois anos atrás eu precisei entrar lá, por 21 meses. Foi difícil porque tudo é mantido sob controle, e eu não podia fazer nada por minha vontade. Tudo que eu fazia eu precisava antes ter uma permissão.


O que você acha da Irlanda e de Galway em geral? Você consideraria morar aqui? Por quê?

Hmm... Antes de vir pra Galway, Irlanda, eu imaginei o país como sendo um lugar com música em todo canto, porque meu primeiro contato com o país foi através do filme "Once" (pra quem não conhece, é um filme/musical muito famoso que se passa em Dublin e que eu não gosto). E lá falava muito de música, e dos músicos de rua (buskers) cantando em Dublin, então eu pensei: eu gosto de música, então eu gostaria de ir pra lá.
Em se tratando de Galway, eu gosto dessa cidade, mas às vezes eu não gosto, porque chove muito, e principalmente porque eu morava um pouco longe do centro da cidade (25 minutos a pé), então se chovesse eu me molhava muito, e quando eu chegava em casa eu parecia alguém que havia acabado de sair de uma piscina!
A cidade é calma e tranquila em comparação com outras cidades aqui, mas eu gosto da cidade e essa foi a razão pela qual eu a escolhi. Eu não queria ir pra um lugar e viver uma vida estressante. Eu gosto daqui.

Pra sempre? Em Galway? Você tá brincando? Eu disse que eu gosto do país, mas a questão é, pra aprender inglês é muito bom, mas ficar aqui permanentemente seria um inferno! Eu jamais me acostumaria com esse clima, porque chove muito. Se eu tivesse um carro e uma casa própria eu poderia considerar. Se eu tivesse dinheiro suficiente, eu acho que poderia ficar. Do contrário eu escolheria outra cidade pra viver se eu tivesse que escolher e não voltar mais pro meu país.
(Pergunto se seria outra cidade na Irlanda ou outro país). Outro país! Porque chove muito aqui e eu não sou muito bom em lidar com mau tempo, ainda mais sendo inútil usar guarda chuva aqui! Eu já quebrei vários porque o vento é muito forte, e eu não quero gastar mais dinheiro comprando guarda chuva!


Acha que ter vindo morar/estudar aqui valeu a pena? Por quê?

Pra mim é uma boa chance, porque é a minha primeira experiência vivendo fora, estando longe do meu país. Eu nunca tinha vindo à Europa antes, e eu nunca tinha visto tal quantidade de estrangeiros, então eu acho que vale a pena. Eu gastei muito dinheiro vivendo aqui (como eu, ele não trabalha aqui), mas considerando outros países de língua inglesa, como Inglaterra, Estados Unidos, Canadá ou Austrália, o preço é um pouco mais em conta. Então, se você tiver que aprender inglês, se quiser aprender inglês eu acho que a Irlanda é uma boa opção pra viver e aprender a língua. Eu nunca vivi num outro país que falasse inglês, mas eu acho que na Irlanda você pode encontrar uma diversidade maior de nacionalidades. Eu ouvi dizer de um amigo que foi pro Canadá, que lá ele só conheceu pessoas da Ásia e Arábia, o que não é muito bom se você quer conhecer mais culturas e pessoas. Então eu acho que de certa forma é o melhor país pra aprender inglês.


Pôde aproveitar da curta distância entre a Irlanda e outros países europeus pra viajar? Qual foi sua melhor viagem? Pensa em viajar mais? Onde?

Sim, eu visitei vários países aqui, como França, UK, Bélgica, Áustria, Itália, Espanha, República Tcheca, Alemanha, Noruega, Suécia...
Minha melhor viagem foi em Munique, porque eu tenho boas memórias dessa cidade. Eu estava com amigos que vieram da Coréia pra me ver e viajarmos juntos. E nós ficamos numa acomodação legal, e nós fizemos umas festinhas lá. A cidade à noite é muito bonita. E na minha opinião pessoal, eu gosto de beber cerveja. E a cerveja alemã é a melhor cerveja do mundo! Então toda noite, todos os dias em que eu estive em Munique foram dias fantásticos!

Eu pretendo viajar mais, com certeza! Viajar é na verdade uma das minhas principais razões para ter vindo pra Irlanda, porque é perto pra viajar para países europeus, então eu quero usar dessa oportunidade tanto quanto eu puder.

Com relação a planos, eu vou pra Holanda em novembro, pro Marrocos, na África, em dezembro, e pra Suíça também em dezembro. E antes de voltar pro meu país, eu vou pra Turquia. Se eu tivesse a oportunidade de voltar a algum país, eu voltaria pra Espanha, para o sul da Espanha. Mas não pra Barcelona! (ele teve sua mochila, com carteira e celular, furtados em um parque lá). E gostaria de ir pra algumas cidades não muito famosas na França, como Nice. Sul e oeste da França.


Cite algo interessante sobre seu país que acha interessante dizer a estrangeiros.

Eu conheci alguns estrangeiros na Coréia, e eu perguntei a alguns deles qual foi a coisa mais interessante que eles conheceram lá, e eles disseram: o serviço de entrega! Porque em todo lugar eles entregam! Por exemplo, tem um rio gigante no meio da minha cidade, e nas proximidades tem um parque, que é facilmente acessível indo de metrô. E eles estavam lá, é só precisaram ligar pra um restaurante, tipo KFC, e eles entregaram lá! Então não importa onde você esteja, eles vão entregar! (Perguntei se era possível entregar mesmo em qualquer lugar, no meio da rua). Sim! Se você souber explicar onde você está eles vão, usando uma moto.

(Perguntei se até no meio do mar trocadilho de "sea" com "street") Tá brincando? Jesus! Sério? Mas posso contar uma história? Tem uma ilha, longe das ilhas consideradas grandes, e que também são longe da ilha principal na Coréia, e nesse local eles sequer têm restaurantes. Então as pessoas que visitam lá tentam conseguir comida das outras ilhas, e isso é possível, usando um barco! Eles pedem comida chinesa, por exemplo, de outra ilha, e se usam barcos pra chegar lá e entregar a comida. É mais comum pra turistas, mas até os nativos podem pedir. É interessante porque é diferente, uma cultura diferente.
(Pergunto se é preciso alugar um barco, ou se tem algo comunitário e todos usam ao mesmo tempo) Na verdade eles apenas pegam emprestado, e eles só cobram um pouco mais pois dá trabalho, pela distância e tudo mais, mas não é comum ter um barco só pra fazer entregas. É isso o que eu queria dizer de interessante sobre o serviço de entrega. Não importa onde você estiver, hehe!


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (e que eu não tenha te contado).

Me deixa pensar, me dá uns minutos... (tentei exemplificar mais a pergunta) Bom, o que eu sabia de estereótipo do Brasil, dos caras brasileiros é que todo cara no Brasil gosta de futebol, festa e samba. Mas eu acho que não é verdade, porque eu ouvi de você que não é bem assim. Mas a maior coisa era que eu pensava que todo mundo no Brasil já havia visitado a Amazônia, o que é mentira, porque eu não conheci nenhum brasileiro aqui que tivesse ido lá!


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (que você não sabia e que eu te contei).

Bom, você corrigiu o estereótipo que eu tinha, e recentemente sobre a situação política no Brasil, que vocês estão meio que em pânico. Desculpa, "meio em pânico", haha! Bom, boa parte dos políticos no Brasil não são muito honestos, e ouvi dizer que existem muitos traficantes lá, mas eu achava que isso estava associado apenas ao México, e agora eu vejo que é mais ou menos a mesma coisa entre todos. (nesse momento eu disse que com maior ou menor intensidade, quase todo país na América do Sul têm problemas desse tipo). Ah ok, muito honesto da sua parte, hehe, quase todo país na América do Sul!

Uma das coisas mais interessantes sobre o Brasil é o futebol, porque em se tratando de futebol, Brasil é o melhor país do mundo, mas atualmente eu não sei o que tem acontecido!

O primeiro grupo de pessoas em que eu estive aqui foi um de brasileiros, eles gostam muito de festa, seja na casa de alguém ou não, e eles gostam de um tipo de "música sensual" e clipes desse tipo, e as mulheres estão quase nuas e dançando, e balançando a bunda. E elas estão muito felizes! Isso foi meio assustador pra mim. A gente tem algo parecido na Coréia, mas é tudo meio escondido, e com eles não, eles gostam de ver e mostram pra todo mundo, compartilham com amigos, essas coisas.


Deixe um recado pra quem for ler isso.

É meio difícil responder isso! Qualquer coisa? Quem é que vai ler isso? (ele começou a perguntar sobre leitores, o tema do blog, etc). Bom, se os seus leitores estiverem interessados na vida na Irlanda e em Galway e estudar inglês, eu acho que deve ser sobre isso que eu devo falar.

Eu altamente recomendo você, que eu não sei quem é, trazer bons agasalhos, sapatos, mochilas e roupas em geral impermeáveis, e tudo mais. Se você ainda não decidiu onde estudar inglês, Galway é uma boa cidade pra estudar, na minha opinião, mas depende de quem você é (o leitor, no caso). Mas se você está consciente de como seria sua vida aqui em Galway, eu acho que essa é meio que a melhor cidade. Se você tem muito dinheiro, vá pra Londres, porque é uma cidade muito legal... Meu Deus, sobre o quê eu tô falando? (questionei se ele estava falando sobre viajar ou estudar em Londres). Tudo lá é bom, o sistema educacional, e faculdades, e tudo mais, tudo é ótimo, eu acho. Mas é muito caro.

Se está planejando vir, você deveria estudar inglês o máximo possível antes pois, por mais que as coisas aqui sejam diferentes da sua escola de inglês, não há muito tempo pra aprender vocabulário (se você já quiser chegar "falando"). Se eu fosse você, eu tentaria memorizar o máximo de vocabulário possível, ou o máximo de gramática possível, pois aqui é o momento perfeito pra praticar seu vocabulário e gramática, e não pra só aprendê-los. É isso, eu estava me sentindo sobre pressão, mas foi legal. Obrigado!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

A turma do barulho! - Parte 1

 
Já citei os amigos que tenho aqui em Galway várias vezes nesse blog. Alguns com um pouco mais ou pouco menos de presença, mas o fato é que estamos normalmente juntos, seja fazendo muita coisa você quis dizer: comida, ou não fazendo nada mesmo.

Com isso, e somado ao principal sentimento que obtive nesse intercâmbio (uma enorme curiosidade por diferentes culturas e hábitos), resolvi adaptar uma ideia antiga do blog do Rick, e o propósito dessa semana é ter posts diários de entrevistas com meus amigos!

Foram feitas as mesmas perguntas pra eles, e minhas eventuais observações estão entre parênteses. Sem mais delongas, o primeiro da lista é o Claude. Claude foi basicamente o primeiro amigo que fiz aqui. Apesar de sermos da mesma sala na época, nos conhecemos e batemos um longo papo num pub coisas da Irlanda, no famoso "Pub Night" organizado pela escola, quando semanalmente todos alunos são convidados a visitar o mesmo pub e interagir entre si e entre os nativos. Com seu jeito inocente, o considero o irmão caçula que não tive Camila, estou falando apenas de irmão caçula, do sexo masculino! Não estou te substituindo! Vamos conhecer mais sobre essa galera! Prometo que você vai se surpreender!



Quem é você?

Quem sou eu? Meu nome é Claude, meu nome em inglês é Claude (alguns asiáticos, ao virem pra cá, decidem usar um nome "comum" em inglês como seu nome, devido à dificuldade que as pessoas podem ter pra pronunciar corretamente). Na verdade meu nome na Coréia é Seul Gi Kim, e meus amigos me chamam de Seul Gi. Eu tenho 24 anos, mas quando eu voltar pra Coréia eu vou ter 25 anos, porque a gente tem uma forma diferente de calcular a idade. Eu estou em Galway há cinco meses e tenho por volta de mais dois meses aqui ainda.


De onde você é (cidade e país)?

Eu sou da Coréia - e não é a Coréia do Norte!, e a cidade é Daejeon (soa como Tê-djân). O nome da cidade é baseado no alfabeto chinês, e traduzindo significa "grande território".


O que você faz?

Antes de vir pra Irlanda, eu estava estudando, numa universidade. Meu curso é Engenharia da computação. Eu estudei por 3 anos, e eu tenho que completar mais um ano. Eu tive que interromper porque eu quis vir pra cá, e agora eu estou estudando inglês, e trabalhando pra me manter aqui. Assim que eu entrei na minha universidade, eu decidi entrar na banda de lá, porque eu gosto de música, e gosto de cantar. Eu permaneci lá por 2 anos, e na verdade eu não estudei quase nada nesse meio tempo.

Depois eu precisei parar meus estudos pois eu fui pro serviço militar por 2 anos, porque na Coréia o governo nos obriga a fazer isso. Depois disso eu voltei pra universidade por mais um ano, mas aí eu pensei: "Eu quero estudar inglês, porque eu gosto muito da língua", e aí eu parei o curso de novo pra vir pra cá.

Então foram dois anos estudando na universidade, dois anos no serviço militar, um ano de novo na universidade e agora indo pra um ano aqui, ou seja, quase 6 anos. E teve mais, porque antes de chegar aqui eu passei um tempinho na Índia. Na verdade isso fazia parte do programa de estudar inglês, então eu fiquei lá por 2 meses.


O que você acha da Irlanda e de Galway em geral? Você consideraria morar aqui? Por quê?

Essa é uma boa pergunta, hehe. Na verdade tem algumas coisas que eu preciso dizer sobre a Irlanda, porque é tudo completamente diferente da minha vida na Coréia, então tem um monte de coisa relacionada a outras pessoas, outros países...

Primeiro de tudo, eu acho que a Irlanda é um bom lugar pra se viver, especialmente com relação a pessoas, porque as pessoas daqui, de Galway, são muito gentis. Claro que na Coréia nós somos gentis e temos um bom coração, mas é um pouco diferente. Por exemplo, aqui, independente da pessoa conhecer a gente ou não, eles sempre nos cumprimentam nas ruas, esse tipo de coisa, e eles me passam uma boa impressão.

Com relação a morar aqui por um longo tempo... quer saber? É muito difícil dizer. (Pensando por um tempo). Julgando até agora, eu não sei dizer... (Pensando por mais um tempo). Pra ser sincero, como eu disse, minha formação será em Computação, e poder estudar aqui nessa área seria ótimo, pois é dito que a Irlanda é um dos melhores lugares pra se estudar TI, então por que não? Mas é legal mesmo estudando inglês, que será algo importante pro meu futuro na minha carreira, então o que eu quero é poder usar e aprender inglês o máximo possível até que eu possa conversar com qualquer pessoa. Então tem esses dois aspectos, e nos dois eu acredito que a Irlanda seria uma boa opção. Mas também tem a questão de ser filho único, e acho que seria complicado decidir viver fora do meu país. Além do que, vivendo na Coréia eu também poderia ter a oportunidade de usar inglês, trabalhando lá, ou representando a empresa em outro país. Basicamente eu não sei nada sobre meu futuro, hehe. Mas é isso, se eu tivesse a chance de trabalhar aqui, eu acho que eu tentaria.


Acha que ter vindo morar/estudar aqui valeu a pena? Por quê?

Em termos de estudar inglês por um ano? (eu disse: sim, também, mas avaliando o todo). Eu acho que realmente vale a pena. Isso é irrefutável, hahaha! (a gente tinha aprendido essa palavra em inglês durante a semana). Porque como eu disse, eu não sei absolutamente nada sobre meu futuro, e pode ser que lá eu me arrependa de algo, mas minha sensação agora é que vale a pena. Primeiro pela questão do inglês. Quer dizer, meu inglês não é perfeito, mas em comparação com como eu cheguei aqui eu sei que evolui. E segundo, pela oportunidade de conhecer pessoas. Por exemplo, pessoas da própria Coréia, Brasil, Itália, Suíça, etc, e poder fazer isso na nossa idade eu acho muito legal. E poder ter viajado para rever amigos (conforme falei aqui), manter contato, e combinamos de nos encontrar no meu país é demais! Pode ser que eu me arrependa no futuro, mas poder ter tido essas experiências com vocês, mesmo tendo que suspender meus estudos na Coréia enquanto meus amigos continuam o curso, valeu a pena.

E eu queria dizer mais uma coisa: na Coréia, quando estamos terminando o ensino médio, temos uma pressão absurda para decidir sobre nosso futuro, e depois de concluir a universidade precisamos procurar emprego. Todo mundo faz isso, meus amigos e até meus pais esperam isso de mim, pois do contrário você seria uma pessoa que falhou na vida. E no meu caso eu não tive muito tempo pra pensar no futuro, sobre o que eu gosto ou o que eu sei fazer, qual seria o meu propósito ou meu sonho. A gente se sente muito pressionado com relação a isso, e talvez seja esse o motivo pelo qual muitos coreanos parecem não ter sonhos. Então aqui eu me sinto no tempo perfeito, até por maturidade, pra pensar a respeito disso. Ainda que eu tenha mais um ano na universidade, eu acho aqui um bom momento pra isso. Enfim, acho que esse ano aqui tem sido muito bom, e legal, e adorável. É irrefutável! É isso.


Pôde aproveitar da curta distância entre a Irlanda e outros países europeus pra viajar? Qual foi sua melhor viagem? Pensa em viajar mais? Onde?

Na verdade até agora eu só viajei pra um país (Itália), com meus amigos daqui e pra nos encontrarmos com nosso amigo italiano, e viajamos também para outros lugares lá, como: Milão, Como, Veneza e Roma, e depois que meus amigos voltaram pra Irlanda eu ainda fui pra Florença sozinho. Foi muito legal, pois as pessoas sempre dizem que viajar é maravilhoso, mas eu não entendia o porquê, qual seria o propósito delas. Eu até perguntei pra algumas, e elas disseram que era pela possibilidade de conhecer novas pessoas, novas culturas, ou até porque elas gostam de beber, ou comer. E eu ainda fiquei com essa dúvida. Mas pra mim, depois da minha viagem pra Itália, o propósito maior seria ter boas recordações, especialmente estando com pessoas legais. Pra mim, sequer importa o país, ou o quanto incrível possa ser um monumento, ou o quão grande é uma igreja. Claro que poderia ser fantástico vivenciar esse tipo de coisa, mas eu penso que viajando sozinho não seria a mesma coisa. Acho que mesmo indo pra um lugar que nem parece ser tão legal assim, se estiver com amigos, já valeria a pena.

O lugar que eu mais gostei foi Veneza, pois é completamente diferente de qualquer outra coisa. O segundo seria Florença, porque é muito bonito.

Na verdade eu não fiz nenhum planejamento ainda, mas comprei as passagens pra Suíça e pra Londres. Além desses, eu pretendo ir pra Alemanha, República Tcheca, Espanha, Marrocos e talvez Bélgica ou França, depois de concluir as aulas de inglês aqui.


Cite algo interessante sobre seu país que acha interessante dizer a estrangeiros.

Algo diferente pode ser algo interessante, né? Na Coréia eu diria que as pessoas, o jeito de pensar das pessoas, pois eu acho que é bem diferente em comparação com pessoas da Europa ou da América. A Coréia é um país conservador, o que pode na verdade ser uma desvantagem pra eles, pois isso os faz ser tímidos, porque a gente fica meio reprimido ao conhecer uma pessoa. Logo depois nós criamos uma conexão forte com a pessoa, mas ficamos sempre naquela: "será que ela vai gostar se eu fizer isso?". Nós pensamos demais, especialmente com relação a pessoas mais velhas, o que é uma característica especial do povo coreano, e faz parte da nossa cultura.


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (e que eu não tenha te contado).

Na verdade, desde que eu te conheci, eu aprendi várias coisas sobre o Brasil, tais como: corrupção, assalto, mas não só coisas ruins, como pessoas boas, etc. Mas antes disso, eu tinha na minha cabeça um certo estereótipo a respeito do Brasil, como: eles têm várias árvores, e montanhas, a maioria das mulheres são bem sensuais, se eu visitasse o Brasil eu veria cobras gigantes, tipo anaconda, e eu deveria tomar cuidado com esse tipo de coisa. Também aranhas, macacos, e um lugar muito quente. Ah, eles têm a melhor seleção de futebol do mundo, e eles jogam de amarelo.


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (que você não sabia e que eu te contei).

Eu fiquei um pouco chocado quando você me disse certas coisas a respeito de corrupção e assalto, a segurança em geral no Brasil foi um pouco chocante, porque quando você comentou da primeira vez eu achei que não era algo muito sério, mas depois eu pude ouvir de outros brasileiros também, e vários deles já tiveram alguma má experiência desse tipo. Além de certas "zonas" onde pessoas perigosas podem viver (contextualizando, há um tempo eu expliquei o conceito de favela pra ele, mas também disse que lá existem boas e más pessoas, como em qualquer lugar).


Deixe um recado pra quem for ler isso.

Jesus! Não tem nenhum tópico ou algo do tipo? Hmm... (pensando e reclamando que é muito "aberto"). Acho que posso falar sobre meu sentimento ao terminar a entrevista? Bom, na verdade ter vindo pra Irlanda, e ter a experiência de conhecer várias pessoas pra mim valeu muito a pena, e eu estou muito feliz. Então... Eu sou o Claude... É isso!