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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Buscando novos rumos (Parte 3, Capítulo 1: Entrevistas aqui e acolá)


Sequer imaginava que a história que começou aqui e aqui teria mais um capítulo. Mas teve, e essa é razão motivo, causa ou circunstância desse post.

Como citei lááá atrás (há mais de 3 meses), minha busca por emprego esteve ativa durante todo esse meio tempo. Principalmente depois de ter conversado com minha família sobre a real situação do Brasil no momento porque só tomar como verdade o que está no Facebook não me pareceu ser a coisa mais correta, eu fiquei ainda mais motivado. Fico muito triste pela situação como um todo, mas pondo na balança que basicamente me desfiz de tudo que tinha lá pra vir pra cá, tendo vários indícios de que as chances de pelo menos recuperar isso atualmente não estaria muito fácil, só foi motivo pra colocar ainda mais combustível na minha vontade de achar algo pras bandas de cá. Nesse meio tempo foram INÚMEROS emails candidatando à vagas (eu diria sem pensar muito que foram boas centenas de envios), várias, VÁRIAS entrevistas com agências de recrutamento que nunca ou quase nunca deram em nada, até que algo mais concreto aconteceu.

Acabei fazendo algumas entrevistas aqui. Além das por telefone com as benditas agências, uma empresa de software multinacional me chamou pra uma conversa em Dublin há uns dois meses. Acabou valendo bastante para experiência, mas como um todo foi um completo desastre. A vaga era não-técnica, mas talvez até demais (o cargo seria Business Analyst e às vezes o cargo é tão vago quanto o nome, e eu basicamente precisaria ficar manipulando macros do Excel). O mais engraçado é que apesar de eu ter mandado no formulário de inscrição que eu precisaria de apoio pro processo de visto, a pessoa que me selecionou provavelmente não viu esse detalhe, e no meio da entrevista eu e as entrevistadoras acabamos percebendo isso, já que eu comentei que precisava, e elas disseram que a empresa não fazia isso normalmente. Me senti meio deslocado logo ao chegar, pois senti que acabei não me vestindo de uma forma completamente formal para o ambiente (que eu desconhecia e que não fui informado), enfim, muita coisa errada! Acabou não rolando mesmo...

Meses depois, e depois de já começar a pensar em desistir uma grande empresa da área financeira (que eu já tinha participado em um processo pra uma vaga antes e que não tinha dado em nada) me chamou pra uma entrevista mais ou menos pro mesmo tipo de vaga da anterior, e finalmente foi conseguida através de uma agência. Mas esse pessoal é tão ruim de serviço que o gentleman me disse que me inscreveria em uma vaga, e só soube que era outra no caminho pra Dublin! A empresa comunicou que possuía um ambiente casual, mas que eu deveria ir vestido de uma maneira "formal" claro que tive que ir atrás do que isso significava. Sim, significava ter que ir de terno e gravata. E sim, claro que eu não tinha trazido nada disso do Brasil!

Lá fui eu junto com alguns amigos rumo à Penneys, pra fazer a compra completa: terno, calça, gravata, camisa social e sapato. Aliás, novamente preciso fazer uma observação sobre a gentileza irlandesa: nós estávamos completamente perdidos, já que a numeração dessas coisas aqui é diferente eu mal sei a do Brasil, e ainda tinha que preocupar se tudo combinava e se estava suficientemente formal. Foi aí que foram surgindo funcionários da loja, um após o outro, ajudando com tudo que se pode imaginar: enquanto um tinha ido buscar outra numeração de sapato, o outro dava nó na gravata, e outro buscava uma camisa que combinasse mais com o terno! Tinham umas 5 pessoas me ajudando! Vivo (como vários estrangeiros que já conversei, inclusive) uma relação de amor e ódio com irlandeses, mas esse é mais um exemplo de que não devemos olhar só pra nacionalidade, e dar graças a Deus que existam boas pessoas em todo o canto as más e estranhas a gente tenta ignorar.

Voltando ao assunto, fui pra entrevista no dia seguinte. Após a viagem (saindo de Galway), precisei de por volta de uma hora de Luas o bonde "fofinho" de Dublin <3 pra chegar em Dublin 24. A empresa, que ficava no meio do nada num "parque tecnológico", me deu um pouco de canseira pra ser encontrada. Após uma hora de espera cheguei cedo just in case, conversei com dois responsáveis pelo setor. O projeto era grande e exigiria um pouco de conhecimento em uma área que eu não dominava, mas particularmente não achava isso um problema enorme. A empresa, que no momento tinha por volta de 300 vagas abertas, já era conhecida por fornecer o visto de trabalho, então isso não parecia ser um grande problema. Saí contente de lá, pois após mais de uma hora de conversa, tive aquela sensação de alívio de pelo menos ter dado "o meu melhor". Pude explicar sobre a minha experiência e meus objetivos e o inglês não pareceu ser um problema.

Após ter aguardado por volta de duas semanas por alguma resposta e ter questionado por algum posicionamento ao cara da agência, do qual eu espero resposta até hoje, recebi um daqueles e-mails automáticos de agradecimento. Mas pra ser sincero, nem liguei muito, pois algo ainda mais legal estava acontecendo...

Continua...

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pé na estrada: Londres - Parte 3


No terceiro dia, saímos após o café da manhã depois das meninas se atrasarem pra se arrumar. Mulheres! em direção ao British Museum, considerado um dos maiores do mundo (ele possui por volta de 8 MILHÕES de objetos históricos). Após usarmos o fantástico metrô novamente, precisamos andar apenas alguns minutos até encontrarmos a entrada principal. Mesmo por fora ele é gigante, e é até diferente o contraste daquela construção enorme no meio da cidade. Como novamente não teríamos todo o tempo do mundo, já que o plano era encontrar o Paul e almoçarmos em Camden Town, já chegamos lá sabendo que não ia dar pra ver tudo.

O mais legal do British Museum é que ele tem salas que contam com artefatos históricos de todo o canto do mundo, e não só da Europa! Ao longo da sua enorme extensão é possível encontrar salas a respeito da África, China, México, Estados Unidos e outros vários países, além de toda a riqueza histórica do Egito e arredores, Grécia, Roma e inúmeras épocas na Europa (com direito a uma sala só sobre relógios, e outra que conta a história do dinheiro, por exemplo. SUPER LEGAL!).

Não cheguei a confirmar, mas tenho a impressão de que ele tem mais ou menos a mesma dimensão (ou pelo menos quantidade de coisas a se visitar) dos Museus do Vaticano, ou seja, o ideal era gastar quase que um dia só lá (ou no mínimo umas 4 horas). Gastei um pouco mais de duas pois era o que eu tinha disponível. Acabei vendo bem mais coisa do que imaginei, mas muita coisa foi na correria, e obviamente ainda faltaram alguns locais pra visitar.

Saindo de lá, seguimos para a região mais recomendada por todas as pessoas que dão dicas sobre Londres, especialmente as que já moraram ou moram lá: Camden Town. Apesar de não ter uma fama super turística, o lugar conhecido por seu cenário e público alternativo me deixou bem curioso desde o início (essas recomendações quase unânimes sempre me interessam).

Chegamos lá (usando o magnífico metrô) já com bastante fome, e após uma volta em um mercadinho de souvenir, encontramos um restaurante chinês com buffet e preço super em conta sim, comida chinesa de novo! Tô falando que essa foi a minha maior viagem asiática na Europa não é à toa, rs. Honramos o anúncio "coma o quanto puder" e saímos de lá após gastarmos um bom tempo com a comilança. Por conta de diferenças nos roteiros, iríamos nos separar novamente, mas antes disso resolvemos ir juntos ao Primrose Hill, um vale que proporciona uma vista linda por boa parte de Londres (e que foi palco de algumas cenas da nossa série preferida: Sense8 é muito boaaaa! O que você está esperando pra ver?!)

Após uma caminhada - e sem tempo pra irmos ao The Regent's Park que ficava em frente :(, ficamos admirando a paisagem e tirando algumas fotos no topo do vale, que estava bem movimentado principalmente considerando o frio que fazia.

Nos separamos de dois amigos que foram pra outra galeria de arte e voltamos pra Camden. Queríamos comprar alguns souvenirs, e gastamos horas num sobe-e-desce na avenida principal (cheia de lojas de "lembrancinhas" que uma amiga brasileira comparou à 25 de Março, em SP, rs). Eu já sabia que lá também era um lugar famoso por ter sido onde a Amy Winehouse viveu, e tendo um amigo alucinado por ela, resolvi procurar um mimo pra ele. O problema é que nessa parte principal era algo realmente mais pra" souvenir turístico", e até eu aceitar me dar conta disso, foram umas três horas andando feito barata tonta!

Depois de praticamente desistir da Amy (já sem entender como a região famosa pela moça não tinha nada a respeito dela), dei uma googlada e descobri que a poucos metros de onde eu estava havia uma estátua dela! Junto dos meus pacientes amigos, rumamos em direção a entrada de um mercado, e ali sim descobri porque falavam que aquele era um lugar legal. Há uma sequência de pelo menos 3 mercados interligados, com TODO o tipo de lojinhas. De coisas artesanais (onde finalmente achei o presente) a comida, roupas de todos os tipos, enfim, algo gigante e inesperado.

Lá foram mais algumas horas numa caçada à estátua, quando cruzamos os mercados, nos perdemos várias vezes e por fim encontramos o monumento da moça Alex, você me deve essa!. A estátua - que acredito eu, representa o tamanho real dela - mostrava Amy baixa e magérrima, mas parece fazer relativo sucesso, pela quantidade de turistas que vemos tirando fotos dela (apesar de não ter NENHUMA sinalização sobre onde ela está localizada).

Depois do dever cumprido e de ter respirado a maior concentração de maconha da minha vida, voltamos pra acomodação. Enquanto Claude foi encontrar alguns amigos coreanos que moravam em Londres, Paul foi assistir mais um musical, e eu, na loucura de andar por Camden perdi a hora e não pude ver mais um tristeza eterna por não ter ido ver o musical do "American Idiot".

Resolvemos voltar a Victoria Station pra devolver nossos Oyster Cards e pegar o dinheiro de volta, mas a surpresa foi que precisaríamos esperar 48h após a compra pra fazer isso! Fiquei encafifado pois na hora que compramos não vi nada do tipo, mas os senhores responsáveis por informações naquela hora foram ríspidos não muito amigáveis e disseram que não poderiam fazer nada, já que voltaríamos pra Irlanda nas primeiras horas da madrugada do dia seguinte (o que não completaria 48 horas). Então fica a dica pra você que ouve que a melhor opção pra transporte em Londres por três dias é comprar o Oyster Card: compre-o no primeiro dia, mesmo que não o use! Não faz diferença e evita dor de cabeça (apenas esclarecendo, demos sorte que o Paul ficaria mais um dia na cidade e quebraria esse galho pra gente).

Assim, depois de passar num Subway e comprar algo pra comer com um engraçado atendente com cara e sotaque do Oriente médio mas que jurava ser do Japão, voltamos pra casa pra dormir algumas horas até levantar às 4 da manhã rumando pro aeroporto de Standsted, que nos levou pra Irlanda, na cidade de Cork (falo sobre isso depois).

Achei Londres enorme (realmente enorme) e o mais interessante pra mim foi que apenas lá eu pude enxergar de forma materializada o estereótipo que eu tinha da Europa como um todo, quando ainda estava no Brasil. Mesmo não sendo tão diferentes assim dos irlandeses mentira, acho os irlandeses mais bonitos, senti em Londres uma aura de país rico, bem estruturado, limpo e seguro, onde tudo funciona e as pessoas estão sempre bem vestidas (sim, claro que isso é um enorme estereótipo e que não é verdade 100% do tempo ou em 100% dos lugares). Não é um lugar com "uaus" a cada esquina, mas ainda assim é fantástico. Ainda que não encha completamente os olhos de todo mundo, eu recomendaria, afinal Londres é Londres e vice-versa, haha!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Pé na estrada: Londres - Parte 2


No segundo dia, após tomarmos café fomos direto para os pontos turísticos principais, pois segundo um amigo não estaríamos oficialmente em Londres até ir pra lá. No caminho, passamos novamente pelo Palácio de Buckingham, onde alguns soldados que faziam a guarda da entrada principal ficavam se revezando em seus posicionamentos.

Desde o início não animamos a assistir a troca da guarda por motivos de: preguiça, mas ter visto isso, enquanto eles andavam REALMENTE como bonecos já valeu a pena. Passamos pelo Saint James's Park, que fica logo após o palácio. A atmosfera de outono estava presente e deixou tudo lindo, além de termos visto alguns esquilos quero.

Após darmos alguns passos, encontramos o anfitrião: Big Ben. Esse foi um daqueles momentos em que você para e simplesmente pensa: Nossa, olha onde eu estou! É tudo lindo, a torre do relógio, as casas do parlamento, o rio Tamisa só seria mais bonito se o clima ajudasse e estivesse menos nublado, mas não se pode ter tudo, né?. Depois de fotos tentando enquadrar as famosas cabines telefônicas e os monumentos, cruzamos o rio e fomos em direção à London Eye.

Novamente devido a nossa restrição de orçamento, não tivemos voltinha na roda gigante, mas deu pra ver sua imponência e beleza. Tem gente que acha um pecado "eliminar" esse tipo de coisa do seu roteiro, mas pra mim fazia muito mais sentido realizar meu sonho de ir em um musical do que brincar de roda gigante, mas cada um sabe o que faz com seu dinheiro e tem suas preferências, não é?

Saímos de lá em direção à estação Waterloo, que nos levasse ao que chamamos de "zona dos museus" (não sei se há um nome específico pra lá). Em uma parte da cidade ficam localizados os museus Victoria and Albert Museum, Natural History Museum e o Science Museum.

E aqui começa o que mais me encantou em Londres: os metrôs. Não houve monumento que me deixasse mais de boca aberta do que o tamanho e a eficiência do metrô de Londres, conhecido por ser o mais bem estruturado do mundo. Após comprarmos o ticket que nos daria direito a andar ilimitadamente por 2 dias na cidade (Oyster Card, que também permitia usar os famosos ônibus londrinos), levamos alguns minutos pra entender como funciona mas daí pra frente foi só alegria. Pra dar uma idéia de como as coisas funcionam, esses três museus tem entradas praticamente de dentro da estação, que possui verdadeiras ruas internamente, além dos famosos artistas tocando em busca de alguns trocados.

Como os gostos e interesses são diferentes, fomos os meninos pra museu de ciência, e as meninas pro de história natural. O problema é que não tínhamos muito tempo, pois a idéia era visitarmos um deles e irmos pra região de Soho almoçar, e logo depois irmos pra bendita visita guiada na National Gallery. Gastamos menos de duas horas lá, e o museu é bem interessante, com áreas cobrindo diversos temas, como astronomia, invenções e ciências biológicas. O chato é que não conseguimos ver tudo, pois não deu tempo :(

Pegamos o maravilhoso metrô e fomos pro Soho, uma região com cara de centrão. Acabei seguindo a vontade do pessoal e todos almoçamos no Chinatown, subregião reservada a restaurantes e mercados asiáticos. De forma completamente aleatória, esse lugar vai ficar marcado pra sempre na minha memória, mas isso é assunto pra outro post. Saímos de lá correndo, a tempo de pegarmos a visita guiada na galeria.

Na verdade essa visita não era (e não é) extremamente necessária, mas fiquei ficamos meio que no trauma por conta de alguns locais que visitamos na Itália e que não entendemos. Resumindo: a galeria é enorme, linda (tô descobrindo que gosto mais desse lance de pintura do que pensava. Não entendo nada de técnica, mas acho tudo tão lindo! S2). O problema é que uma hora é obviamente muito pouco pra ver tudo (eles já tinham mencionado que o objetivo era visitar as mais "famosas e importantes obras") e acho que pra ver bem precisaria de umas 3 horas, mas valeu a pena e quero voltar.

Saímos de lá às pressas de novo. No dia anterior acabamos não conseguindo, por questão de horários incompatíveis, pegar um walking tour pela" área principal" de Londres, mas naquele dia descolamos um chamado "Old City Tour". Corremos pra chegar a tempo parênteses necessários pra dizer que vimos uma raposa em um parque que cruzamos no caminho e chegamos em cima da hora. O guia, finalmente com um inglês realmente claro de se entender pros nossos padrões, foi super simpático, e o passeio que a princípio parecia não prometer muito, foi super interessante, explicando vários pontos da história do surgimento de Londres, antigos reis e Cavaleiros Templários. Além disso, visitamos inúmeros locais e monumentos como a Basílica de São Paulo, a London Bridge, a London Tower e o Shard. Foi o melhor walking tour que já fiz, opinião compartilhada pelos meus amigos.

À noite os meninos decidiram assistir o musical do Rei Leão, e os de menor poder aquisitivo como eu acabamos dar uma volta pelos pontos turísticos "principais" e ter a visão noturna deles. parênteses pra deixar registrado que antes de ir pra lá ficamos girando por meia hora perto da London Tower pra achar um banheiro enquanto minha bexiga quase literalmente explodia, e ainda precisei pagar 30 pence pra entrar no banheiro público.

Como já é de se imaginar, à noite é tudo novamente lindo. Dessa vez com mais tempo, podemos cruzar toda a região do parlamento, e a famosa Westminster Abbey, igreja que celebra casamentos reais desde 1100 e que recentemente foi palco da união do príncipe William e da então senhorita Middleton. Acho importante destacar o quanto me senti seguro andando por volta desses lugares, quando já era por volta das 23hs. Tudo bem iluminado, com pessoas andando pra cima e pra baixo (sempre muito elegantes por sinal). Sei lá, eu sou muito medroso, mas de novo é o tipo de comparação que fico triste ao pensar no Brasil.

Acabamos nossa noite voltando pra casa no ônibus vermelho de dois andares (que são muito parecidos com os de Dublin, mas já que já havia pago, fui desfrutar do glamour transporte). E ainda havia mais um dia de Londres pela frente. 

Continua...

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pé na estrada: Londres - Parte 1


Aproveitando que a Yui estava a dias de voltar pro Japão, e somando-se ao fato de que quase ninguém da minha turma havia ido pra para o destino mais óbvio dos intercambistas da Irlanda, na última semana (dia 10/11) resolvemos juntar tudo e nos juntar pra fazermos mais uma viagem, dessa vez pra Londres.

Já havíamos definido que não seria possível passarmos muitos dias, e pra acomodar as agendas de todos, combinamos 3 dias na terra da rainha. Outra limitação seria o orçamento, uma vez que estava todo mundo meio apertado, tendo que levar em conta que lá os gastos seriam em libras, ou seja, ainda mais caro do que o euro.

Assim, compramos as famosas passagens a preços super em conta (resolvemos não ir pra Dublin, e usarmos os aeroportos de Shannon e Cork. O primeiro é a uma hora de Galway, mas Cork é até mais longe do que a capital tudo em nome da economia). Gastamos novamente intermináveis horas planejando a viagem (e Jesus, como isso é cansativo! Mesmo tendo iniciado o plano um pouco antes, ficamos de 18hs de um sábado até as 4hs do domingo só fazendo isso, e não conseguimos terminar tudo!). Com relação a acomodação, os meninos sugeriram ficarmos em um hostel coreano, algo existente em várias cidades mundo afora e que até onde sei não temos parecido para brasileiros. O preço, que incluía café da manhã e até noodles como opção de jantar, foi também em conta, além da localização super central, então resolvemos arriscar apesar do meu péssimo retrospecto com dicas coreanas nas minhas últimas viagens.

Acabei madrugando no dia da viagem, pois cheguei do meu curso em Dublin às 1 da manhã, e 6 horas já tava de pé indo pegar o ônibus pro aeroporto. A viagem foi tranquila e com pouco mais de uma hora chegamos em Gatwick. Lá encontramos com o Paul, que decidiu ir no dia anterior queria ter esse desprendimento e veio no vôo de Dublin. Na estação de trem (conectada ao aeroporto, e que nos levaria a Londres propriamente dita) acabaram logo acontecendo duas coisas pra "quebrar" o estereótipo inglês: uma senhora extremamente simpática nos ajudou a comprar o ticket pro nosso amigo, explicando minimamente como tudo funcionava e nos dando dicas pra nossa locomoção em Londres. A outra coisa foi que o trem acabou atrasando alguns minutos. ¯\_(ツ)_/¯

Fomos de trem rumo à Victoria Station, uma estação ENORME no coração de Londres, que integrava trem e metrô. De lá, fomos caminhando para a acomodação. No lugar, justo pelo preço pago, algo o qual eu não tinha pensado antes aconteceu: várias regrinhas relacionadas à cultura coreana (por exemplo, ao chegar, não se podia entrar de tênis nos cômodos, tendo que calçar uns chinelos que fixavam disponíveis na entrada). Além disso, não sei se por preguiça, comodismo, vergonha ou falta de conhecimento mesmo, ninguém conversava em inglês! Mesmo a funcionária do local (que deve morar lá há um tempo) explicou tudo na língua deles, e meus amigos se viraram pra traduzir para os "estrangeiros" aqui do Brasil e Japão.

Saindo de lá e caindo de fome achamos uma loja de conveniência e compramos uma "meal deal" (sanduíche ou salada, uma bebida e uma "besteira" como um chips ou um doce) e resolvemos procurar um parque pra comer. Acabamos indo na direção contrária à dos pontos turísticos, e após cruzar a Chelsea Bridge, encontramos um parque e andamos uns bons minutos até encontrar um bendito banco (?!) pra podermos comer em paz.

Dentro da nossa programação inicial, a idéia era chegarmos e irmos direto pra uma visita guiada dentro da National Gallery, uma galeria de artes enorme e um dos locais mais visitados por turistas que se interessam pelo assunto. Logo depois iríamos dar uma volta pelos pontos turísticos mais famosos (leia-se: Big Ben, London Eye e construções ao redor), mas conforme percebemos, nosso planejamento já iria furar, tentando cumprir isso tudo e ainda irmos pro nosso compromisso agendado para a noite.

Assim o que fizemos foi basicamente voltar para a parte "movimentada" e visitarmos o Palácio de Buckingham. Lembrando que aqui na Europa já estamos naquele terrível exótico período em que se começa a anoitecer por volta das 17hs, então não fazia muito sentido "bater perna" em parques por exemplo já sem a luz do dia.

Após algum tempo admirando, estudando via Wikipédia a respeito do palácio (gente, lá tem 775 quartos!!!) e tirando algumas fotos, voltamos à acomodação. Lá, sofri com toda a característica apimentada exótica do "miojo" coreano, mesmo já sabendo disso e pedindo pra que ele fosse feito mais suave (a coitada da moça ainda disse que usou menos da metade do tempero, mas não dá, é simplesmente como se eu estivesse tentando engolir algo com minha boca em chamas).

Saindo de lá, nos guiamos para o evento da noite, o que incentivou ao Paul a ir pra Londres pela segunda vez, e que pra mim significava realizar um sonho: fomos assistir um musical!!! Na verdade eu até já tinha assistido alguns em BH, mas obviamente nada nas dimensões dos disponíveis nos teatros londrinos! Juntando nosso baixo orçamento e as opções disponíveis, fomos ver Wicked, um dos maiores clássicos da Broadway que conta a história do Mágico de Oz sobre a perspectiva de um personagem. Confesso que foi de arrepiar! Emocionante é pouco pra descrever minha reação, principalmente ao ouvir músicas do meu "guilty pleasure" Glee, como Popular, Defying Gravity e For Good houve muito amor envolvido.

Depois do espetáculo, que contando com o intervalo durou quase 3 horas, resolvemos deixar à visita noturna aos pontos turísticos para o outro dia e após readequarmos o plano pro próximo dia e batermos um papo na acomodação regado a cerveja claro que não pra mim, pois não queria ficar com o pé inchado de novo, fomos recarregar as energias para o dia seguinte.

Continua...

domingo, 8 de novembro de 2015

A experiência do intercâmbio, e as pessoas que cruzam nosso caminho


Depois de todas essas entrevistas, e coincidentemente após ter lido esse artigo do e-dublin e esse post do Próxima Curva me senti ainda mais inspirado pra escrever sobre o assunto.

É muito interessante como normalmente as coisas acontecem em um intercâmbio, no tocante a amizades e companhias. Decidir sair do conforto da sua casa, deixando familiares e amigos de longa data pra enfrentar o completo desconhecido já deveria ser motivo suficiente para que todos os intercambistas fossem direto para o paraíso respeitados. Quando você se vê imerso numa realidade de um país e língua diferentes (especialmente se eles não forem muito familiares pra você), isso faz simplesmente seu chão tremer, e paira uma dúvida eterna sobre o próximo passo - muitas vezes, literalmente.

Dentro desse contexto, muita gente conhece seus primeiros companheiros, seja na escola, na acomodação, no trabalho ou até no pub. Por que não? E aí é que a coisa acontece. Pessoas que você conheceu há poucos dias (e que muitas vezes nem vai ter toda a afinidade do mundo) passam a ter uma importância enorme na sua vida, e com eles provavelmente você vai vivenciar momentos únicos, de alegria, companheirismo ou de farra ou os três juntos, preferencialmente. Da mesma maneira, ter que encarar despedidas, principalmente quando as datas de início e fim de intercâmbio dos seus colegas não "batem" é algo bem ruim. Essa é uma preocupação e realidade permanente de todos nós. Já precisei dizer tchau para algumas pessoas que gostaria de manter pra sempre comigo, mesmo tendo as conhecido em poucas semanas, e quando na verdade esse tempo parecia beeeeeem mais longo.

Escrevo esse texto de forma semi-autoral, pois nesses quase seis meses aqui pude observar diversos comportamentos, desde pessoas praticamente gritando para que alguém as note e assim poderem fazer amigos, a verdadeiros imãs, que atraem mais e mais gente muitas vezes baseadas no seu puro carisma. No final, nós intercambistas estamos todos no mesmo barco: procurando algo e alguém pra se apegar, inseridos em uma realidade diferente da que vivemos durante toda uma vida. E talvez isso nos faça ser tão próximos.

Sempre fui uma pessoa que prezou mais por qualidade do que por quantidade de amigos, mas garanto que em um intercâmbio você pode levar essa máxima em qualquer extremo, e vai ser possível. Mas mais do que isso, muita gente diz que o intercâmbio é um dos melhores momentos pra se autoconhecer. Os momentos de perrengue e muitas vezes de solidão vão fatalmente te amadurecer. Mas as pessoas de inúmeras culturas, comportamentos e modos de ver a vida estarão sempre disponíveis (afinal gente diferente da gente tem em todo lugar, né).

A experiência do intercâmbio é única e individual. Talvez pelo meu excesso de auto-conhecimento, é até arriscado dizer que isso é alcançável né? eu acabei experimentando no meu intercâmbio algo um pouco diferente disso: tenho aprendido a conhecer e entender pessoas. Tenho praticado diariamente o exercício de entender que elas não precisam ser iguais a mim, e que a graça da vida está aí.

Tinha faltado meu avatar, agora não falta mais! XD

Como já citei inúmeras vezes, meu maior contato aqui são com amigos de outras nacionalidades (o que potencialmente só aumentaria os contrastes), mas me sinto sortudo. Ainda que às vezes isso seja meio estranho (já que meu contato com nativos aqui é ainda bem pequeno, e algo do que de certa forma me arrependo porque faz meu intercâmbio soar um pouquinho incompleto) penso que ter a oportunidade de conhecer gente de tanto lugar diferente é algo fantástico! Nesses quase seis meses tive contato real com pessoas de quase 30 países aqui! (1: sim, eu contei me julguem! e 2: um BEIJO pra você do Brasil que acha que eu estou na "roça" da Irlanda).

Talvez possa soar meio esnobe o fato de que não tenha nenhum amigo brasileiro realmente próximo aqui (o que não quer dizer que não tenha nenhum, muito pelo contrário), mas acho que tive a sorte de encontrar uma turma com pessoas que, independente da nacionalidade, se complementam de uma forma muito legal. E o interessante é que isso simplesmente aconteceu. Não os "escolhi" como amigos em detrimento de ninguém, já nesses momentos a dona afinidade sempre fala mais alto.

Com meus amigos dividi momentos únicos e que com certeza levaremos pra toda vida. Sabemos que nosso convívio diário possui a incômoda contagem regressiva (que pode se acentuar ainda mais caso eu encontre um emprego aqui, por exemplo). Mas enquanto isso, com o perdão do imenso cliché, vamos vivendo e aproveitando esse dúbio momento chamado presente. Um viva à amizade!


PS: Mesmo me achando eternamente "não-fotogênico", fica aí uma galeria pra ilustrar um pouco das pessoas fantásticas que conheci aqui até então.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A turma do barulho! - Parte 4



Encerrando a semana de entrevistas afinal essa é minha turma e não a escola inteira, quem aparece por aqui hoje é a Boreum. Sim, dessa vez é uma coreana que não tem nome em inglês! Boreum é a responsável por ouvir e criticar todas as minhas piadas infames. Somos bastante próximos (minha housemate já perguntou se somos namorados. E não, não somos!), e brincamos um com o outro o tempo todo. Ela muitas vezes tem um ar meio pessimista e pra baixo (como talvez tenha parecido nessa entrevista), mas não se deixe enganar, ela é uma ótima pessoa, amável e super agradável. Tanto é que já começamos a conversa assim:

-Você me promete não usar isso? (pergunto "O que? O áudio?") Minha voz. MINHA VOZ (se aproximando do meu celular que gravou a conversa). E não, eu não usei sua voz, Boreum, hehe.



Quem é você?

Eu sou da Coréia, e meu nome é Boreum Kim (soa como Bórúm, mas o anasalado do "m" é diferente do nosso e não da pra explicar só escrevendo). E... eu tenho 23 anos. E... eu sou estudante... (pedi pra ela parar por aí porque isso fazia parte da outra pergunta).


De onde você é (cidade e país)?

Gyeonggi-do (algo como kiônguidô), Coréia. (Eu disse a ela que não precisava responder como um robô).

(Perguntei se era uma cidade grande). Sim, é grande. É maior do que Seoul, a capital. (Questiono se em extensão ou quantidade de pessoas). Ambos, talvez... Não, só em extensão.


O que você faz?

Eu sou estudante, estudante universitária, e eu estudo Ecologia Humana (espero que essa seja a tradução correta de novo, porque não conheço). Em particular sobre crianças e famílias.

(Pergunto se com isso ela aprender a como lidar com eles). Sim, especialmente o desenvolvimento da criança e da família também. (Questiono também qual tipo de carreira uma pessoa pode ter estudando esse curso). Eu posso trabalhar em jardins de infância, e... eu posso trabalhar em conselhos tutelares, assistência social, coisas do tipo.

Eu estou estudando lá, e quase terminando o curso. Eu ainda tenho mais um semestre.


O que você acha da Irlanda e de Galway em geral? Você consideraria morar aqui? Por quê?

Não, claro que não... É tudo pequeno, tudo. Não apenas pela extensão, mas economia, eu creio que seja menor do que meu país. E população também, é em uma quantidade bem menor (mesmo com um território pequeno, a Coréia possui uma das maiores densidades demográficas do mundo!). Então é muito diferente.

Eu não considero viver aqui porque é pequeno, e eu gostaria de viver em um país grande. Aqui é muito calmo, e não tem nada pra fazer.


Acha que ter vindo morar/estudar aqui valeu a pena? Por quê?

Avaliando até agora eu não sei dizer, porque eu ainda estou pensando se vale a pena ou não! Na verdade... Mas com relação a quê? Em geral? Eu preciso pensar se vale a pena! Porque claro que aqui eu posso usar inglês ao invés de coreano, e posso focar na língua. O que mais? Eu realmente não sei... Você está me deixando perturbada!

(Pergunto há quanto tempo ela está aqui). Há 5 meses.


Pôde aproveitar da curta distância entre a Irlanda e outros países europeus pra viajar? Qual foi sua melhor viagem? Pensa em viajar mais? Onde?

Sim. (modo robô de novo).
("Qual foi sua melhor viagem?"). Itália.
("Por quais países viajou?"). Itália, Aran Islands (pra quem não conhece é um conjunto de ilhas que fica a uma hora daqui de Galway. Mas obviamente disse a ela que isso não contava como país). Holanda, Alemanha, República Tcheca, mas Itália foi o melhor lugar em que eu já estive, porque eu pude aproveitar pra passar o tempo com meus amigos lá, e o país possui locais lindos, e é também um lugar com uma grande bagagem histórica, então eu me diverti visitando esse tipo de local. E o clima é ótimo.

Eu pretendo viajar mais! Pra Inglaterra, Bélgica, e Suiça! E se eu puder, eu quero viajar pra Espanha, França e... China! ("China??"). Não é na Europa né, hahaha!


Cite algo interessante sobre seu país que acha interessante dizer a estrangeiros.

No bom sentido? (Digo apenas "interessante"). No mau sentido? ("A escolha é sua"). Hum... Ah, o sistema de transporte é muito bom! Isso é interessante. Na verdade, não é interessante! Na verdade, o que eu deveria falar? Porque eu quero emigrar, e isso significa que eu não tenho boas lembranças sobre meus país, MAS, se você insiste, hahaha, se você IMPLORA... Bom, o que mais... É talvez a nossa história. Porque nós fomos invadidos várias vezes ao longo de toda nossa história (apenas para exemplificar, a Wikipédia diz, em ordem: Pela Mongólia, Japão, China e Japão de novo). Mas nós mostramos contra esses países, quero dizer, nós lutamos pela nossa liberdade, por democracia. No que se refere à história, eu acho que isso é muito interessante. Mais do que a história européia.

(Ela estava murmurando "interessante, interessante..." e quando eu passei a bola pra Yui - já que entrevistei as duas meio que ao mesmo tempo, ela gritou). Comida! Comida! Eu tenho mais uma coisa! A comida é muito interessante. Eu gosto da comida coreana! E nós temos uma grande variedade de comidas. De doce, a amargo, apimentado e até sem sabor. Sério, nós temos comida que não tem sabor de nada! (Pergunto se um "ingrediente" que eles tem chamado de bolo de arroz - que de bolo não tem nada, é um exemplo já que não tem gosto de nada MESMO). Sim, pode ser um exemplo.


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (e que eu não tenha te contado).

Boto? Boto! Golfinho rosa! Eu conhecia, e eu sei que ele vive em rios, não no oceano, e ele é rosa! E eu acho que ele não era rosa. ele era de uma cor diferente, mas mudou (não faço ideia se essa afirmação é verdadeira ou não).

Boto e... Brasil... Brasil... Ah, e a floresta, qual é o nome? Amazônia! A Amazônia está diminuindo, você entende o que quero dizer, né? Sim, pessoas estão destruindo ela. Todo mundo sabe disso. E isso é muito triste.


Cite algo que você sabe sobre o Brasil (que você não sabia e que eu te contei).

(Citei "Coelho come cenoura". Contextualizando, uma vez ela me disse que gostava de Paulo Coelho, coisa que já ouvi de várias pessoas por aqui. Daí vira e mexe ela me pergunta palavras em português, e uma vez expliquei que "rabbit" era o mesmo que o sobrenome do autor. Ela pediu uma frase de exemplo e agora repete isso pra todo brasileiro que ela conhece! O problema é que a frase é super randômica, e não diz muita coisa né, hehe).

Sim, sim, com relação a língua, eu sei falar várias frases! Posso tentar? Coelho come cenoura. "Que que foi?". Fofo. Eu quero ser sua amiga.

Além da língua, eu tenho um pouco de conhecimento sobre a política no Brasil, mas num mal sentido. E agora eu sei que eles não sabem quase nada sobre a Amazônia. É um país muito grande. E sobre questões geológicas eu ouvi bastante (acho que aqui ela quis se referir aos estados, pois diversas vezes na escola acabamos conversando sobre essas diferenças entre brasileiros).

Ah, e comida, comida! Eles usam muito leite condensado (ela exagera um pouco, mas aqui percebi que de fato muitas das nossas sobremesas têm isso como ingrediente e eles acham super doce!). Apenas pra sobremesa, mas ainda assim eles usam muito. E coco também. Eles têm um "coco doce", e é mais doce do que o coco italiano (??!!). E é um país um pouco perigoso. Na verdade, eu não sabia disso, mas você disse. Ah, e eles têm a Linha do Equador cruzando o país. E lá é muito quente. E eles tem estações opostas (por conta dos hemisférios).


Deixe um recado pra quem for ler isso.

Na verdade eu não esperava que houvesse discriminação sobre raças, mas isso ainda existe, muito, em todo lugar. E não só sobre raças, mas gênero, idade, e tudo mais. Digo isso porque imagino que seus leitores também sejam estrangeiros, ou estão fora do país. Eu só queria dizer "não julgue pelas informações simples que eles têm", como cor da pele, idade, gênero, essas coisas. E isso vale para todo ser humano. Tchau!